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Minissérie Interrompido – Sucessão de milagres (Episódio 05) - .inversivel
Interrompido – Sucessão de milagres (Episódio 05)

Interrompido – Sucessão de milagres (Episódio 05)

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Lourdes acorda zonza e perdida, ao descobrir o que houve com o Cadu entra em estado catatônico. Assim que desperta deseja ver o filho, mas antes precisa falar com o médico que lhe dá a notícia dele estar em coma.

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Após o olhar penetrante do marido, Lourdes ficou em silêncio, esquecendo até como é que respirava, o coração foi parando, a alma tentou sair pela boca; antes disso acontecer Marcos lhe tocou o braço, então ela inspirou fundo e seu olhar perdido, em direção ao doutor, desanuviou – tudo foi tão rápido que só deu pra notá-la empalidecer de choque.

Segundo o médico, devido ao estado de Cadu foi necessário induzi-lo ao coma pra se realizar a cirurgia sem complicações. Lourdes se assustou, a lembrança do filho não encaixava num quadro que exigisse tais medidas. Como desmaiara, não viu o real estado dele, mas antes dele se alterar, Marcos colocou a mão sobre a sua, entrelaçando-lhe os dedos e ela acalmou.

O doutor Pedro Gonzaga explicou que, devido à urgência, assim que Cadu chegou foi levado pra sala de operações pra uma cirurgia que durou algumas horas, ou seja, enquanto ela dormia, o filho estava na mesa de operações. Perceber isso despertou em si uma imensa necessidade de estar próxima dele.

Não foi fácil convencer uma mãe a aceitar que mesmo o filho estando mal era preciso manter distância e esperar, ela sempre fora presente, até porque Cadu a tinha como confidente. Depois do médico insistir que o melhor era retornaram no dia seguinte porque o garoto estava sob efeito de sedativo e precisava repousar, ela se deu por vencida e aceitou voltar pra casa. O fim do efeito do ansiolítico somado ao desgaste daquele dia a drenou por completo, lhe fazendo desejar nada além que cair na cama.

“Quando se descobre a causa das sensações mais profundas, capazes de trazer paz e segurança, não há porque adiar a felicidade.”

— Querida, o Fábio avisou que a imprensa tá em peso na frente de casa.

— Ai, neguinho! Não tô podendo com isso, a gente pode não voltar pra lá? – Mesmo Marcos só conseguindo descansar direito na própria casa, vendo os olhos pidões da esposa não teve como lhe negar o pedido, então se hospedaram num hotel, perto dali.

A decisão a tranquilizou, tudo que ela precisava naquele momento era sossego e o fato de estar a poucos metros do hospital também contou, isso facilitava pra vê-lo. Bastou deitar, pro sono pegar os dois de jeito, Marcos se quer lembrou de sua dificuldade e o cansaço era tanto que teria dormido direto, mas os sussurros de vibrantes “esses” da esposa, o despertaram de madrugada; abrindo os olhos ele a viu de joelhos, encostada na cama.

— Pai, hoje entendi que não tenho controle sobre as coisas, na verdade, nunca tive, apenas pensava poder algo, mas tenho o governo de absolutamente nada, Tu és quem pode tudo. O Senhor sabe a importância de um filho e o que é querer seu bem acima de tudo [João 3.16], mas sei que podes fazer muito mais do que eu até consigo imaginar [Efésios 3.20], e que tuas intenções são sempre as melhores [Jeremias 29.11], por isso, cuida do meu Cadu, ele é importante demais pra gente, é nosso maior orgulho, nos permita ver ele sorrir de novo…

Isso foi tudo que Marcos ouviu antes de fechar os olhos, com o sono ainda pesando, bastou fazer isso pro som diluir até ser tornar sussurro outra vez, daí o silêncio dominou e ele foi inundado de conforto. Ele teria dormido mais, a ponto de perder o horário do serviço, mas antes das cinco, Lourdes lhe chama. Nem eles tomaram café, só foram pra ducha tirar o cansaço do dia anterior, já que não conseguiram fazer mais nada após encostar na cama noite passada.

“Há mais verdade num abraço do que palavras podem dizer.”

Chegando no hospital foram notificados que seria preciso aguardar até o médico falar com eles. Desconfiada que havia acontecido algo, Lourdes perguntou se estava tudo bem Cadu, mas a recepcionista disse ser esse o procedimento padrão.

— Que procedimento, o quê!? Quero ver meu filho! – Ela se alterou, começando a se desesperar.

— Peço desculpas, dona Lourdes! Apenas aguarde mais um pouco, o doutor já está chegando. – A recepcionista Alice foi tão gentil e pareceu sentir pesar por não os deixar entrar que Lourdes acalmou.

