Enquanto vivo, sigo morto
Já não sinto e nem amo,
Meio vejo e nada sonho.
O fechar dos olhos meus
É mergulhar num vazio,
Sem esperanças caminho.
Desgraçado zumbi errante,
Em busca de saciar a fome,
Algo que nem tenho mais.
Insensível à dor e sensações,
Sigo a andar, levando morte.
Antes os pés sabiam aonde

Achar afago, calor e carinho
Agora o que resta é escuridão
Surgindo-me pelo caminho.
Se pela vereda aonde andei
Houvesse ainda como voltar
Encontraria-a também vazia,
Sem nada poder entregar-me
Em frente é pra onde devo ir,
Ainda que em círculos a vagar.
Senda noturna de ermo horror,
Vale de sombras e morte alcei,
Profundezas inundando torpor.
Manhã que em trevas se revelou,
Maldito dia em que brilhou a luz,
Pesando a mente, até me pender.
#papolivre
A vida é constituída por diversos momentos – alguns bem diferentes dos outros – e entre eles surgem alguns bem ruins, afinal, viver não traz apenas flores, se há consolo, cuidado, alegria e amor, há também dor, tristeza e solidão [João 16.33] e isso pode acontecer até mesmo naquele instante de felicidade e o que era motivo de riso se transformar em algo triste [Provérbios 14.13].
O que importa é saber que mesmo a alegria tendo fim, o mesmo acontece com a tristeza, ela não dura pra sempre [Salmos 30.5]. Você tem direito de sentir o pesar que a dor traz, assim como querer se afastar pra refletir melhor, só não vale se afundar nisso – sentimento nenhum merece toda nossa atenção, existe um número grande deles pra gente focar em apenas um – até porque mesmo no sofrimento e solidão não estamos totalmente só [Salmos 23.4].
Ósculos e amplexos,



Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.