Todo designer que se prese reconhece a importância de fontes pra construir um bom projeto, porém saber isso não é suficiente pra criar algo impressionante, que arranque likes e elogios, além de despertar a atenção do público.
Apesar de parecer fácil, tipografia é algo complexo, com estruturas e detalhes abrangentes. Se você gosta de design, mas está perdido, não tem muita noção ou mesmo tempo pra isso tudo, então chegou no lugar certo!
Seguindo as dicas deste artigo, será possível usar fontes como um expert a ponto de você evitar erros grotescos e saber como encontrar a fonte ideal, além encontrar um superbônus no final. Pra isso, você só precisa ler a postagem – a parte mais difícil já fiz pra você: trazer um conteúdo completo e exclusivo. 😉
Criatividade, a mãe da tipografia
Tipografia (do grego typos “forma” e graphein “escrita”) é a arte do processo de compor caracteres, sejam eles letras, números ou símbolos, com o mesmo estilo visual. Antes da prensa móvel ser inventada pelo alemão Johannes Gutenberg, em meados de 1439, o processo de publicação era todo manual, não porque não existissem técnicas de impressão.
No final do século II antes de Cristo, os chineses desenvolveram formas de imprimir em larga escala, mas o processo utilizava uma placa fixa pra cada página o que levava um tempo considerável pra livros serem impressos, além disso, o processo de fabricação era mantido em segredo. Assim, os livros acabavam compilados manualmente, o que elevava seu preço, a ponto do próprio Gutenberg não poder comprá-los, embora adorasse ler – razão que o motivou a facilitar esse processo.
Compilados manualmente, a técnica exigia uma dedicação que apenas monges – vivendo isolados em mosteiros – podiam desempenhar com a qualidade necessária, desenhando cada letra por dias a fio; algo que podia passar de um mês. Caprichosos, alguns enfeitavam as publicações com iluminuras – as primeiras ilustrações – que costumavam estar no capitular, primeira letra de um capítulo. O costume de destacar a inicial de textos se manteve, como no início desse artigo ou em jornais e revistas, até mesmo na Bíblia é possível encontrar capitular nos números dos capítulos.
Graças a invenção de Gutenberg, que utilizava tipos móveis encaixados numa placa, o mesmo tempo de produção exigido pra produzir um único livro artesanal possibilitava a impressão de vários com a prensa móvel. A possibilidade de produção em massa permitiu baratear publicações, fazendo surgir inúmeros periódicos e jornais que tornaram o conhecimento mais acessível.
A possibilidade traga pelos tipos móveis fez surgir diferentes formatos, desenvolvidas pelos tipógrafos – profissionais especializados em criar diferentes formatos – utilizando complicadas técnicas pra isso.
A fonte da fonte e a sua revolução
Diferente do português, onde a palavra fonte está ligada a nascente ou manancial de água – significando a origem de algo – o nome adotado pro conjunto de tipos digitais vem do inglês font. Enquanto a palavra inglesa procede do latim fundita (do verbo fundere, fundir), devido à forma que os tipos eram fabricados, a portuguesa se origina no latim fons, fontis, que em inglês corresponde a fount ou fountain. Assim, o mais correto seria dizer tipo de letra, mas fonte acabou pegando graças a informática.
Durantes anos o uso de fontes ficou restrito a empresas de mídia e agência de marketing e publicidade até, na década de 70, a computação pessoal possibilitar qualquer um ter um dispositivo avançado pra criar conteúdos, ao invés de apenas consumi-los, como rádio, TV e mídias impressas. Com o computador era possível criar documentos e uma série de outras arquivos antes possíveis apenas por uma editora.
Apesar da primeira fonte digital, a Digi Grotesk, um tipo bitmap que surgiu antes mesmo da computação pessoal, em 1968, as fontes só passaram a fazer sucesso com a chegada de editores de textos e programas de editoração gráfica, onde se podia alterar entre as instaladas no computador através de uma lista de opções.
No passado, cada tamanho ou corpo de fonte, e suas variações, como itálico, versalete, etc., precisava ser adquirido a parte. Com a digitalização, que tornou o processo de produção das mesmas menos complexos, se tornou possível ter num único arquivo todos os tamanhos possíveis, com um pra cada estilo.
