Articulário: Verdades contidas em sentimentos
Matthew Henry/ Unsplash

Verdades contidas em sentimentos

“Nem todo sorriso é felicidade e nem toda lágrima é dor. Choro também pode significar liberdade ou alegria intensa.”

Mishael Mendes, Interrompido – A curva no vale da sombra da morte

Aquecendo as relações

O sorriso é parte de nossas interações diárias, é uma emoção social necessária pra fortalecer laços, por isso, acontece com mais frequência quando estamos acompanhados – em dez minutos de conversa, podemos rir sete vezes. Basta ver alguém sorrindo ou chorando que a gente é capturado por seu sentimento mesmo sem querer, isso acontece devido aos neurônios espelhos que nos faz copiar o sentimento do outro. Como acontece com aquele bocejo irresistível que soltamos quando alguém abre a boca perto de nós. Apesar de amplamente conhecidos por expressar alegria e felicidade, tristeza e dor, tanto o sorriso quanto as lágrimas vão além desse dualismo, podendo conter uma gama imensa de significados.

Durante o riso, o coração pode chegar a 120 batimentos por minuto, aumentando o fluxo sanguíneo pelo corpo e proporcionando maior oxigenação dos tecidos. Como a absorção dos pulmões aumenta, inalamos mais ar e a expiração fica mais forte, proporcionando a eliminação do excesso de dióxido de carbono e de vapores residuais, tornando os pulmões mais limpos. Além disso, o corpo produz betaendorfinas, analgésicos internos que proporcionam relaxamento e combatem a dor, o nível do cortisol é reduzido, deixando a musculatura menos tensa e causando um efeito anti-inflamatório nos ossos e juntas, que ajudam a reduzir inflamações e a aliviar dores reumáticas. E como os músculos mais trabalhados são os abdominais, o sistema gastrointestinal acaba massageado, melhorando a digestão.

A mecânica dos sentimentos

Tanto o riso quanto o choro são expressões não verbais de emoções básicas, aquelas presentes entre mamíferos – humanos ou não – que possuem similaridade entre si, sem importar a espécie, a tristeza pode ser identificada tanto numa pessoa como num cão, ou mesmo o reconhecimento da risada por diferentes culturas. Ambas as expressões surgem ao experimentarmos fortes emoções e ao contrário da fala, são controladas pelo sistema límbico, o responsável pela vocalização nos mamíferos, por isso mesmo quando um acidente afeta a voz, a capacidade de rir ou chorar são preservadas. Uma risada costuma indicar diversão, e já foi observada entre gorilas, chimpanzés, orangotangos e até em ratos; afinal, mamíferos costumam brincar quando jovens – alguns, como os humanos, cachorros, lontras e ratos, fazem isso por toda a vida.

Existem momentos em que ficamos mais sensíveis, como escreveu Zeca Baleiro, em “Flor da pele”, de 2019, “ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar” – ainda mais após passar por uma experiência que muda nossa vida, como aconteceu com o protagonista de “Vultar – Na essência a visão“. Porém, as emoções podem se intensificar a ponto de durar semanas ou meses, como acontece num quadro de depressão; pior que o prolongamento dos sentimentos é perder de vez o controle sobre eles.

Emoções à flor da pele

O descontrole pode acorrer devido à síndrome do afeto pseudobulbar, também conhecida como transtorno de expressão emocional involuntária ou labilidade emocional, que causa reações incontroláveis e desproporcionais, como retrata de forma perturbadora em “Coringa” (“Joker”, de 2019). O transtorno provoca gargalhadas, choros ou bocejos repentinos, sem motivo algum. Ainda que resulte em problemas psiquiátricos, causados pelo constrangimento, sua causa é neurológica; sendo reconhecido por sua duração curta e seu exagero. Embora possua um diagnóstico recente, essa condição foi descrita no século XIX, e acomete pessoas que sofreram acidente vascular cerebral (AVC), traumatismo craniano, esclerose lateral amiotrófica (ELA), esclerose múltipla (EM), atrofia multissistêmica (AMS) e demências, como Alzheimer e Parkinson.

Porém, segundo a American Society for the Advancement of Pharmacotherapy, o afeto pseudobulbar também pode ocorrer em casos de traumatismos leves, mas suficiente pra atingir as estruturas responsáveis pelo controle emocional. Além de provocar isolamento, devido ao desconforto gerado, a condição causa muito sofrimento, por isso entre 30 a 35% dos pacientes são identificados com depressão. Embora não tenha cura e o remédio ideal ainda não esteja liberado no país, a síndrome pode ser controlada com antidepressivos. Outra condição que pode provocar risos involuntários é a epilepsia gelástica, um raro tipo de convulsão que surge devido a um tumor no hipotálamo ou pelo crescimento de tumores no lobo frontal, ou temporal do cérebro, causando risadas inapropriadas e irritantes – senda essa a provável causa das gargalhadas compulsivas do Coringa.