Porém, cada sem o médico aparecer, aumentava o nível de ansiedade, a deixando mais apreensiva. No instante que viu o doutor Pedro Gonzaga, ela correu em sua direção, atencioso, ele os conduziu até sua sala. O médico costumava chegar antes do horário de seu plantão, pra relaxar um pouco, tomar um café e iniciar o trabalho após esse ritual, mas nesse dia a impressão foi que se atrasara.

Aflita, Lourdes quis saber o que acontecera ao filho já que ainda não podiam vê-lo, como resposta o médico disse que o quadro dele estabilizara mais rápido que o esperado e não havia mais hemorragia, algo fora do comum considerando as condições em que chegou.

A afirmação do médico fez Lourdes sorrir dizendo se tratar de um milagre, que a vida de Cadu era uma sucessão de milagres e fora assim antes dele nascer. Doutor Pedro Gonzaga assentiu, permanecendo sério, dado as ciências, acreditava que a natureza era regida por leis naturais inexoráveis, não pelo desejo de uma deidade ou alguém.

Porém, por melhor neurocirurgião que fosse e contando com uma excelente equipe técnica, além dos melhores equipamentos, algumas situações que lhe fugiam da dedicação e compreensão, levantando questões as quais não possuía respostas, como o caso de Cadu – durante toda cirurgia onde ele pareceu ser assistido e guiado por uma força superior.

A feição do médico deixou clara sua dificuldade de crer em suas palavras, mas ela sabia como ninguém o quanto Cadu era um verdadeiro milagre.

Marcos e Lourdes começaram a namorar cedo, mas estavam tão apaixonados que bastaram alguns meses pra decidirem casar. No dia marcado, ela sonhou que um ser maligno fazia vários buracos em seu coração com um tridente e toda vez que isso acontecia um anjo tampava as brechas com sangue.

Assustada

Ela acordou impressionada com a vivacidade do sonho, sem o compreender direito e devido aos preparativos, acabou por esquecê-lo. Como tudo foi realidade as pressas a cerimônia foi simples, mas eles estavam tão felizes que nem isso impediu daquele ser o melhor momento de suas vidas.

A decoração, comes e bebes ficou a cargo dos familiares e amigos, que também deram os móveis e eletrodomésticos, o pai de Lourdes cedeu um espaço no quintal e ajudou a construir o cantinho deles. Pra lua de mel o pastor que realizou a cerimônia, e amigo do casal, cedeu sua casa em Ubatuba pra eles.

Os parentes e amigos eram só elogio pro casal, ambos jovens e com amar demais um pelo outro. No começo a pressa no enlace causou apreensão, alguns chegaram a suspeitar de Lourdes estar grávida, mas o tempo mostrou apenas terem percebido, antes de todos, que um havia nascido pro outro – quando se descobre a causa das sensações mais profundas, capazes de trazer paz e segurança, não há porque adiar a felicidade.

Atencioso, Marcos enchia a esposa de presentes, eles saíam e faziam tudo juntinhos. O que ninguém de fora sabia é que uma amargura tomava Lourdes a levando aos prantos, quando por perto Marcos a aconchegava nos braços, mesmo quando nada podia falar – há mais verdade num abraço do que palavras podem dizer.

Apesar de apegada a família, quando casou, Lourdes não considerava ter filhos tão cedo, porque pretendia aproveitar a vida a dois, já Marcos tinha pressa em gerar uma prole. Só que os meses passaram sem o empreendimento render frutos, a princípio, ela ficou aliviada, após algumas tentativas frustradas, decidiu passar no ginecologista.

Então veio a constatação de que um cisto, apesar de pequeno, a impedia de ter filhos naturalmente, seria necessário um tratamento pra tornar as condições propícias pra uma inseminação artificial, ainda assim, não era certeza do útero segurar toda gestação.

Mesmo não ligado pra ter filhos e por estar casada a pouco tempo, o fato da opção lhe ser tirada a arrasou porque podia não realizar o maior sonho do marido. Ainda que Marcos não lhe atribuísse culpa ou a julgasse, antes procurou tratá-la com mais amor e carinho – sendo melhor que dez filhos – ela se sentia defeituosa.

O esposo insistiu pra seguir a orientação médica, mas ela recusou, alegando medo de não dar certo, os custos elevados. Ele argumentou que ambos ganhavam bem e ainda possuíam a reserva que vinham juntando, nem assim ela aceitou. Foi quando participou de um retiro da igreja, onde os momentos agradáveis a fizeram esquecer de sua tristeza.