Fonte é um arquivo vetorial, ou seja, é escalonável, o que significa que pode ser ampliada e reduzida, mantendo a qualidade. Devido a praticidade de ter tudo em poucos arquivos, a busca por fontes cresceu, fazendo surgir tantas fontes quanto há estrelas; tornando encontrá-las as pencas pela Web. Exatamente aí que se encontra o problema! 😥
Pensando fora da tela
Se a tecnologia facilitou o uso e o acesso às fontes, muitas vezes elas acabam usadas de forma incorreta ou incoerente, cometendo erros grotescos como prejudicar a leitura do conteúdo ou passar uma mensagem contrária ao que devia.
Por mais tentador que seja escolher a fonte mais bonita de sua lista de opções ou aquela que está sendo bastante usada por outros designers, fazer isso pode te levar a cometer um grave erro.
Antes mesmo de iniciar seu projeto você deve ter em mente qual o objetivo dele. A função primordial de qualquer peça, seja ela digital ou impressa, e sem importar o formato ou o meio pelo qual será entregue, é despertar a atenção do público pra haver uma ação favorável ao anúncio.
Útil pra compor a comunicação, antes usar uma fonte é necessário saber em que mídia ela será distribuída, porque isso impacta no seu tamanho, quantidade de elementos e estilos que podem ou não ser usados. No caso de materiais físicos, ainda conta o material onde será impresso.
Fontes finas somem ou ficam ilegíveis na impressão, exigindo opções com mais peso de corpo, algo que não ocorre em telas; assim como usar fontes pequenas, em impressos pode ser um problema, já no digital basta usar caixa alta (maiúsculas).
Pra leitura em dispositivos, por muito tempo se usou fontes sans-serif, sem serifa, que possuem menos variação no largura do traço, porque facilitavam a leitura. Até a chegada de telas de alta definição tornar as mesmas sem graça e pouco atraentes, e passou-se a utilizar fontes serifadas – serifas são as perninhas ou traços de prolongamento que tornam os caracteres mais charmosos.
Se você vai criar a distribuição dos elementos – o layout – não apenas inseri-los, que seria fazer a diagramação, é preciso saber que a forma do título ser apresentado chama a atenção mesmo no fim da peça. Seu tamanho, distribuição e estilo da fonte é que ajudam a direcionar a leitura, causando o efeito de foco principal.
Também é importante atentar em como elementos, como texto e imagem, devem ser distribuídos de forma a reforçar a comunicação; quais as melhores cores, porque cada uma tem um significado psicológico, e que paleta de cores usar. Atualmente, entre impressos e pra exibição na tela, estão disponíveis os seguintes modelos de espaçamento de cor: RGB, CMYK, Grayscale, HLS, HSB, HSV, Lab, RYB, Pantone; cada uma com suas particularidades e indicadas pra determinado tipo de uso.
Agora, se você quiser mesmo construir projetos de design admiráveis, então não pare aqui. Porque está na hora de saber o segredo que te fará ter sucesso com o uso correto de fontes!
Criando projetos de design impressionantes
Sabendo a mensagem que deve ser transmitida e as preferências do público-alvo que geram a persona, ou o perfil, de quem desejamos atingir, é possível definir o tom da comunicação. O tom, ou a forma de se expressar, é quem ajuda a criar a personalidade da marca, além de dizer a fonte ideal pra cada projeto, e se baseia nos 12 arquétipos, conhecidos como o complexo de herói, inconformado, solucionador, independente; aventureiro, sábio, engraçado, empático, exclusivo, criador ou governante.
A partir disso é possível escolher a fonte que vai reforçar a mensagem desejada, criando uma peça envolvente. Se o objetivo for transmitir carinho as opções cursivas, como de convite de casamento, são ideais; pra aventura, as mais espaçadas e com distribuição irregular, pra inconformado pontiagudas e incomuns; pra modernidade, as sem serifa.
É preciso pensar que história a fonte pode contar e ver se o que ela diz se encaixa no que desejamos transmitir e isso é o que criará uma peça harmônica e impactante. Assim como as cores, as formas da fonte possuem uma dimensão maior que despertam gatilhos e memórias em nós. Como disse Jonathan Hoefler, em Abstract, é preciso “olhar pra fonte e ver se ela comunica algo mais profundo que a palavra em si, se desperta outro significado; todas as fontes fazem isso, depende apenas da emoção que queremos transmitir”.
O tom ainda guia o estilo adotado na comunicação, definindo se será vintage, grunge, moderno, clássico, pop art, futurista, etc. Pro projeto transmitir sensações, como dor, alegria, tristeza, paixão, raiva, ansiedade, surpresa, status e causar engajamento no público.