Chorando de tanto rir

Nem sempre expressões usadas pra definir emoções são apenas figuras de linguagem, elas possuem um pezinho na realidade. O choro por riso pode acontecer devido a uma hipersensibilização do sistema límbico. Ao detectar essa alegria extrema, o hipotálamo entra em ação pra estimular o relaxamento dos músculos, mas como o sistema nervoso parassimpático é conectado à glândula lacrimal, ela acaba recebendo impulsos do sistema nervoso e produz lágrimas que vão se acumulando até transbordar. Além da causa emocional, também existe uma fisiológica, algumas pessoas possuem uma distribuição irregular de nervos, assim, quando abrem a boca pra rir ou mesmo bocejar, os nervos que ligam a mandíbula às glândulas salivares estimulam a glândula lacrimal. Ou apenas porque ao rirmos com intensidade, fechamos e apertamos os olhos, provocando “o choro por reflexo”, mesmo efeito causado por rajadas de vento, como descreve o psicólogo Robert Provine, da Universidade de Maryland, em “Curious Behavior” (em livre pt-BR: “Comportamento curioso”, de 2012).

Outra característica associada ao riso incontrolável é o que leva a pessoa a se mijar. Isso acontece porque a pélvis possui músculos pra apoiar órgãos pélvicos, controlar a saída de fluídos e excrementos e proporcionar o funcionamento sexual correto. Ao rir, espirrar, tossir, se esticar ou levantar algo pesado, a pressão intra-abdominal aumenta e se os músculos do assoalho pélvico estiverem fracos, fatigados ou com mau funcionamento, a pressão pode causar o vazamento de um pouco de xixi. Outra causa pode ser devido ao enfraquecimento do tecido que ajuda a sustentar a bexiga e a uretra ou do tubo por onde a urina sai do corpo.

Morrendo de rir

A gente costuma usar a expressão “morrendo de rir” pra dizer que algo é engraçado demais, mas ela pode ser literal, o primeiro caso registrado é de 398 a.C., e aconteceu com Zeuxipo, após pintar algo engraçado; em 206 a.C., foi a vez do filósofo Crisipo de Solos, que fez uma piada a qual ele mesmo não resistiu. Em 1660, Thomas Urquhart viu algo tão hilário que o fez bater as botas; já Martinho I, em 1410, teve um ataque incontrolável durante uma diarreia e a combinação foi mortal. No caso de Pietro Aretino, em 1556, uma piada o fez sufocar; em 1782, foi a vez da senhora Fitzherbert, que só parou de rir após passar dessa pra melhor. Em 1975, Alex Mitchell caiu duro no sofá, após rir por 25 minutos; em 1989, Ole Bentzen riu tanto que seus batimentos cardíacos ficaram entre 250-500 por minuto, causando um ataque cardíaco fatal. E o caso mais recente, de 2003, foi o de Damnoen Saen-um que começou a rir dormindo, e mesmo com os esforços da esposa, ele não parou e faleceu de insuficiência cardíaca ou asfixia.

Porém, a causa da morte não acontece por causa da risada em si, mas pelo que é desencadeado no corpo, causando uma hilaridade fatal. Um acesso de riso pode desregular funções que, se já estiverem ruins, param por tempo suficiente pra causar a morte. Como o processo da gargalhada é gerada pelos músculos do peito, ao exercer pressão sobre a caixa torácica pro ar sair, sem envolvimento da língua, mandíbula, palato ou lábios; ao gargalhar, a respiração fica irregular, e se ela se estender pode prejudicar a circulação sanguínea. Assim, quem sofre de insuficiência respiratória ou crises de asma pode ter uma arritmia, sendo fatal também pra quem tem insuficiência cardíaca. A gargalhada ainda pode pressionar a região do crânio e causar hemorragia, levando a um acidente vascular cerebral (AVC).

