Fragrante – Culpa da flor que caiu (Episódio 12)
Mishael Mendes/ Inversível

Fragrante – Culpa da flor que caiu (Episódio 12)

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Desde que Jennie descobriu quão profundo é o amor e ainda maior a dor que ele pode causar, muita coisa aconteceu e tudo – sendo bom ou mal – contribuiu pra se tornar mais forte e gostar ainda mais de si mesma, sem precisar constantemente de aprovação.

Ela começou a namorar Luke, um garoto legal que mantinha seus pensamentos e atenção ocupados. Apesar de não gostar dele, se esforçava pra deixar o sentimento surgir, mas quando isso acontece o destino lhe dá maior bolada na cara, mas se ela achou que as coisas iam começar a descomplicar, Simey surge novamente e enquanto tentava fugir ela é reconhecida.

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O olhar de Simey achou o de Jennie, os lábios balbuciaram algo do qual nem ele mesmo compreendeu o que foi dito, a atenção estava todinha na luz daqueles brilhantes e grandes olhos que foram dissipando as trevas do esquecimento até ser dia perfeito, clareando-lhe a mente, então os borrões que antes eram apenas incomodo definiram, tomando forma, nesse instante ele entendeu tudo e sentiu um violento desejo de a tomar nos braços.

Quando Jennie começou sentir sair faíscas da mão debaixo da de Simey, levantou assustada, disposta a deixar tudo aquilo trancado no passado.

— Peraê! – Simey levantou-se a tempo de segurá-la pelo braço.

Ao virar pra trás, foi como se tivesse se deparado com dois brilhantes faróis, a luz que saltava daqueles olhos a fizeram ficar presa ao chão e eles se olharam pelo instante que pareceu durar a eternidade, foi como se, ao redor deles o tempo tivesse distorcido todo resto – afinal, tempo é ilusão que só deixa marcas em quem erra o caminho do paraíso.

Dois polos – um positivo e outro negativo – haviam se encontrado, Simey com seu jeito forte e impenetrável e Jennie com toda a delicadeza e força de mulher.

Quando Simey se deu conta, ambos estavam unidos, mas não soube qual dos dois tomou a atitude. O que houve é que, impulsionados por um imenso desejo, os polos se encontraram num abraço, os corpos se atraíram e agora mantinham-se unidos pelo calor que só aumentou.

Jennie não se conteve e desaguou nos braços dele. Já Simey mal sabia como reagir ao ser tomado pela emoção de revê-la mais linda que a lembrança guardada, ainda garota, mas tão mulher – se não fosse pelos os óculos cair, dificilmente a teria reconhecido.

“Tempo é ilusão que só deixa marcas em quem erra o caminho do paraíso.”

Tudo que ele desejou fazer naquele instante, enquanto ela buscava refúgio em seus braços, foi beijá-la, mas apesar do desejo intenso se conteve.

Jennie sentia-se completamente envolvida, queria beijá-lo, abraçá-lo e amá-lo, porém, não quis parecer abusar de um momento daqueles como desculpa pra conseguir o que queria mais que a si mesma.

Enquanto tinha Jennie nos braços, Simey experimentou uma completa confusão de sentimentos, como se separasse polaroides dos melhores momentos, embora as lembranças fossem poucas da doce garota-mulher que agora tinha junto ao corpo seu.

Num misto de surpresa, alegria, desejo e decepção – tragas pelas lembranças – Jennie apenas soluçava em seu ombro. Tocado pela poesia daquele instante ele não conseguiu fazer nada além de apertá-la com mais vigor enquanto sentia o ombro umedecer.

Ambos se abraçavam com ardor, não queriam, nem podiam separar-se, quando um apertava o outro usava segurava mais forte, assim ficaram sem conseguir se soltar, o encontro de corações emanava um calor que tornava o abraço irresistível.

A química entre os corpos só pareceu crescer e o incomedido desejo de beijar Jennie ficou mais forte, ainda se contendo, Simey passou a mão por aquelas madeixas feitas de sol. Ele podia sentir que ela desejava o mesmo, mas pela primeira vez – na vida de conquistador – hesitou, alguma coisa o fez estagnar, não podia aproveitar-se da fragilidade dela.

Apesar dos corpos faiscarem pelo contato, fósforo e enxofre – mistura inflamável que postos em diferentes locais que, ao serem friccionados com intensidade um incendeia o outro. A chama que trouxe luz aos corpos deles, despertou mais que o desejo latente, fez aflorar algo escrito na estrutura deles, armazenada na própria genética.

