Fragrante – Desfazendo-se em beijos (Episódio 08)
Mishael Mendes/ Inversível

Fragrante – Desfazendo-se em beijos (Episódio 08)

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Jennie resolveu acompanhar o irmão ao curso e teve um encontro inesperado, ela até disfarçou e tentou fugir, mas o garoto achou uma forma de ficarem bem próximos.

Durante as conversas, um sentimento serviu de prenúncio de que coisas boas estavam por vir. De fato, a amizade levou a uma intimidade que só cresceu a cada troca de mensagem, então ela recebe uma proposta – que só aumenta a bagunça em sua cabeça, fazendo-a passar a madrugada revirando na cama, sem poder dormir.

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Estava quase na hora de encontrar Simey e Jennie nem tinha ligado ainda pra amiga, apesar de ter passado a madrugada sem dormir, só conseguiu decidir após pensar bastante e ainda por cima demorou tentando achar a roupa ideal.

— Mãeeeeeê, tô saindo, beijo-não-me-liga!

— Onde você vai apressada assim, Jennie?

— Levar a Vee pra dar umas voltas, mais tarde tô de volta.

— Tá bem, só toma cuidado!

Foi difícil decidir o que vestir e no fim acabou desistindo do monte de looks que fez pra ficar com o mais simples, afinal, foi assim que Simey a viu das outras vezes, assim ia ser estranho se ela aparecesse toda montada.

Ela só saiu porque o relógio avisou que já era tarde, assim largou tudo jogado, o nervosismo de que pudesse rolar algo – mesmo sem qualquer indicativo disso – a fez esquecer total de falar com Vee. Só foi lembrar quando chegou no ponto, assim ligou, pois, não queria aparecer só, quando Vee atendeu ela contou por cima que Simey tinha reaparecido e que ia à casa dele e a convidou pra conhecer o crush.

— Sabia que cê tava escondendo algo!

— Não é bem isso… só queria ter certeza se ia dar em alguma coisa.

— Sei… mas vô não.

— Sério? – Jennie ficou bolada, pois, em sua cabeça já estava tudo esquematizado.

— Tô ocupada ajudando a mãe. Por que cê não disse antes?

“E dava? Fiquei sabendo ontem.” – Jennie decidia se falava o que pensava, mas a amiga foi mais rápida.

— Bom… cê lembra do que te disse, né!?

— Lembro, mas ele é diferente e…

— Miga, só vai com calma pra cê não dar ruim depois. – Vee a interrompeu antes dela exaltar o boy.

— Fica sussa, conversei bastante antes com ele.

— Se você diz.

— Cê não vai mesmo?

— Infelizmente, não.

— Tá, o ônibus tá vindo, tchau!

— Tchau!

“Existem coisas que devem permanecer apenas como ideais, sem nunca se concretizar, pois consegui-las é o mesmo que desejar mais dor e tristeza, além do que já nos está destinadas.”

Chateada, em parte porque a amiga não ia, a outra era por notar o pessimismo e uma ponta de inveja na voz de Vee, mas Jennie foi assim mesmo – tremendo mais que vara verde – pra provar que a amiga estava errada e também porque já tinha combinado de ir, embora as borboletas no estômago estivessem bem agitadas por ter de ir só.

Bastou alguns minutos chamando na frente da casa de Simey pra ter um déjà-vu, já que ninguém atendia, na verdade, nunca parecia ter ninguém naquela casa, até que uma mulher elegante apareceu e disse que ele tinha saído, Jennie agradeceu e saiu insatisfeita, mas como não queria perder a viagem e voltar tão rápido pra casa, resolveu ficar andando até o crush chegar.

O bairro tinha árvores espalhadas pelos canteiros, ruas e calçadas, assim deu pra tirar várias fotos, o tempo bom deu disposição pra caminhar, até o sol começar a arder, fazendo Jennie sentir sede, alguns passos a frente ela avistou uma sorveteria.

Ela mal entrou e já foi pegando uma imensa bandeja que encheu de cupuaçu, açaí e salada de frutas, o atendente achou um pouco exagerado pro tamanho dela, mas ela replicou que amava aquilo, além de estar morrendo de calor e essa foi a deixa pro assunto desenrolar.