Agora se você quer mesmo acertar a mão no design com o uso de fontes procure manter a unidade: evite usar diferentes fontes, pra aumentar as opções, procure por uma com família. Família tipográfica é um conjunto de fontes com as mesmas características visuais, cada uma com suas particularidades, como negrito, itálico, versalete, mais ou menos espaçada ou com diferentes pesos de negrito. Assim você terá diversidade e conformidade visual que dão a impressão de algo mais profissa.
Por último, mas não menos importante: deve-se ter um conteúdo que valha a pena ser lido, porque não adianta um belo trabalho que desperte o interesse pra um conteúdo inútil. Tendo esses cuidados você conseguirá criar um design admirável com uma atmosfera apropriada ao objetivo de seu projeto.
Melhores sites pra baixar fontes incríveis e gratuitas
Agora que você já sabe usar fontes como um expert está na hora de conhecer os 13 melhores sites de fontes gratuitas pra deixar seu projeto incrível. Lembre apenas de manter a declaração de direitos das que instalar. Antes de ir à caça, tenha em mente o que precisa ser comunicado, aí é só reservar um tempinho pra isso porque opções impactantes é o que não faltam.
1001 Free Fonts – O nome precisaria ser atualizado, atualmente são mais de 10.000 fontes disponíveis. A página inicial exibi as mais recentes, mas na parte superior é pode-se filtrar por categorias que exibem miniaturas das fontes, por onde é dá pra baixá-las. É possível entrar com seu texto pra uma prévia com as opções mostradas, assim você só baixa a que mais se adequar ao seu objetivo.
Abstract Fonts – De cara são exibidas as últimas fontes adicionadas, com uma prévia, de onde podem ser baixadas; também é possível digitar seu texto. O inconveniente é que a opção de categorias abre outra página onde se deve escolher a opção desejada, por outro lado, há várias opções.
Font Shop – Antigo Acid Fonts, após ser adquirido foi transformado numa página de fontes gratuitas dessa loja. Há opções profissionais que podem ser usadas em diferentes projetos, é possível ainda classificá-las e escolher o tamanho da exibição; o ponto negativo é as opções serem exibidas numa única página.
Da Font – Um dos mais antigos e básico, possui fontes charmosas. Na home é possível ver as últimas adicionadas. Caso não saiba como instalar fontes no computador, abaixo das categorias, na parte de cima, há um mini tuto ensinando isso.
Text Fonts – Basta abrir o site pra encher os olhos de fontes elegantes e agradáveis, com imagens de aplicação atrativas. Há poucas categorias, mas é difícil não gostar das opções disponíveis, o ruim é que cada fonte é exibida numa página diferente, porém, outras opções são exibidas na barra lateral e no rodapé.
FontSpace – Com mais de 86.000 opções a página inicial nos fisga com as 15 opções escolhidas a dedo pela curadoria do site. Não há categorias, mas é possível fazer uma busca, bem como acessar coleções onde há fontes agrupadas. Tendo designers como foco, o site facilita o envio de fontes, além de ter uma página exclusiva pra exibir criadores. Exite ainda gerador de fontes e de Lenny Face, caracteres que resultam num rosto travesso pra usar em nicks.
Pixelify – Site com vários recursos, possui opções de fontes gratuitas ou versões de teste; sua home exibe as mais populares, mas pode-se filtrar pelas de uso pessoal e comercial, entre outras categorias. Com apresentação impecável, há belos exemplos de aplicação; cada fonte acessada exibe tags que permite filtrar pelas daquele estilo ou você pode acessar as opções atraentes mostradas a cada fonte selecionada.
iFonts – Cheio de fontes lindonas, a cada opção que você clica é possível escolher entre a versão gratuita e premium. Apesar de não possuir categorias ou tags, as fontes sugeridas são irresistíveis.
BE Fonts – Com a premissa de oferecer recursos gratuitos de alta qualidade, é possível testar fontes pegas ou gratuitas. Não há categorias, mas é possível fazer uma busca ou ver as opções sugeridas; caso goste de alguma, você pode acessar o perfil do designer e conhecer outras criações dele. Também há coleções com opções pra deixar seu projeto babadeiro; e uma página onde é possível enviar imagens pra que outros usuários sugiram fontes visualmente parecidas.
