Poesificando: Seus olhos revelam tanto sobre você
Harry Quan/ Unsplash

Seus olhos revelam tudo de ti

Seus olhos, parece que os vejo inundar;
Das pedras de lápis-lazúli, brota um mar
A carregar pela extensão de frio noturno.

Ondas me envolvem, na contemplação,
Entre o balançar, surge desejo de te ter,
Congelo, me pondo apenas a admirar.

Vastidão de luz que vem em direção a mim.
Ali me perco, mas também posso me achar,
Na calmaria a transbordar dos olhos teus.

Olhos a revelar mais que os lábios dizem,
Contando de uma alma que tanto sofreu,
Quanta história se projeta de teu brilhar.

A profundidade refugiada em teu olhar
Carrega pesar que me quebra por total;
Olhos a sustentar o fardo da despedida.

A beleza em seus olhos
Alex Perez/ Unsplash

Beleza incomum, de contrária constante,
Luz estelar em profundidade de oceano;
Os reparo luzir o quanto podem do azul,

Lançando por terra, estrelas de meu céu,
Removem órbita de ambos os luminares
Até os desfazer em água, espuma de mar.

Distante os vejo, sozinhos agora, estão.
Expurgando a dor de um amor partido,
Que ao invés de alívio, lhes causou dor.

Ainda que eu deseje socorrer esses olhos,
A distância erguida isso me proíbe fazer,
Deixando restar a tristeza da observação.


#papolivre

Segundo a sabedoria pop, “os olhos são as janelas da alma”, afinal, é por eles que a alma espia a vida e pode ser vista de volta. Através da visão a orbitar nosso rosto é possível enxergar o lado de fora, além de revelar o que existe em nós. Como periféricos de entrada e saída, os olhos não apenas enviam informações pra serem processadas pelo cérebro, também imprimem o que acontece por lá, por meio de reflexos ou movimentos.

Os olhos permitem acesso ao interior, revelando verdades ocultas, sentimentos discretos e se o brilho em nós é luz ou escuridão [Mateus 6.22-24] – algo alertado no poema “O encanto do brilho que morte reluz“. Por serem a única parte do cérebro exposta ao mundo, essas janelas possibilitam ler emoções, e chegar o mais próximo de tocar a alma – permitindo encontrar o amor, como descreve o poema “O que pela janela seus olhos veem?“, ou mesmo profundidade, conforme o mergulho na série “Poesias Flamejantes” faz encontrar.

Pra entender o que os olhos dizem, não é preciso ser especialista, apenas observar seus sinais, como o olhar que não se sustenta numa conversa, que pode significar mentira ou timidez; se há desejo, quando não se desgruda os olhos – poder esse que pode incendiar desejo, algo que Dani descobre em “Interrompido – A curva no vale da sombra da morte” – ou paixão, quando as pupilas dilatam, mesmo na claridade – esse efeito é abordado no artigo “Não faça como Romeu e Julieta“.

Se é possível ler a felicidade saltando nos olhos, ou a tristeza a roubar o brilho de alguém, também dá pra diagnosticar doenças, problemas passados e futuros, até padrões comportamentais. Dessa forma, mesmo que a boca diga o contrário, os olhos vão falar o que se passa no interior, mas o que fazer com esse conhecimento? Devemos ou não ignorar o sofrimento que se mostra visível? É certo fazer algo mesmo quando a pessoa não deseja ajuda?

Por mais que doa saber que quem gostamos está mal, ainda que não confesse, é preciso a pessoa querer, não adianta agir pelo temporal de emoções. Às vezes o que se faz necessário é deixar o tempo correr em sua própria velocidade. Pode ser que tudo que ela necessite seja um momento pra juntar o que sobrou e se refazer, ou apenas de companhia, onde a segurança da presença torna as palavras desnecessárias. Até mesmo a distância pode ser útil, caso a dor seja grande demais pra ser expurgada.

Nesses momentos, ainda que seja tentador oferecer nosso amor ao crush quando lhe vemos sofrer, isso não é uma boa, e pode dar ruim grandão – o motivo você pode ver no artigo “Vivendo sentimentos reciclados“. Pra evitar isso, o melhor é se mostrar disponível e deixar o tempo agir.

Ósculos e amplexos,

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