Durante a oração, um homem simples se aproximou e disse que ela daria à luz a um garoto, de cabelo liso e escuro, aquilo foi tão inesperado que ela apenas assentiu, daí ele se afastou sumindo na multidão. Lourdes ficou sem saber como reagir, seu desejo era um filho com a forma descrita, mas não comentara isso nem mesmo com o marido, apenas o disse a D-s em pensamento; ao retornar, comunicou a decisão de fazer o tratamento, a reação de Marcos foi pegá-la nos braços e a jogar pra cima.

Cada tentativa cumpria a previsão do médico com abortos espontâneos a arrancar força uma parte de si. Buscando evitar seu sofrimento, Marcos sugeriu adotar uma criança, haviam tantas precisando de algo ao qual tinham de sobra: amor. Apegada a promessa de ser mãe biológica que lhe permitiria dar essa alegria ao esposo, preferiu prosseguir.

Ao receber uma ótima proposta que lhe exigiria mais tempo e dedicação no serviço, optou por interromper o tratamento. Meses depois, Lourdes começou a sentir enjoos, os colegas lhe disseram estar grávida, ela desacreditou até porque nem inseminação fizera, devido à insistência comprou um teste de farmácia e o resultado positivo a fez marcar uma consulta pra desfazer o engano; o que conseguiu foi deixar o médico impressionado.

— Lourdes, você tá grávida! E não é só isso: essa é sua décima terceira semana de gestação. – Ele esclareceu rindo.

Daí foi ela quem se espantou, três meses era o tempo exato que parara o tratamento e pra comemorar o casal teve uma noite especial. Apesar da sincronia, preferiu guardar esse fato apenas pra si mesma.

— Então já dá pra saber o sexo dele, doutor?

— Sim, Lourdes, é um garoto! – O médico sorriu, mostrando o ultrassom. – Você não percebeu nada antes?

— Não, só nas últimas semanas que senti uns enjoos.

O que mais deixou o doutor Alexandre boquiaberto é que os últimos exames mostravam que o cisto continuava no mesmo lugar, sem diminuir um milímetro se quer, o que tornava a gravidez de Lourdes improvável, mesmo assim ela seguia com uma gestação saudável.

Quando o maridão soube esperarem um bebê, ainda por cima um garoto, mal coube em si, familiares e amigos vibraram, todos sabiam quanto aquela criança era desejada. Já Lourdes preferiu esperar pra se apropriar da felicidade que nela tomava forma. Mas os meses passaram com o pré-natal mostrando uma gestação saudável, ainda assim, Lourdes evitou se apegar ao bebê, temendo sofrer outro aborto.

— Não precisa se preocupar. – O doutor Alexandre leu os pensamentos impressos em seu rosto. – Seu bebê tem coração forte. Um coração de Tiago!

No caminho de volta, Lourdes confessou à D-s a apreensão que a perturbava [1 Pedro 5.7] e pediu pra ser cheia de amor [1 João 4.18], porque queria se alegrar pelo milagre sendo gerado em si e pelo qual era imensamente grata.

— Como gratidão, Senhor, meu filho será teu! – As últimas palavras foram ditas na frente de casa e bastou encerrar a conversa pro coração transbordar paz.

Assim que chegou, Marcos foi recebido por uma esposa radiante que o puxou pra decidirem o nome do bebê, vê-la o convidar pra algo que dissera fazer apenas após o bebê nascer o deixou tão extasiado que ele até esqueceu a fome que lhe vinha devorando o estômago e mesmo após um dia de trampo puxado ainda teve disposição pra ficar até de madrugada decidindo o nome do rebento.

Era tarde quando chegaram a um consenso, a criança se chamaria Carlos Eduardo Mendes, enquanto o primeiro nome demonstrava a força que ele tinha, significando “guerreiro”, o segundo, cujo significado era “protetor das riquezas”, se evidenciou mais tarde, já que Cadu era dado as artes, guardando uma importante riqueza em si – um talento que o tornava admirável.

Conforme se aproximava o nascimento de Cadu, Alexandre Medeiros perguntou como ela preferia o parto, sem pestanejar, Lourdes disse optar pela cesária. O médico falou poderem ver isso, mas o melhor seria o parto normal ao qual ela podia escolher entre parto natural, de lótus, domiciliar, na água ou de cócoras.

— O importante é planejar bem pra não acontecer um parto desassistido. – Doutor Alexandre Medeiros frisou.

Segundo ele, além da recuperação durar menos tempo o bebê poderia ir pra seus braços dela e ser amamentado logo que nascesse, a criança teria menos chance de desenvolver problemas respiratórios e ainda iria adquirir importantes bactérias pro fortalecimento do sistema imunológico.