Unblast – Se fontes elegantes e modernas é o que você procura, esse site é pra você! Além de fonte, ele disponibiliza mockups, ícones, templetes, ilustrações, modelos 3D e até paleta de cores; ou seja, tudo que você precisará pro seu projeto. Cada página conta um pouco da fonte e exibe uma bela apresentação, além de outras fontes agradáveis.
Download Fonts – Com opções chamativas na página inicial, é possível fazer busca ou encontrar excelentes opções separadas por categoria. Cada página explica um pouco da fonte e onde melhor pode ser usada. Difícil vai ser baixar uma só, dá pra ficar umas boas horas navegando entre as opções mostradas.
Font Squirrel – Possuindo uma curadoria pra cada fonte adicionada, é fácil entender porque esse é o queridinho dos designers. Na página inicial são apresentadas as fontes preferidas da equipe, mas é possível ver as mais quentes, recentes, principais, coleções ou apenas pesquisar. Pra web designers é possível converter fontes do computador em arquivos que podem ser em seus projetos, sem deixar o site deformado.
Google Fonts – O Google também possui um site exclusivo com opções modernas e até ícones pra dar um ar renovado; é possível escolher que categoria será exibida, idioma, propriedades e variações. Além de alterar o tamanho, ainda dá pra entrar com seu texto e ter uma prévia. Surgida como uma ferramenta pra web designers, além de baixar fontes, é possível utilizar um código pra inseri-las em blogs e sites, sem precisar instalar, converter ou fazer qualquer gambiarra pras mesmas serem exibidas.
Reconhecimento de fontes (Superbônus)
Quem nunca se deparou com uma fonte em alguma mídia que despertou a necessidade de a ter pra usá-la em algum projeto futuro? Ou ainda: precisou editar um job antigo e não recorda a fonte usada ou precisa alterar um arquivo criado por outro designer?
O problema é que com a infinidade de opções disponíveis é impossível saber o nome de todas e mesmo fóruns dedicados a isso podem não resultar na fonte correta ou no tempo necessário – isso se a galera responder. Se encontrar a fonte certa algo que te incomodava: seus problemas acabaram!
Existem dois serviços que possibilitam a identificação de fontes, o What The Font?, do My fonts e o Matcherator, do Font Squirrel que funcionam com o reconhecimento automático de fontes. Basta escolher um dos serviços e subir a imagem com a fonte ou colar o URL (endereço) da mesma e mandar o reconhecimento começar.
O What The Font? permite digitar os caracteres que o sistema teve dificuldades em reconhecer, após analisar a imagem, ambos retornam uma lista com as fontes parecidas. Pra ajudar, uma miniatura acompanha conforme você desce a página. Apesar não serem produzidas pelas Organizações Tabajara as soluções não são perfeitas já que retornam apenas as fontes registradas em cada site, algumas podem até não ser encontradas, mas, no geral, costumam ser úteis.
Pra expandir a mente
Se esse artigo despertou sua curiosidade sobre a tipografia, tom da comunicação e psicologia das cores e você quer saber como tornar seus designs irresistíveis, além de ajudar o blog 😊, aqui estão quatro livros que você precisa ter! 🤩
Tipografia – O livro examina e ilustra conceitos básicos da arte de dar forma as ideias escritas. Trazendo a definição dos principais termos da área e a classificação dos tipos, a obra discute a composição, geração, produção e prática tipográfica.
Pensar com tipos – Já esse vai mais fundo na forma de usá-los, ajudando a pensar com uma mente de tipógrafo. Além de entender que tipografia é uma ferramenta que dá corpo físico a linguagem, forma concreta ao conteúdo e posiciona o fluxo social das mensagens.
O herói e o fora da lei – Esse foi quem trouxe o conceito dos 12 Arquétipos baseados em Jung, ele explica o motivo de algumas marcas serem extraordinárias a ponto de extrapolar o segmento a que pertencem. Se tornando símbolos da cultura pop e admiradas pelos consumidores, graças a humanização da marca.
A psicologia das cores – Aqui é aborda a relação das cores com nossos sentimentos e como isso não acontece por acaso, já que essa relação vai além do gosto, carregando experiências universais enraizadas na nossa linguagem e pensamento.
Espero que esse conteúdo tenha sido útil pra você! Se ele te ajudou mesmo, deixe seu comentário e compartilhe com quem você sabe que se interessa por conteúdos relevantes.
Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.