Apesar das diversas adaptações e de sua imensa influência, o que Shakespeare narrou não foi um amor grandioso com sua força inevitável, mas que se entregar as paixões pode ser destrutivo.
Muito do que comentamos do outro, diz mais sobre quem somos que a gente gostaria de admitir, mas quando falamos de nós mesmos isso pode não traduzir a realidade. A ótica que utiliza intenções descritivas pra desenhar quem somos pode não ser exata.
A fé eleva nossa mente acima de todas as coisas, tornando o impossível em algo concreto enquanto move o sobrenatural. Ela acalma tempestades, cria caminho sobre as águas e planta árvores no mar.
A preexistência da essência que soprou a vida em nós também pode ser encontrada na matéria a qual somos formados. Não apenas somos um universo particular em nossas complexidades: temos o universo dentro em nós.
Da mesma forma o viés que "tudo o que é bonito é bom" torna a aparência atrativa, somos levados pelo inconsciente a valorizar a estética, feito mariposas em busca de luz. Algo que pode ser perigoso, levando a nos envolver com pessoas vazias.
Tudo começa com amor, ele é a base de profundas entregas e buscas que ultrapassam limitações; levando a conquistas improváveis. Ainda que custe a vida o fato de nos render é o que ressignifica e dá sentido a todas as coisas.
A gente tem uma deficiência enorme em reconhecer as próprias falhas, o mesmo não acontece com os defeitos alheios, mas pode ser que a falta de limpeza da casa vizinha seja causada por nossa janela suja.
O problema em aderir à cultura do desapego que faz parecer legal não se abrir com ninguém – enquanto a gente passa o rodo – é que a praticidade e a duração dos instantes de prazer não são suficientes pra convencer a gente de querer ficar.
A queda costuma estar associada a redenção, por lembrar de nossa proximidade ao chão, de sermos apenas pó. Dessa forma somos expurgados do orgulho, de nossa segurança e recursos, enquanto sofremos mudanças e amadurecemos.
Um término – seja lá por qual motivo aconteça – é um dos momentos mais difíceis de enfrentar e quanto mais profundo o sentimento envolvido, pode até fazer um chute na virilha parecer menos doloroso.
Machucado é um das lesões mais comuns que podemos sofrer. Alguns corpos trazem mais feridas e marcas que outros, mas todas contam histórias; seja de rebeldia e ousadia, surgindo em aventuras, ou até mesmo causadas por imprudência.
Pra trás ficou qualquer controle. Seguindo em desdobramentos incontáveis o deslocamento prosseguiu sem atentar pra tempo ou barreiras – físicas e subjetivas. Nada podia deter a pretensão de seguir em direção a um destino desconhecido.