Ainda que aqueça, o melhor é manter distância do desejo a tomar corpo diante dos olhos. Nunca sabemos quão forte seus tentáculos podem nos enlaçar, nem a intensidade do grau de seu calor.
Vivemos numa sociedade que cultua a aparência, dando-lhe atenção, curtidas e até sentenças menos duras. Mas a aparência pode enganar e até ser mortal porque o exterior não retrata com exatidão essência, nem saúde física ou emocional.
Conforme o desejo pelo crush cresce, os olhos deixam de ser confiáveis, nos fazendo vê-lo em diferentes lugares, até em outras pessoas. E cada olhar rápido esconde a pessoa nos observando a distância.
Existe limite pro que nos faz feliz? Aliás, será que tudo que traz felicidade é realmente bom? E se a gente estiver errado e a busca do prazer só servir pra nos perder em possibilidades sem fim?
Num tempo em que a aparência é mais interessante e vale mais likes do que quem somos realmente, até mesmo...
E quando a gente se encontra desfeito em inúmeros pedaços e fragmentos, todos espalhados dentro da imensa confusão e do universo que somos nós mesmos? Continuar carregando sentimentos e absorvendo novas sensações só faz a carga aumentar e continuar impulsionando os passos pra frente se torna cada vez mais difícil, enquanto a gente se vai desaparecendo ainda mais, encontrando-se perdido dentro de quem a gente já nem sabe quem é.