Mulher, graça em luminância a aquecer,
És poesia que descabe o contentamento.
O peito perde o compasso ao teu passar,
És misto de desejos que absorve sonhar,
Beleza a encarnar o que de mais nobre há.
És antônimo a rearranjar em sentimentos,
Tormenta a cascatear nos braços dos rios;
Força e elegância habitando o mesmo ser.
Uma palavra basta pra lhe fazer implodir,
Mas o peso do mundo consegue suportar.
Uma vez cativadas incumbência restante:
É te cultivar a beleza em perfume de flor,
És capaz de brotar na aridez de desertos.
És a pluralidade que se mostra singular,
Verbo a metamorfosear ações e reações;
Com paixão e entrega a cada propósito.
A razão de te compor em versos vai além,
Nos transporta até poderes ser vista lume,
Por tornar cada dia agradável, a seu jeito,
Emites sentido e propósito ao nosso viver.
És certeza quando nada pode ser avistado,
Sabedoria quando tudo parece insensatez,
Força a impulsionar quando o mundo para,
Calmaria quando os sentimentos se agitam.
És alegria a exalar fragrância pelo alvorecer,
Poema, cuja profundidade que se quer viver,
A cada manhã teu riso compõe nova canção,
És som que os ouvidos absorvem inspiração,
Te modelas em arte, sensibilidade e realizar.
Como parte do tramado vibras a cada volta,
Criando conexões, entrelaças, corpo e alma
Que a cada sentença [uni]versos em poesia.
#papolivre
A poesia se oculta na existência, descortinando a cada olhar atento – como revela o poema “Onde se esconde a poesia” – e seu fluxo pode vir numa velocidade difícil de conter – conforme descreve o poema “Velocidade que a poesia alcançou“. Quando, então, falamos desse ser perfumado que exala desejo, em forma de mulher, dessa coisa mais linda, mais cheia de graça – linda mais que demais – a poesia escorre em fragrância pelos dedos.
Tanto que esse poema surgiu como um desafio pra desenvolver algo pro dia da mulher – enquanto participava de um processo seletivo pra estagiar em marketing. Por desconhecer uma forma melhor pra cumprir a tarefa que poesificar – até porque “Mulher é poesia não escrita“, como pincela esse poema – ao me deparar com a proposta, onda do mar do amor bateu em mim, fazendo recordar tudo o que uma mulher é, o que pode e faz. Brotando versos, esses componentes imateriais, se diluíram me fazendo rascunhar suas formas em sentido e sensações, despertados quando ela passa, num doce balanço a caminho do mar.
Sem sombra de misticismo, mulher é complemento, mas também origem. Destino que a gente trilha pra ter os dias perfumados, seja com sua sensibilidade ou força em sensualidade. Com balançado que é mais que um poema, inspira composições que ainda vamos ouvir; porque quando ela passa o mundo sorrindo se enche de graça, ficando mais lindo pra harmonizar com suas formas.
Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.