Jennie logo gostou de Charles Lachowski – Chuck pros íntimos – que, além de gatinho, era um fofo, atencioso e engraçado – mas ela ainda preferia Simey – e entre conversas acabou descobrindo que ele conhecia o crush, como o movimento estava parado eles ficaram trocando ideia, mas apesar do papo bom, ela tinha ido lá pra outra coisa.

— Ai, Chuck, amei te conhecer, mas tenho que ir.

— Ahhh, já!?

— É que tinha marcado com o Simey, então preciso voltar, só não sei se ele já chegou.

— Por que cê não manda mensagem?

— É que não tô sem o número dele. – Jennie ficou sem jeito.

— Quer que pergunte se ele já chegou?

— Sim, sim, por favor!

Tão logo veio a resposta afirmativa, Jennie se despediu e minutos depois avistava Simey esperando-a na frente da casa, onde foi recebida com um forte e confortável abraço. Assim que o abraço terminou, Simey ficou parado, apenas olhando como ela estava linda, de blusinha branca com um laço, saia de prega amarela e tênis azul bebê.

— Bora entrar?

— Sim.

Jennie respirou aliviada, ela já estava ficando sem graça dele só ficar parado, encarando-a.

— Foi mal não esperar é que meu parça me chamou pra acompanhar ele e como cê não tinha confirmado, pensei que não fosse aparecer. Daí quando vi sua mensagem, já tava longe.

— Tudo bem, eu que não disse nada antes.

— Cê ficou chateada pelo jeito que te tratei da vez que veio aqui? – Simey perguntou quando foram pra cozinha, logo após apresentar a casa.

— Ah… já foi, mas já que cê tocou no assunto, por que me ignorou?

— Nunca ia te ignorar! É que tenho astigmatismo e como tava sem lente não enxergo bem de perto.

— Por que cê não disse antes?

— Eu ia dizer, mas, sei lá…

— Quando te vi no curso pensei que tivesse de óculos só pra fazer estilo.

— Nada! Dá só uma olhada.

— Credo, que troço forte! – Jennie berrou e devolveu os óculos de imediato, fazendo Simey rir.

Tinha jeito não, Simey era ainda mais encantador de perto, ainda mais porque não parava de fazer graça, até que a convidou pra jogar “Need for Speed”. Os dois se empolgaram no Xbox, até que, cansado de perder pra Jennie, ele disse que já estava bom de jogo.

Jogando bem

— Cê manda bem pakas! Como aprendeu jogar assim?

— Com meu irmão. Ele e os amigos sempre ficam lá em casa jogando.

Simey ofereceu drops e eles conversaram mais um pouco, enquanto faziam dobraduras com papel das balas, até Jennie dizer que estava ficando tarde e que precisava ir, Simey a acompanhou até a porta e foi só abri-la pra Jennie o abraçar, despedindo-se.

Para ser sincero é que ela não tinha pressa de voltar, só queria mesmo ter uma desculpa pra sentir o corpo dele bem junto ao seu e valeu a pena, foi só ele a envolver em nos braços praquela descarga gostosa, que sentiu quando ele a puxou pra tirar a foto, passar por todo corpo e, antes das faíscas começarem a sair, ela se afastou.

— Onde cê vai? – Simey segurou-lhe o braço.

— Embora? – Jennie ficou sem entender.

— E como cê vai?

— De coletivo, o ponto é perto daqui.

— Peraí que te levo. – Ele piscou, deixando-a totalmente sem graça.

Assim, Simey desapareceu atrás da porta fechada, Jennie só olhou e ficou esperando, até começar a ficar impaciente pela demora, nisso encosta do lado dela uma BMW K 1600 GTL, o cara a chamou pra subir e ela se afastou assustada.

— Bora? – Simey tirou o capacete e lhe entregou outro.

— Precisa não, o ponto é logo ali. – Jennie deu um sorriso amarelo.

— Sobe logo! – Mas ela continuou imóvel. – Que foi?

— Tenho medo de moto. – Jennie não sabia se ficava sem graça pelo medo ou pelo convite, apesar de estar doida pra subir naquela máquina.

— Bora, não vô te deixar cair. – Ele estendeu a mão, sorrindo de um jeito que a fez esquecer até o porquê de ainda não ter subido na moto.

Sem precisar de mais nenhuma palavra, Jennie montou a BMW, mas ficou perdida por não achar onde segurar, Simey riu e disse pra agarrar nele e foi exatamente o que ela fez, abraçou a cintura dele bem firme e Simey saiu voando.

