#episodioanterior
Simey levou um tempo pra perceber que a garota que esteve em sua casa cheia de sorrisos e olhares era a mesma que encontrou na praça – a qual pagou maior madeirinha – e que o largou lá, sozinho.
Assim ligou várias vezes atrás de Jennie pra consertar tudo, mas deu ruim, até que, após várias recusas, o destino deu um empurrãozinho e ele conseguiu falar diretamente com ela, só que não teve tempo de explicar nada e eles acabaram perdendo o contato de vez. Será mesmo?
Acompanhe a minissérie » E 01 • E 02 • E 03 • E 04 • E 05 • E 06 • E 07 • E 08 • E 09 • E 10 • E 11 • E 12 • E 13 • E 14 • E 15 • Making-of
Depois da última conversa com Simey, Jennie seguiu fingindo a não existência dele, menos ainda contou pra família que tinham conversado, até porque se fizesse isso, era capaz da crucificação retornar em pleno século XXI.
Não que os pais fossem adeptos de subjugar a mulher ou tivessem um alto nível de rigidez na criação dos filhos, pelo contrário, eram bem mente aberta, principalmente Cindy que torcia na cara dura pra filha ficar com Simey, o problema estava em como reagiu ao sumiço da corrente.
O que houve foi o seguinte, no dia seguinte ao que voltou da casa do crush, ao passar a mão acima do peito, Jennie não sentiu o pingente querido, então se desesperou e revirou toda casa, como não achou, saiu culpando todo mundo pelo desaparecimento.
— Filha, não acusa que isso é feio.
— Pra quê a gente ia querer aquela coisa boba? – James desdenhou.
— Sei lá, cês podem ter pegado por engano.
— Cê tem provas?
— Não… mas vai saber. – Jennie ficou perdida. – Tá, se não foi vocês, então foi teus amigos!
— Ei, envolve meus parça no teu rolo, não!
— Como cê tem certeza que não foi eles?
— Pra que eles iam querer isso e cê nem tava aqui quando eles vieram, cabeção. – Jennie ia retrucar dizendo que apareceu, sim, mas lembrou que saiu antes de ser vista. – E nem tinha como catar, cê nunca tirava aquela coisa boba pra nada. – Ele deu um cafuné e se afastou rindo, enquanto Jennie não sabia se ficava confusa ou brava.
Só de pensar que a correntinha esteve guardada com Simey, o rosto corou, se tivesse falado logo com ele não tinha se chateado à toa, já era, pelo menos o garoto não comentou nada com Cindy, assim, se ninguém sabia, era melhor abafar o caso.
“Se soubermos como fazer as perguntas, as respostas podem ser encontradas.”
Havia um forte motivo pra deixar a história pra lá – embora não fosse fácil abdicar do objeto querido. Quando o irmão sugeriu que ela devia ter perdido ao fazer a entrega, ela afirmou que não, então ele insistiu pra saber como tinha sido lá, daí, daí sem jeito, Jennie contou o que houve.
— Vixe, foi lá mesmo que cê perdeu! Cê se empolgou com o carinha só de toalha e nem viu cair. – E ele se rachou.
— Claro que não! – Ela bateu o pé, convicta que isso era algo impossível de acontecer.
O pior é que tinha sido exatamente essa a causa do sumiço, após quebrar a cabeça reconstituindo os passos antes da portada na cara, Jennie lembrou como podia ter perdido a bendita da corrente, provavelmente foi na hora que um calor – vindo sabe lá de onde – surgiu ao ver Simey só de toalha, a obrigando se abanar, como ela era conhecida por ser estabanada e pra ajudar ainda estava com a atenção ocupada, deve ter enroscado a mão na corrente, que por ser fina quebrou e caiu, só que Simey não disse nada.
— Será que ele fez de propósito, como desculpa pra falar comigo?
A medida que Simey foi sendo deletado da memória, a chateação pela perca da corrente também desapareceu, assim deixou-se levar pela vida, embora tenha sentido falta daquele perfume bom que não encontrou em nenhum outro garoto que conheceu.
Jennie estava no seu dia de descanso, como não tinha o que fazer, ficou gastando as horas diárias de navegação na Web todas no Face, hoje ela podia se dar ao luxo de ultrapassar o limite.
