Te fostes rápida, ligeiramente,
Acaso realmente levastes a sério
O que proferiu os lábios meus?
Tola estrela de verdejante brilho
Não sabes que às vezes a boca
Contraria o que toma o coração?
Os amantes podem ser incertos,
Desprezando o que tem, desejam
Não perder o que já se passou.
Insensata língua que incendiou
O campo meu, seco agora está
Apenas tua boca o pode regar.
Como beija-flor, você flutuou
Ligeiramente em minha direção,
Não me chegastes o néctar provar
Deve ser por isso que te fostes.
O verdor sobre mim disparado
Sem piedade, durou instantes
Que nem sei precisar medida,
Tempo passou ser se contado.
Rápido, tão curto correu, mas
Foi suficiente pra tornar-me
Teu na eternidade do instante.
O ardor me volta a querer tomar.

Onde estás imaturo vento
Pra me vires refrescar?
Tua ausência seria causa
Do verdor que dominou
Vestes minhas, dantes claras,
Agora nódoas esmeráldicas.
Lancinante luz verde transpassa
É você, errante, estrela minha?
Apesar da imensa formosura
Ela difere de teu pulsante brilhar
Sendo astro frio e mais distante,
Indo ainda mais rápido que tu.
Rasante cometa que no contemplar
Dilacerou de vez o coração meu.
Terá sido tu, ó, estrela minha,
Adejando com asas de outro anjo
Zombando a paixão que me tomou?
Mas o frio advindo dela me envolveu,
Peridoto, gelou-me até chegar a alma,
Pela distância em que se encontra
Maior é a dor alçada pelos sentidos.
Mas masoquista, posso prazer gozar
Neste fugaz reluzente cometa veloz,
Que tudo que faz é trazer-me sofrer.
Por que te duplicas ante meus olhos
Causando vertigem, me fazes delirar,
Assim aumentas o pesar com vigor,
Oh! Estrela que acreditei ser minha?
Quando quiseres, podes me vir fazer
Sofrer de teus amores e teus anseios

Já que amar é sofrer num outro grau,
É ser consumido por fogo que se não
Apaga mesmo jogando água gelada.
Olhai a beleza da rosácea que alumias,
A mesma que inebriante perfume exala
Te irá ferir se insistires em tentar alçá-la.
Amar é contraditória sentença de salvação,
É euforia que não se contenta facilmente,
Vai ardendo mesmo sem poder se vista
Devorando pensamentos e sentimentos
Até espalhar-se por tudo dentro de nós,
Mas enquanto sofro, sorrio de felicidade.
#papolivre
Você já quis tanto ter alguém que acabou vendo o crush em diferentes lugares e até mesmo em outras pessoas?
Isso pode ser até mais comum do que parece, pois quando desejamos tanto alguém a mente começa a fundir pensamentos e sonhos com a realidade, tornando o que é apenas apenas sopro em algo que os olhos podem enxergar como se fosse real – miragens de um coração cheio de amor e carinho. O úico problema nisso é que a gente fica sem saber se isso é algo bom, por senti-lo mais perto, ou ruim, já que quem amamos não está realmente ali.
Esse poema é a terceira parte da série “Poesias Flamejantes“.
Ósculos e amplexos,


Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.
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