Enquanto rolava o abraço, Sakura começou a despejar belas e perfumadas flores, destilando sentimentos, desejos e emoções ocultadas pelo tempo. Bem que Simey percebeu certa conspiração do universo pra aquele encontro acontecer, por isso as canções foram mais profundo que a audição, tocando-lhe a alma, bem diferente dos outros dias e junto de Jennie sentiu a eternidade naquele abraço.

Ao se verem sob a chuva de flores, ambos voltaram a realidade e o tempo que tinha estacionado voltou a pulsar intensamente em seus corações e eles foram se afastaram aos poucos.

Mesmo com um espaço entre eles, Simey ainda sentia o coração de Jennie ritmando uma melodia doce no mesmo compasso do seu, enquanto o dele parecia querer romper músculos e pele, saltando diretamente nas mãos delas.

De mãos dadas os dois se colocaram a observar as flores chover, exalando um perfume ímpar. Pra Jennie mesmo com o cheiro sendo intenso não conseguia sobrepor-se ao de Simey, que agora tinha espalhado por todo corpo, após o abraçar com a alma.

Jennie olhou pra Simey e viu uma lágrima rolar pelo rosto sem marcas, mancha ou cicatriz, de uma brancura ardente, macia feito pêssego – do mesmo jeito que recordava – embora não o pudesse ver bem, já que o sol que vinha por detrás da nuca dele lhe ofuscasse os olhos.

Ao voltar o olhar pra ela, Simey a viu o encarando, aí algo mais forte os tomou e o inevitável aconteceu. Os lábios se encontraram, fazendo os corações voltar a se tocar, soando harmonicamente, e as mãos frias tocar um a pele macia do outro e em caminhos aleatórios iam desenhando o tamanho do prazer.

Começou a esfriar, Jennie não soube se fazia mais frio do lado de fora do sobretudo marrom ou no corpo, um calafrio a percorreu toda – provavelmente ambos competiam – mas o frio externo parecia exaurir total nos braços rígidos e fortes que a mantinham segura de tudo.

Eles beijaram-se, não apenas por instinto, mas amor, paixão, fogo, desejo, prazer, uma química que cresceu a ponto de nem mesmo os lances da vida os fizeram se desencontrar. Nisso pode-se ouvir palmas, mas mergulhados nas explosões de hormônios que rolavam, nem se importaram de parar pra saber do que é que se tratava.

Todo ano uma galera se reunia pra acompanhar o cair das flores da Sakura e aquele dia foi ainda mais especial, pois, puderam acompanhar o casal sob a rosácea sombra, daí quando o beijo finalmente aconteceu, foi razão suficiente pra comoção geral que os levou as palmas.

“A força do vento pode até nos arrastar pra um lugar distante, só não é capaz de levar os sentimentos abrigados no coração.”

Novamente o vento gelado soprou incomodando, mas encontrada naqueles braços e no beijo que selava uma promessa de amor eterno – pelo menos naquele sublime instante – Jennie começou a aquecer por dentro, as faces enrubesceram. Quando o beijo terminou por falta de fôlego, eles se afastaram ofegantes, Simey ficou olhando pra Jennie que manteve o olhar baixo, ainda estava assustada com a enxurrada de sentimentos, pra quem não acreditava no amor e no coração – ainda mais depois deles ficar e não poderem continuar juntos – aquilo foi um golpe forte demais pregado pelo destino.

Jennie levou a mão ao coração, sentindo-o vivo como nunca, ao erguer os olhos percebeu que Simey a observava com os lábios vermelhos entreabertos, respirando rapidamente, seus olhos se encontraram, os dela mostravam a mais pura paixão. O vento soprou lhe espalhando os cabelos soltos e, enquanto tinha o sol refletido nos olhos, a boca úmida e entreaberta suplicava por mais um beijo.

— Acho uma delícia quando você esquece os olhos nos meus. – Simey tinha a voz firme, mas suave.

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Ao ouvir essas palavras, Jennie abaixou a cabeça, Simey lhe segurou o queixo e levantou o rosto dela – que estava completamente vermelho – eles se fitaram tão profundamente que palavras se tornaram desnecessárias e se beijaram novamente. Dessa vez a sensação foi diferente, pois, já estavam íntimos, ela conhecia bem aqueles lábios carnudos, contornados de dentes brancos e língua com gosto de cereja – a melhor fruta que Jennie chegou a provar.

Eles se afastaram novamente, mas os olhos continuaram fixos um no outro, Jennie não conseguia desgrudar daquelas esferas castanhas, irresistivelmente ela passou a mão pelo cabelo liso dele – negro como a noite – escorregando-a pela pele de seu rosto, alva como nuvens de uma tarde ensolarada.

