O sofrimento e a tristeza podem nos levar pras profundezas do abismo, onde é difícil enxergar além da dor. Mas nossa insistência no erro também pode deformar a realidade, ao nos lançar no mesmo poço de escuridão.
Em meio a correria, a passagem do tempo pode não ser percebida ou se mostrar insuficiente. Nisso a sabedoria traga consigo se desfaz, até pararmos pra refletir sobre a trilha do passado até o ponto que a gente se encontra presente.
Por mais que a cultura exalte a independência e o desapego do hedonismo que não possui nenhuma responsabilidade emocional com o outro, o "eu" é um fenômeno muito mais social que sua aparência interior faz parecer.
O problema em aderir à cultura do desapego que faz parecer legal não se abrir com ninguém – enquanto a gente passa o rodo – é que a praticidade e a duração dos instantes de prazer não são suficientes pra convencer a gente de querer ficar.
O perigo de se jogar na pista é esquecer que ali é justo onde os veículos vêm em alta velocidade. Mas existe um momento quando se faz necessário dar fim ao que não condiz com quem somos, de parar os abusos que só distorcem a nossa essência.
Cada olhar contém uma história. Ainda que os lábios não digam o que se move no interior, eles revelam o que está oculto; mesmo a gente não querendo dizer nem pra nós mesmos.
Ao vagar pela escuridão, pode até ser que a gente não sinta mais o frio na pele, ou o arrepio que aumenta o torpor, deixando de perceber que a sombra da morte é carregada por nós.
Tentar descrever o amor só arranharia sua superfície, além de impedir experimentar a essência que transforma quem ignora regras e significados, se deixando por ele tocar.
Com a chegada do amor, os estímulos se fortalecem a ponto de um aceno nos desmontar. Mas, e quando o ser amado parte, fazendo restar solidão? Como fica o que sobrou?
Suicídio não é solução, nem liberta de nada, apenas acaba com todas as chances, ele é apenas um fim pra...
E quando a gente se encontra desfeito em inúmeros pedaços e fragmentos, todos espalhados dentro da imensa confusão e do universo que somos nós mesmos? Continuar carregando sentimentos e absorvendo novas sensações só faz a carga aumentar e continuar impulsionando os passos pra frente se torna cada vez mais difícil, enquanto a gente se vai desaparecendo ainda mais, encontrando-se perdido dentro de quem a gente já nem sabe quem é.