Descendo o feed, entre curtidas e comentários aleatórios, iam surgindo coisas engraçadas e ela rolava pela cama – não é à toa que o Brasil é o rei dos memes, tendo inclusive participado de guerra memeal e até exportado memes pra outros países, afinal, somos conhecidos pela zoeira never ends e pelas mentes criativas, ainda mais quando o assunto é bobeira!
Quanto mais posts via, mais coisa engraçada aparecia, foi quando surgiu uma notificação, mas ela não era de atividade e sim de solicitação de amizade, quando apertou no ícone, até levantou, se ajeitando como pode.
— Para o mundo que quero descer! – Ela ficou bege. – Como assim? Ele não tinha coisa de perfil nenhum, procurei pakas e achei nada!
E agora lá estava, bem na cara dela, uma solicitação de amizade de Simey, na mesma hora a vontade de levantar apareceu, então largou o smartphone na cama e correu pra escovar os dentes, tomou banho, daí se vestiu e foi tomar café. Só após dar uma boa enrolada pela casa é que voltou pra pegar o iPhone e bastou desbloquear a tela pra solicitação berrar na cara.
— Droga! Que faço agora? – A indecisão a deixou inquieta e ela ficou andando sem destino pelo quarto.
Se fosse alguns meses atrás, ela teria adicionado Simey sem nem piscar, na verdade, teria nem esperado por solicitação, ela mesma tinha feito isso, mas como ele não existia na rede não conseguiu adicioná-lo e agora que ela “praticamente” o esqueceu, o boy ressurgia do nada?
Talvez isso não fosse bom presságio, podia até ser que o destino estivesse sinalizando pra deixar isso quieto e apenas ignorar ou recusar o pedido de amizade, a melhor amiga certamente a teria aconselhado a bloquear e até mesmo denunciar o perfil dele.
— Ah! Que se dane, não sou a Vee! Posso adicionar quem quiser e se ele me encher o saco é só bloquear. – O coração disparou, enquanto sentia uma tremedeira, como se estivesse cometendo algum crime, mesmo assim aceitou o pedido, algo lá dentro gritava que ela devia dar uma chance, nem que fosse pra se arrepender depois.
Foi aceitar a solicitação e já apareceu notificação de mensagem.
— Nossa, rápido ele! – O coração acelerou mais, enquanto os tremores se intensificaram, o ar pesou.
Só que quando viu a mensagem, não era nada de mais, apenas uma notificação automática dizendo que agora que eram amigos ela podia enviar um oi.
Passou uns dias e nada de Simey se manifestar, cansada de esperar, ela deu o primeiro passo e foi nas fotos dele, só haviam quatro, então curtiu a que ele estava mais gato e outra com a família, não queria dar bandeira curtindo todas as fotos – por isso curtiu só a metade delas. Um tempo depois Simey fez o mesmo e curtiu algumas fotos dela, assim ficaram na brincadeira de trocar curtidas, cada um amava o que o outro postava.
Até Jennie postar uma foto e ele comentar que tinha adorado, ela respondeu que o irmão a achou perdida no celular e enviou dizendo que estava legal, daí resolveu postar, logo embaixo ele respondeu que concordava total.
No dia seguinte Simey mandou mensagem com um print, dizendo que só dava notificação dela.
— É que o Face não quer deixar você me esquecer.
— Certeza que é o Face? 🤔
— Tá… posso ter ajudado um pouco, mas funcionou?
— Sim… 😂
Jennie descobriu que era legal conversar com Simey, mas apesar de se mostrar interessado, ele demorava nas respostas, de troco, ela fazia o mesmo, pois, não queria mostrar que estava desesperada por atenção, ainda mais a dele, então tentava ser apenas educada e simpática. Até que um dia a conversa se estendeu um pouco mais.
— Faz tempo que cê tem Face? – Ela aproveitou pra matar a curiosidade que incomodava a um tempo.
— Não! Na verdade, sim!
— Sério? Nunca te vi nos amigos da minha mãe. – Como se tivesse sido assim que ela descobriu.
— Faz uma carinha que tinha esse, mas desativei, não curto essas paradas. – Ele deu de ombros.
— E por que reativou?
— Pra trocar ideia com os parças… 😝
— Que legal! E deu certo?
— Nada! Eles quase nunca entram, mas de quebra achei uma mina que me dá maior atenção. 😎
— Será que ela não tá só sendo educada?
— Pode ser, mas não tem problema, pela menos a gente tá conversando agora, de boas.
— Isso que importa, né?