— Siiimeeey! – Jennie gritou.

— Que foi?

— Cê passou o ponto.

— Tô ligado, mas vâmo andar mais um pouco! Pra onde eu vô agora?

— Direita e segue reto.

Assim Jennie foi dando as coordenadas, com a cabeça por cima do ombro de Simey e bem agarradinha nele. De moto eles chegaram rapidinho, até pareceu que não era tão longe.

“Por isso a geral gosta tanto de moto.” – Jennie refletiu.

— A gente chegou, pode parar! – Ela disse afobada, distraída, quase passou do lugar.

Simey parou assim que passou de um terreno onde havia uma imensa igreja de estilo moderno e uma quadra de futebol, na esquina que cruzava a avenida, onde iniciava uma ladeira.

— Pronto, precisa desesperar não. – Simey tirou o capacete e riu.

— Obrigada! – Jennie o abraçou, mas apesar dele ter sido carinhoso, quando a soltou ficou olhando sério. – Que foi? – Ela ficou sem graça.

— Quero um beijo. – Pediu ele.

— Pronto! – Sem saber direito o que fazer, Jennie lhe beijou o rosto.

— Assim não vale, não é desse que tô falando. – Rebateu ele, sorrindo.

Isso deixou Jennie estática, totalmente sem reação, mas foi ele se aproximar que logo ela se recuperou, assim rolou o primeiro e tão esperado beijo. No começo foi meio desajeitado, já que cada um beijava de um jeito, mas nada como uns segundos a mais pra resolver o compasso.

O que ela sentiu na hora foi algo tão bom que mesmo que tentasse não ia ter como explicar – além do que tentar fazer isso com adjetivos ia apenas empobrecer o momento e as sensações, mas uma coisa é certa, foi bom demais, mesmo com todo nervosismo rolando.

Eles já tinham desligado de tudo, nisso tocou uma música que os fez se afastar na mesma hora.

— Essa música! – Os dois disseram ao mesmo tempo, procurando de onde vinha o som.

Jennie olhou surpresa pra Simey.

— Então cê ouviu?

— Sim. Quando fui ver se você era cê mesma, vi uma mensagem sua, então assisti o vídeo e achei chave. – Simey parecia sem jeito ao admitir isso.

Jennie não sabia nem mais o que dizer ao saber que o crush tinha ouvido a música e pior, gostado, ainda mais depois daquele beijo.

— Posso confessar uma coisa?

— Sim. – Jennie ainda estava entre o êxtase e o embaraço.

— Sabe quando te abracei na praça.

— Sei.

— Minha vontade foi te beijar ali mesmo, mas não podia fazer isso na frente dos meus alunos.

Jennie apenas sorriu, como quem diz “Eu não teria me importado”.

— Bom, preciso vazar, mas antes me passa seu número ou ele também tá quebrado? – Simey mostrou o iPhone, sem graça Jennie pegou, adicionou seu número e o devolveu, nisso ele aproveitou pra trazê-la pra perto de si, beijando-a novamente e esse beijo terminou num abraço, com gosto de quero mais.

Simey logo sumiu na BMW e Jennie começou a subir a ladeira, sorrindo de uma forma que só tinha feito ao ter o sol tocando-lhe a pele e tão feliz estava que nem viu o buraco na rua, assim acabou levando um belo tombo, mas do jeito que tava nem chegou a sentir dor, apesar de sair mancando e olhando pra todos os lados pra ver se ninguém a tinha visto.

— Ufa! Ainda bem que não tem ninguém à toa aqui.


#proximoepisodio

Quanto tempo dura a felicidade?

Apesar de beijar Simey ter sido tão bom, a ponto de Jennie não conseguir descrever a sensação sentida com todas suas nuances, ela descobrirá que a felicidade não dura mais que algumas semanas – antes tivesse aproveitado mais ou talvez devesse ter seguido o conselho de Vee.

Assim, ela vai perceber que a gente não pode ter tudo que deseja, existem coisas que devem permanecer apenas como ideais, sem nunca se concretizar, pois consegui-las é o mesmo que desejar mais dor e tristeza, além do que já nos está destinada. Mas mesmo em meio a dor, um sol, de sobrenome Cochon, chegou pra regar Jennie com carinho e felicidade.

Ósculos e amplexos,

Mishael Mendes Assinatura
Mishael Mendes
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