A gestação seguiu sem complicação, só a idade gestacional que excedeu em duas semanas, Cadu não queria abandonar o lugar confortável e seguro que estava. O único problema é que de última hora o parto, previsto pra ser natural, precisou ser alterado pra cesária porque o bebê mudou pra uma posição complicada, mas o médico garantiu que seria um parto humanizado.

Ouvir aquilo foi um tremendo alívio pra Lourdes, ela orara bastante pra dar à luz por cesária; como sua mãe tivera filhos demais, todos naturais, deu pra ver o quanto isso era doloroso e cansativo, portanto ela não podia ter recebido notícia naquela manhã.

— Buáá! Buá! Buá! – Quando o choro do bebê tomou a sala de operações, o coração de Lourdes transbordou de amor, de uma maneira tão profunda a qual nunca imaginou ser possível experimentar, enquanto era invadida por uma sensação de conexão indescritível.

Marcos, mal conseguia filmar o parto sem tremer – ainda bem que a câmera tinha estabilização de imagem. Ao ver o marido chorar, ela teve certeza do quanto estavam conectados a ponto de compartilharem do mesmo sentimento. E se tudo foi incrível, se tornou sublime quando pegou o filho nos braços, havia um propósito maior pra própria existência que transbordou num ser pequeno e indefeso.

Meio ruim

Cadu cresceu com uma saúde frágil e era comum a bronquite o deixar de cama. Por conta disso, Lourdes largou o serviço, como era uma excelente profissional não os donos não quiseram perdê-la, como disso dependia a higidez do filho ela não pensou nem meia vez mesmo recebendo propostas bem generosas.

Nem assim o garoto melhorou, ficando cada vez mais debilitado, pra piorar ainda pegou pneumonia. Na segunda vez, precisou ficar em observação por horas, segundo a noção infantil de tempo de Cadu o suplício durou dias, por isso chorou muito, reclamando de dor nas costas e pescoço, causados por ficar tempo demais na mesma posição. Ao retornarem, seu pai a aguardava, foi bater os olhos no garoto, magrelo e pálido, e ele disse que o neto não ia se criar.

— Esse menino vive doente e dessa vez tá pior. – O aviso serviu de alerta. Quando o pai saiu ela dobrou os joelhos e, falando face a face com D-s, suplicou pela cura do filho, caso isso acontecesse pagaria com louvor [Salmos 150.6] pelo resto de seus dias.

Cadu se curou, como resultado, cresceu ouvindo a mãe cantarolando pela casa [Eclesiastes 5.4] e mesmo antes de entender o motivo, ouvi-la cantar lhe dava paz. Isso, somado a capacidade incrível da mãe contar histórias, dando vida própria aos personagens, fez sua veia artística sobressaltar.

Sem trabalho, Lourdes acabou se reunindo mais vezes com as amigas e irmãs da igreja, onde seus doces e salgados faziam sucesso, foi quando perguntaram quanto ela cobrava pra fazer um bolo e algumas guloseimas pra um aniversário, a partir daí começou a cozinhar pra fora e não parou mais.

Entretanto, Cadu esteve a beira da morte outras vezes e como uma verdadeiro milagre escapou dos maiores perigos. Ele pegou escarlatina tão forte que a pele das mãos e pés caíram, chegou a se afogar da primeira vez que foi na praia com os amigos sendo resgatado a tempo, foi parar debaixo de um carro e saiu ileso, fora as quedas e cortes, resultantes de sua inquietação.

— O Cadu já tá mesmo melhor? – Lourdes quis saber, encerrando o flashback. – Apesar do médico assentir, ele pareceu esconder algo que precisou insistir até saber a real.

— O Cadu tá bem agora, mas é provável que fique tetraplégico.

Além da violência que o lançou longe, o carro ainda passou por cima de Cadu, resultando em fraturas nos ossos e lesões que atingiram a medula espinhal, no nível da coluna cervical, prejudicando a comunicação do sistema nervoso com os membros e por estar todo quebrado e com hemorragia interna foi necessário induzi-lo ao coma.

— Há uma grande chance dele perder os movimentos, mas não se preocupe, temos os melhores especialistas pra ajudar na reabilitação completa dele.

— Não acredito que você mentiu pra mim, Antônio Marcos Mendes! – Lourdes berrou, já vermelha. Tão desapontada estava pelo marido esconder quão crítico era o estado do filho que nem chegou a ouvir a última fala do médico.


#proximoepisodio

A decepção de Lourdes põe em cheque sua confiança no marido e ela pensa em acabar com tudo. Após ouvir coisas assustadoras sobre a condição do filho, ela consegue vê-lo, só não entende porque a levaram ao quarto errado.

Conheça a história com acontecimentos inéditos e um episódio extra!

Ósculos e amplexos,

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