— Verdade! Queria te dizer algo…
— Diz aí.
— Ah, não… acho melhor deixar…
— Tá!
Depois dessa conversa ele acabou sumindo de novo, até ela postar uma foto com a legenda “Se soubermos como fazer as perguntas, as respostas podem ser encontradas.”, pouco depois ele comentou que Jennie podia perguntar o que quisesse, mas antes devia se perguntar se sabia lidar com as respostas, pra fazer graça ela disse que depois dessa tinha até ficado com medo.
Claro que no comentário ela foi bem política, afinal, não estava em reality show pra ficar se expondo, mas ficou toda elétrica ao ver o que ele respondeu, então enviou uma mensagem com o print do comentário, dizendo que ele mal falava com ela, mas daí foi e fez um comentário daqueles, quando ele respondeu, disse entre risos, que só queria ver qual ia ser a reação dela.
Quando visualizou a mensagem, Jennie pensou e resolveu não responder, pelo menos achou que ignorar era melhor, pois, era péssima com joguinhos e por mais que tenha tentado isso no começo, não estava a fim de continuar nessa, pois, tudo levava a crer que Simey só estava zoando com a cara dela.
Ele dava altas indiretas que, às vezes, ela caía, embora contornasse depois, só que só ficava nisso, além da demora nas respostas – era ruim ter que esperar tanto, quando a vontade era passar o dia todo conversando com ele, mas apesar da tentação, ela permaneceu firme.
A cota de paciência pra continuar preenchendo listinha da conquista já tinha esgotado bem antes, Jennie já tinha provado que não valia a pena insistir quando a intuição dizia pra nem perder tempo, pois, no fim o carinha fofo era mais um que só queria ficar e nada além.
Ela não entendia por não podiam ficar de uma vez, já que estava a fim dele – talvez a impossibilidade de ficar juntos é que o tornasse tão interessante – mas após descobrir o que era o amor, parece que tinha ficado mais sensível, por isso não conseguiu já chamar no probleminha, antes esperou, mas percebeu que, no fundo, Simey era igual aos outros garotos, só a estava fazendo de boba.
“A gente não pode ter tudo que deseja, existem coisas que devem permanecer apenas como ideais, sem nunca se concretizar, pois consegui-las é o mesmo que desejar mais dor e tristeza, além do que já nos está destinada.”
Os dias passaram e, apesar de não ter dito nada, de vez em quando abria a conversa pra ver se Simey estava on-line ou tinha respondido, já que demorava pra aparecer notificação quando alguém enviava mensagem – quando aparecia – mas além de não ter resposta, ele nunca estava lá quando ela entrava.
Revendo as conversas, Jennie chegou na primeira e abriu o print que ele tinha mandado, olhando atentamente viu que ele ouvia uma música, correu pro YouTube pra ver se era boa. Acabou curtindo de primeira, como estava ativada a opção de reprodução automática, assim que acabou ela começou a tocar outra, das mesmas artistas, e essa era ainda mais bonita.
— Acho que cê vai curtir essa, ouve aí!
Jennie ficou tão encantada que até esqueceu que não era pra mandar nada enquanto Simey não se manifestasse, mas quando lembrou já tinha compartilhado o link.
— Quer saber? Já era! – Ela soltou após refletir um pouco, já que não era pra falar com ele e mesmo assim ela o fez, resolveu esperar pra ver no que ia dar.
Só que Simey não chegou a ver a mensagem, era como se ele tivesse sumido de vez – o perfil dele estava tão parado que não ia ser surpresa se desse dengue. Assim, Simey sumiu outra vez e Jennie ficou com o peso da culpa, proporcionada pelo orgulho idiota que atrapalhou outra vez, mas talvez aquela tivesse sido a escolha certa – mesmo que ela não se sentisse ganhando com isso.
#proximoepisodio
A mãe de Jennie suspeitou que havia algo errado e tentou descobrir o que estava acontecendo, mas sem paciência pra pensar nisso, ela resolve passar o dia todo no quarto, até um convite inusitado a deixar animada a ponto de querer sair.
Mas a decisão, que pareceu legal, acabou se tornando um incômodo, assim que acendeu a luz – antes tivesse ficado no escuro do quarto – e um encontro inesperado acontece. E, se foi difícil segurar a vontade de fugir de tudo aquilo, o final ficou tão bom que ela até perdeu o controle do próprio corpo.
Ósculos e amplexos,
xXx
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.