Sorriso amarelo

Nem tudo é preto no branco, tanto o sorriso quanto a risada surgem por outros motivos além da felicidade – como citado aqui. O forçado ou falso, é prova disso, e aparece quando ficamos sem graça ou pouco a vontades com algo, ou uma situação, pra esconder a vergonha e o embaraço, mas diferente do espontâneo, é menos expressivo. Chamado também de sorriso amarelo – cuja expressão tem origem nos chineses, conhecidos etnicamente como amarelos, eles sempre sorriem por educação, mesmo quando não entendem algo – pode ocorrer de forma inconsciente ou consciente pra evitar gerar desconforto, ou mostrar submissão. Sorrisos que surgem nessas situações inusitadas, acontecem porque ao perceber uma situação incômoda, de nervosismo ou ansiedade, o cérebro provoca uma risada involuntária pro corpo relaxar e a pessoa acalmar, até estar mais segura pra enfrentar o desafio em questão.

Devido a sua função social, o sorriso acaba sendo usado pra transmitir diferentes mensagens, às vezes até ambíguas, servindo pra mascarar medo, constrangimento, raiva, entre outras emoções. Como o cérebro não consegue distinguir um sorriso consciente de um espontâneo, ele produz os mesmos benefícios de um natural, mas usá-lo pra enganar as pessoas e dissimular os sentimentos em busca de aprovação, acaba por dificultar o aprofundamento das relações e o desenvolvimento de empatia e honestidade. Segundo um estudo, de 2019, forçá-lo pra agradar ou parecer feliz acaba sendo prejudicial, tornando a pessoa mais propensa a beber pesado. O sorriso também é um mecanismo de defesa que ajuda a lidar com eventos estressantes através do humor, onde expomos sentimentos e situações pra fazer os outros rirem, o problema surge quando usado pra enganar ou de forma sarcástica pra zoar outras pessoas, as menosprezando como meio de afirmação.

Chorinho bom

Composta por 98% de água, a lágrima ainda possui sais minerais, como o cloreto de sódio, proteínas, como as enzimas lisozima, gordura, como os lipídios, além de complexos imunológicos; tendo um pH neutro. Seu gosto salgado já rendeu poesia através de “Mar português”, escrito por Fernando Pessoa e publicado na revista Contemporânea, em 1922, e integrado no livro “Mensagem“, de 1934, ou no conto “Abisso – Quando o pavor agita as águas“, que leva o protagonista a um mergulho em sua alma. A lágrima é uma secreção usada pra lubrificação, servindo ainda de barreira do sistema imunológico pra proteção dos olhos, ao chorarmos o volume médio de lacrimação é renovado a cada 5 minutos.

Assim como o sorriso pode conter sua carga de sofrimento [Provérbios 14.13] e nos prender, lágrimas não apenas representam tristeza, surgindo em situações de fortes emoções – como alegria, prazer, admiração, irritação e até quando bocejamos – podem provocar libertação e fazer os sentimentos fluírem pra fora de nós quando o que experimentamos é grande de mais pra expressar. Inclusive, lágrimas de alegria possuem mais imunoglobulinas – anticorpos que servem como a primeira linha de defesa contra infecções virais e bacterianas. Ainda que o choro se prolongue em sua duração [Salmos 30.5], ele serve pra aliviar, permitindo um equilíbrio interno, porque lágrimas de emoção têm mais proteínas que as produzidas quando um corpo estranho entra na região ocular, algo que acontece pro corpo expelir as substâncias que causam estresse, como mostrou o médico William Frey, em “Crying – The Mystery of Tears” (em livre pt-BR: “Choro – O mistério das lágrimas”, de 1985). Por isso, mesmo que for preciso fazer algo às custas de lágrimas, o resultado pode ser catártico e proporcionar felicidade [Salmos 126.5-6].

Entre razões e emoções

Segundo o psiquiatra Teng Chei Tung, do Hospital das Clínicas de São Paulo, em entrevista a Superinteressante, tanto a alegria quanto a tristeza são necessárias pra um convívio social adequado, “a alegria favorece a integração e a tristeza propicia a introspecção e o amadurecimento.” A flutuação do humor pode variar entre o extremo da tristeza, a depressão, e o máximo da euforia, a mania. Durante a vida, uma em cada quatro pessoas tem ao menos um episódio de depressão.

Entre os extremos existe a mania que é um bom humor exagerado, acompanhado de tagarelice e ostentação que a tornam insuportável; a hipomania que causa uma euforia menor, tornando a pessoa otimista demais e desafiadora; a hipertimia que provoca alegria e muita disposição; o neutro onde o humor varia entre a hipertimia e a hipotimia durante o dia. Caminhando pro outro extremo existe a hipotimia que sente pouco prazer nas coisas, preferindo sua tristeza; a distimia, uma leve depressão que deixa a pessoa rabugenta, irritável e pessimista, suas reclamações acabam afastando amigos e pretendentes; e a depressão que é a tristeza profunda acompanhada de um esvaziamento, o pessimismo toma conta e retira o prazer das coisas deixando a pessoa impaciente, podendo levar a depressão existencial – como abordado aqui.

