Volto meus olhos pras nuvens
Contemplo o topo dos montes,
Mas de onde meu socorro vem?
Observando, do céu, tons azuis
O dia perfeito se vai formando
E o sol começa a raiar intenso.
Ergo os olhos pra contemplar
Incandescente sol do meio-dia
Que pela friorenta madrugada
Estendeu os raios a todos lados
Em meio a denso e oculto breu,
Enquanto as lágrimas corriam,
Pontuando o que não tinha fim.
O rosto se eleva, pros olhos ver
Lá no alto, resplandecente luz.
Os olhos se deixam mirar o sol,
Antes cego pela luz vinda de ti
Que ter visão pra dor enxergar!
Toma-me nos braços, junto a ti
Enxergar já não mais consigo.
Tranquei as portas do coração
As saídas da vida, as bloqueei,
Por onde nada mais irá passar.
Paralisando o tempo, vai o sol
Continuar na mesma posição
A aquecer e iluminar trajetos
Enquanto a luz segue lutando
Com o escuro até lhe dar fim,
Os olhos mantêm-se imóveis
No rosto, atentando pra cima,

Enquanto desejam ali orbitar.
Leva-me às águas tranquilas,
Pela mão, guia até teu querer.
Agora não me pertenço mais
Vontade e querer desfizeram.
Cego e necessitado, de ti, sou,
De servir alguém melhor que eu.
Cansei daquilo que antes queria
Desejos, vontades, necessidades
Que escureciam os passos meus
Sem tua luz, aqui, escuro se fez.
Vontade maior é perder a visão
Por ficar de constante a te olhar
Podendo ouvir tua afetuosa voz,
Que guia os passos e me depura,
Do que, vendo, errar o caminho
Perdendo-me onde jaz escuridão
Sem poder, em tua casa, habitar.
#papolivre
Tem vez que por mais que a gente procure ajuda nada parece certo e a solução não surge, talvez seja porque a gente tem procurado no lugar errado ou onde não devia buscar [Salmos 121.1], então quando encontramos o que a gente nem sabia necessitar tudo se torna mais claro e naquilo que parecia não ter fim é posto um ponto final, então o sol brilha trazendo cura [Malaquias 4.2].
Qualquer coisa que a gente queira nos custa um determinado valor, mas será que perder algo pra ter o que a gente precisa – ou o que nos salva de nós mesmos – não é melhor que ter tudo – principalmente a “liberdade” – e acabar se perdendo [Mateus 18.9]?
Ósculos e amplexos,



Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.