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Cronicário: Mais uma estação e o outono vem - .inversivel
Cronicário: Mais uma estação e o outono vem
Stephen Leonardi/ Unsplash

Mais uma estação e o outono vem

Se tem algo que sou é disperso! Esse problema de falta de atenção me faz ser desligado ao ponto de não enxergar algum conhecido no coletivo. Vivo esquecendo: nomes, a posição de onde acabei de colocar algo, o que fazia, coisas importantes e que deveria levar, isto ou aquilo a fazer. E entre outras coisas: datas, principalmente as de aniversário – como o problema não se restringe apenas as dos outros, isso também acontece com a minha. Teve até ano em que esqueci total a data, até virem me felicitar.

O fato de achar que esse não passa de um dia comum contribui pra isso. É que me importa mais o percurso até a data que a comemoração de um dia, porque depois que ele passa o encanto se perde, se for pra comemorar que seja todo dia – pela oportunidade concedida por D-s a cada despertar [Lamentações 3.22-23].

Como mecanismo de defesa, meu esquecimento e distração disparam quando não me sinto a vontade com algo ou uma situação, mas no geral vivo mais no mundo das ideias que na realidade, embora aprendi a dosar ambos. Porém, quanto mais experencio a realidade, mais sou levado a compartilhar minha visão inversível da vida que poesifica instantes e acontecimentos. Uma vez que a poesia me pegou, não há mais cura, sou um poeta crônico.

Ao ser questionado quantas primaveras completava, respondi que parei de contar anos atrás, desde então estou com 20. Não por estar com idade sobrando, cara de velho também não tenho – mesmo sem as mágicas do Photoshop já me deram 17. Essa perda na contagem intensifica quando percebo que o tempo avançou e ainda não fiz nada impactante.

Enquanto me sinto velho, a imaturidade grita ainda faltar algo, lembrando que não consegui quebrar a casca de certos temores. Apesar de possuir força suficiente pra fazer o que for preciso pros amigos ficarem bem, sou frágil.

A real é que até jovens se cansam e ultimamente tenho estado cansado a ponto de parecer ter vivido duas ou mais vidas inteiras, ao passo que o tempo corre alucinado, e o fato dele ser relativo só torna toda situação mais complexa. A despeito do cansaço, o Eterno concede toda força necessária, nele está a fonte da juventude: a espera em D-s é que torna velhos em jovens [Isaías 40.31].

“Posso ser pequeno, até mesmo imperceptível às vezes, mas tenho em mim sonhos que se estendem pelo universo.”

Ontem, ao visualizar minha caixa de entrada, vi um e-mail que escrevi pro meu eu de quatro anos no futuro, onde refleti sobre pontos difíceis por quais passava e mudanças que gostaria de viver; alguns estão acontecendo, outros em parte, poucos estão distantes, mas há os que não aconteceram nem mudaram em nada. O que ainda não alcancei de minhas aspirações foi por falta de disciplina, persistência e dedicação. Procrastinando o presente, perdi o futuro e nada restou do passado a não ser lamento.

Nossas escolhas, ou a ausência delas no presente, é o que desenham um futuro completo ou incompleto, modelando aquilo que será mostrado no espelho. Toda semente boa ou má irá brotar [Gálatas 6.7], que plantemos o bem enquanto há tempo, ainda que a custo de lágrimas, sem deixar que o façam por nós, pois a ação pode trazer algo desagradável [Mateus 13.24-30] – isso se as sementes não caírem no lugar errado.

Ainda que eu não tenha mudado como desejava, essa alteração foi maior que imaginei; aprendi tanto e descobri que mudança não é objetivo, mas processo que deve ocorrer nos instantes. Se houve uma transformação, devem haver muitas outras, até a graça transbordar os erros [Romanos 5.20].

Mudei minha forma de pensar, me libertei de pensamentos que me tornavam cativo. O crédito é todo de D-s, já que é impossível a gente se autossustentar ou ter força suficiente pra carregar o peso dentro de nós. Nossas dores e deficiências possuem uma dimensão grande demais pra serem carregadas sozinhas, embora a gente precise se responsabilizar [Marcos 8.34], o processo não deve acontecer em isolamento [João 16.33, João 14.27, Mateus 28.20].

Descobri o quanto sou amado

Descobri o quanto sou amado por minha família, e que fora eles, existem pessoas que realmente gostam de mim – apesar de meus defeitos – da forma que gosto delas por completo. Fico feliz em possuir a admiração das minhas irmãs e isso traz mais responsabilidade, afinal, nunca decidimos nada pra nós mesmos, mas pra todos que nos amam.

Aos 26, não toquei o mundo como Steve Jobs e tantos outros com sua paixão e arte, mas alterei meu mundo e impactei bem mais pessoas que esperava, como os ex-alunos que se recordam com carinho de mim. Escrevendo embriagado pela música, percebo: o mundo que de fato importava impactar era o meu e de todos ao meu redor.

Tantas pessoas ganharam o mundo, mas perderam a si próprias [Mateus 16.26], como Amy Winehouse, Kurt Cobain, Mamonas Assassinas, ou tiveram lares desfeitos devido à ganância [1 Timóteo 6.10] – como abordado nesse artigo. O que adianta conquistar tanto se a essência que significa nossa vida acabar por se perder. A fama não traz de volta o amor, o respeito e a consideração dos queridos. Que adianta ficar estorado e me perder em mim mesmo – e se a noite pedirem minha alma [Lucas 12.20]? O que acontece quando se erra o Alvo? Para onde se vai [Apocalipse 20.15]? Só há um caminho e uma única direção [João 14.6] a seguir pra obter a vida.

Embora exista uma promessa de D-s pra mim – condicional a uma entrega verdadeira – não sei se ela contempla o que desejam minhas aspirações. Mas ainda que eu passe como um anônimo pra bilhões de espécies da raça humana, pelo menos isso não vai acontecer com os que se chocaram com meu universo, cuja troca de energia gera novas constelações. Afinal, posso ser pequeno, até mesmo imperceptível às vezes, mas tenho em mim sonhos que se estendem pelo universo.

Agradeço por cada um que me aceitou como sou [Provérbios 17.17], principalmente com minhas imperfeições, e por ensinarem não haver como gostar de alguém atentando para seus defeitos. Obrigado D-s, por ser um pai que me ama de forma tão intensa, que não há como expressar [João 3.16], a ponto de merecer todo meu amor e gratidão [1 João 4.19].

Ósculos e amplexos,

Mishael Mendes Assinatura
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