Se as sombras falassem que será que iriam dizer?
O que poderiam elas falar dos diversos atos meus,
Sobre minhas ações, reações, também divagações,
Dos passos deixados na areia durante o caminhar?
Se as sombras falassem, o que teriam pra contar?
Falariam sobre cada medo meu e das incertezas,
Revelariam até mesmo os segredos mais ocultos
Ou teceriam sobre cada dor, percas e as derrotas?
Se as sombras falar soubessem, o que iam entregar?
Discorreriam sobre mim melhor que eu mesmo faria?
Conhecendo-me bem teriam, mesmo, muito pra falar
Iam dizer sobre quem aparento ou do que tenho sido?
Se as sombras começassem a falar o teriam pra expor?
Ao soar de suas vozes a luz de meus olhos se ocultaria,
Mesmo advinda de um coração em escuridão imerso?
Pode o brilho ser mais intenso que as trevas ao redor?

Se as sombras falassem agora, o que iam apresentar?
Coisas sobre mim, tantas, que por completo esqueci
Ou seria sobre aquelas que ainda tento abandonar?
Poderia ser o que se deu distante dos olhos alheios?
Se as sombras falassem o que revelariam de ti?
Cada escolha traz junto consigo uma sentença,
Cada sentença implica em alguma condenação,
Qual o tamanho do peso a morte exerce sobre ti?
Se as sombras abrissem a boca o que iam relatar?
Falariam das tardes sob o céu alaranjado que vivi
Ou de quando me encontrava dispersivo o prazer
Em íntimos momentos que apenas o corpo sentiu?
Mas como podem as trevas tanto sobre mim saber?
É que os dias tenho vivo em trevas, ocultando-me,
Rascunhando um amanhã de perfeitas [in]certezas
Assim, enquanto postergo, das melhores, decisões
A nuvem testemunha, na prática, teimoso persistir.
#papolivre
Em nosso quarto, em casa – naquele lugar mais escondido – onde as sombras se fazem presente, a gente faz tanta coisa que ninguém vê, que pode até não ser algo que chegue a causar espanto ou escândalo, ainda assim nem tudo é motivo de orgulho ou de ser exibido por aí.
Como será que temos gastado nosso tempo? Em que hobbies a gente tem se entretido, enquanto os dias passando, se vão? O quanto do tempo gasto tem contribuído pra nosso crescimento.
Sombras também representam silêncio e solidão que, se pudessem falar, diriam mais sobre como temos conduzido bem nossas vidas ou apenas desperdiçado os momentos com prazeres passageiros e coisas que apenas nos tiram do foco e impedem de viver nosso propósito? A gente ia ficar feliz com o que passou ou isso traria apenas culpa?
Imaginar as sombras ganhando a habilidade de falar, faz a gente refletir como temos vivido e se as escolhas têm sido boas ou apenas decepção – caso a segunda opção seja a afirmativa, então está na hora de recalcular a rota, antes que seja realmente tarde demais.
Ósculos e amplexos,



Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.