Inventando sentimentos

Ainda que entender nossos sentimentos exija um mergulho em nós mesmos, onde é preciso enfrentar coisas assustadoras demais que preferimos manter silenciadas, isso traz autoconhecimento. Ouvir nosso corpo e emoções pra saber o que sentimos, nos empodera pra encontrar uma solução e leva além da dualidade de sentimentos, ou mesmo de expressões vazias, como “chorar de emoção” ou “de tristeza”, até o “estou feliz” ou “estou emocionado” que falam muito e não dizem nada. A forma de nos expressar ajuda na identificação do que experimentamos, também a perceber as reações desencadeadas no corpo, além de encontrar a melhor forma de lidar ao sermos soterrados por uma onda violenta de sentimentos. Observar o meio em que vivemos ou mesmo a leitura podem ajudar nessa tarefa.

Mesmo o peso ou a intensidade das emoções sendo real, apenas dizer estar triste ou alegre pode não ser suficiente pra exprimir o que sentimos, na real, encontrar a palavra certa pra isso pode ser uma tarefa difícil, mas necessária porque descrever os sentimentos com clareza reduz sua intensidade porque auxilia na organização de nossa mente racional. Por ser a linguagem um meio não apenas pra comunicação, mas pra expressar o que sentimos, ela é poderosa pra botar ordem no caos mental. Uma ótima ferramenta pra isso é a “Roda dos Sentimentos” (“Emotional Word Wheel”), um diagrama criado pela professora Kaitlin Robbs, que ajuda a encontrar o sentimento ideal, atualizada por Geoffrey Roberts. Começando pelas emoções básicas, como feliz, triste, assustado, no centro da roda, conforme nos movemos pra fora vão surgindo sinônimos mais específicos pra dizer o sentimento exato. O Rodrigo Van Kampen criou a versão tupiniquim com as palavras, que apesar de não ser compacto como original, o “Mapa de sentimentos” é bastante útil e possui até versões separadas por gênero.

Me chame pelo seu nome

Uma ferramenta mais completa, com descrição e onde surgem os sentimentos – e ilustrações de encher os olhos – é o “Emocionário” (“Emocionario“, de 2013), um dicionário infantil de emoções que pode servir pra nos clarear em qualquer idade. Se necessário, podemos até criar palavras pra nomeá-los – os nordestinos são campeões nisso, não por menos, já que possuem uma cultura riquíssima, minha mãe sempre tem uma palavra nova pra ensinar. Ainda que ninguém entenda o que estamos dizendo, o importante é a gente saber, se apropriar e assumir o controle pra não ser levado pela enxurrada de sensações e impulsos, além disso, a tarefa de descrever esse “sentimento inventado” pode nos dar ainda mais controle sobre ele e ajudar a outra pessoa a obter o mesmo poder.

Um sentimento que costumamos entender bem é a saudade, mas cujo substantivo é tão abstrato que só existe no português – pelo menos com o mesmo sentido. Como os outros idiomas têm dificuldade em traduzi-la ou lhe atribuir um significado preciso, essa sensação de falta acaba exigindo o uso de mais de uma palavra, como o inglês “miss you”, o castelhano “te extraño”, o francês “j’ai regret” e o alemão “ich vermisse dish”. No inglês ainda existem algumas tentativas como “homesickness”, saudade de casa ou do país, “longing” e “to miss”, sentir falta de uma pessoa, e “nostalgia”, saudade do tempo passado; mas nenhuma expressão estrangeira define com exatidão a palavra saudade. Mas o português não é o único com palavra que não pode ser traduzida, os outros idiomas também possuem suas próprias particularidades, que podem ser usadas por nós também, em “The Dictionary of Obscure Sorrows” (“Dicionário de tristezas obscuras”, de 2021), John Koenig reuniu uma extensa lista de sentimentos que existem apenas em sua língua original, cada um com definição e modo de uso.

Contextualizando

A frase que originou essa reflexão faz parte de “Interrompido – A curva no vale da sombra da morte“, uma minissérie que mostra que nossa humanidade é que nos leva a viver os desejos mais profundos e a cometer os erros mais insanos. Ela surge enquanto Luan tenta conhecer um pouco mais de Socorro, e acaba dizendo algo que faz a enfermeira chorar, ficando sem saber o que fazer, até ela lhe acalmar com essas palavras.

Artigo publicado originalmente no LinkedIn, também está disponível no Medium.


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Ósculos e amplexos,

Mishael Mendes Assinatura
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