A experiência proporcionada pelo curto momento, foi algo tão especial que só falando não dá pra entender a profundidade, só provando mesmo pra saber a sensação.

— Uau… cê me pegou de jeito. – Simey sorriu o mais belo dos sorrisos.

Aquilo foi o suficiente pra fazer o corpo de Jennie estremecer e as pernas a tirar dali o mais rápido possível, enquanto as lágrimas – antes amparadas pelo trapézio de Simey – agora livres, molhavam o sobretudo, já que body e short estavam encharcados de suor devido o nervosismo.

Ela correu sem poder olhar pra trás, imóvel, Simey pediu pra esperar, enquanto ela ficava cada vez mais distante, deixando pra trás, uma delicada e cristalina trilha de gotas de dor, carregadas pelo vento, que brilhavam ao toque dos raios de sol. A força do vento pode até nos arrastar pra um lugar distante, só não é capaz de levar os sentimentos abrigados no coração.

Enquanto avançava pra longe dali, Simey permaneceu sem reação, perdido no tempo – ainda mais que de costume – nem notou a plateia curiosa ao redor. Então, simplesmente botou os fones nas orelhas e saiu andando com os passos pesando ainda mais que antes.

Enquanto Jennie sofria as dores de um amor invasivo que a tomou sem a menor educação, Simey nem sabia o que sentir, a não ser que agora tinha perdido de vez o contato com a garota de olhos grandes.

Só que a fama do beijo alcançou ainda mais expectadores que o grupo emocionado na praça. Um fotógrafo que foi registrar o sakurafubuki, narrou tudo em tempo real – com direito a fotos – pelo Twitter.

No banco, a sombra da Sakura, há uma garota solitariamente distraída
É hoje que o sakurafubuki acontece, estamos ansiosos, mas o que a garota faz só, ali?
Ela parece perdida nos pensamentos e nem notou que o chirihajime já começou
Chegou um garoto, ainda mais distraído que ela
Uma flor caiu da Sakura e ele pegou, mas não devia ter feito isso
Opa, ele se aproximou da garota. Será que eles se conhecem?
Ele disse algo e ela não ouviu, então a tocou e falou de novo, mas ela nem se moveu
O garoto a balançou, ela só levantou, pelo jeito eles não se conhecem #amoraovivo
Espera, ela derrubou algo e foi pegar, então os dois ficaram paralisados #amoraovivo
Ela levantou pra sair, mas ele a segurou e agora? #amoraovivo
Eles se abraçaram, parece que está tudo bem… #amoraovivo
É, parece que não está tão bem, acho que ele disse algo que a chateou #amoraovivo
Ela está chorando, algo coisa aconteceu, eles não param de se abraçar #amoraovivo
A garota não para de chorar, a gente não sabe se faz algo ou não #amoraovivo
Agora sim, o choro parou e de mãos dadas estão vendo as flores cair #amoraovivo
Não acredito! Algo inesperado aconteceu, eles estão se beijando #amoraovivo
Comovidos o pessoal da praça começou a comemorar #amoraovivo
Eles agora estão se olhando, ele disse algo e ela ficou com vergonha
Eita, rolou outro beijo! É amor demais mesmo #amoraovivo
Lindo! Não é sempre que a gente consegue uma cena dessas #amoraovivo

Mas minutos depois, o fotografo voltou a tuitar com certo pesar.

Era perfeito demais, a garota saiu correndo e o garoto ficou paralisado #amoraovivo
Ele balbuciou algo, mas nem ela, nem a gente entendeu, então ele se foi #amoraovivo
É, parece que deu ruim ele pegar a flor na mão #amoraovivo


#proximoepisodio

Lutando com os próprios desejos, Jennie consegue tirar força de onde nem soube e escapar dos braços e beijos irresistíveis de Simey, mas precisava conversar pra tentar botar ordem em toda aquela confusão de sentimentos, mas bastou pegar o telefone pra Vee ligar querendo vê-la com urgência.

Esse encontro vai fazê-la descobrir que seu problema estava apenas começando – não só por causa dos tuítes – mas, porque Vee, finalmente, abre o jogo e conta um segredo guardado faz tempo.

É, parece que a máscara de alguém está prestes a cair, chegou a hora de Jennie saber quem Simey realmente é – motivo pelo qual verá que deve manter distância dele.

Ósculos e amplexos,

Mishael Mendes Assinatura
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