“Maturidade apenas aumenta a percepção de que tem-se muito a amadurecer.”
Mishael Mendes [1 Coríntios 2.6]
Eu escolho você
Pokémon nos ensinou que evolução pode ser mais incrível e veloz que as aulas de ciências costumam mostrar, basta juntar a quantidade certa de doces e poeira estelar com o ambiente ideal – no caso de Eevee dá até pra escolher qual será a evolução mudando seu nome, em Pokémon GO.
Na natureza o processo evolutivo também pode ser surreal, como acontece com as enguias – cujo mistério da reprodução levou intelectuais a concluir brotarem do nada ou mesmo da lama. Algo que deu nó até no cérebro de Freud – talvez por isso ele tenha dividido a mente em diferentes partes tentando desfazer o laço que se formou na dele.
Abra a sua mente
Evolução vem do latim evolutio, significando desdobramento de algo – o que acontecia com os pergaminhos. O significado atual de crescimento e amadurecimento só passou a estar associado a esse termo após ele ser usado pra explicar a seleção natural.
Se hoje a palavra é batida, quando o livro “A origem das espécies” (“On the Origen of Species“, de 1859), de Charles Darwin e Alfred Wallace, foi lançado, o conceito chocou a imprensa e a comunidade científica do século XIX. Pressionado, Darwin fez várias correções no manuscrito original, alterando hipóteses que acabaram comprovadas pela ciência ao longo dos anos. Embora a ideia de evolução existisse desde os filósofos Empédocles e Lucrécio, cujas ideias foram refinadas por Aristóteles, o pessoal da antiga não estava pronto pra essa conversa e se recusou a ceder pra um dos sinônimos de evolução: mudança. E não há nada que represente melhor a evolução que a maturidade.
Só ouço falar
Não é só caviar que a gente costuma conhecer mais de ouvir. Apesar de muito exigida e desejada, maturidade é uma soft skill (habilidade interpessoal) que acaba ficando mais no campo do abstrato, onde pode receber uma série de atributos que a tornam um superpoder. E de fato é, embora numa escala menor que a proposta por Darwin, ela causa transformação suficiente pra nos tornar nova criatura [2 Coríntios 5.17] e pode até resultar em mudanças físicas.
Com ela é possível passar de um estado menos evoluído pro um mais avançado a cada novo significado absorvido – de maneira mais aprimorado que a da Vampira e alguns X-Men que precisam sugá-las de outras pessoas pra combinar e modificar seu estado natural. Isso não significa que o atributo seja um item opcional ao qual a gente escolhe se quer ou não adicionar, afinal, expressando saúde emocional e sabedoria, a maturidade é necessária pro nosso bem-estar e progressão através das diferentes fases da vida.
Passa tempo, tic-tac
O tempo costuma proporcionar a capacidade de responder às situações de maneira apropriada à idade, mesmo assim, amadurecimento não está ligado a números. Esse processo de evolução não precisa de uma geração inteira pra ocorrer e pode estar acontecendo agora mesmo enquanto você lê esse artigo. A própria raiz da palavra afirma isso, vindo do latim maturitas, significa “maduro, que vem a tempo, em momento favorável”, sendo particípio passado de maturare, de mane, “cedo, relativo à manhã”. Daí o significado de “oportuno, que se desenvolve plenamente, em tempo adequado”.
No grego a palavra usada pra maturidade é teleios, “maduro, completo, perfeito”; adjetivo de telos, “objetivo, propósito, concluído, completo, cheio, sem faltar nada”. Assim, maturidade tem mais a ver em como escolhemos responder e agir a adversidade das situações, não, a uma contagem crescente de anos vividos.
Avançando pra próxima fase
Esse nível de evolução, que costuma ocorrer no cérebro, exerce controle sobre corpo e mente e as demais áreas da vida, como nossa conduta e os relacionamentos interpessoais; nos tornando pacientes e mais dispostos a ouvir que falar. Demonstrar gentiliza e responsabilidade afetiva, além de buscar entender a situação e a pessoa, antes de agir. Segundo Tracy McMillan “cuidar – das pessoas, das coisas e da vida – é um ato de maturidade”, já pra Samuel Ullman “é a capacidade de pensar, falar e agir de acordo com seus sentimentos nos limites da dignidade”.
Maturidade não é um ponto fixo, mas uma competência adaptativa que nos faz avaliar as variáveis pra fazer a escolha acertada. Uma forma de alcançá-la é através da reflexão. Após identificar comportamentos problemáticos e reconhecer como as emoções nos afetam, é preciso estabelecer metas e ajustes necessários em nossas atitudes e interações cotidianas que irão alterar nossa mente até os impulsos serem controlados e a mudança se tornar hábito.
É hora de dar tchau
No outro extremo da escala evolutiva se encontra a imaturidade, essa dificulta a compreensão mesmo de situações simples, ao nos fazer resistentes e querer impor nossa vontade. Resultando em feridas em nossa psiquê e o afastamento das pessoas por nos enxergarem como pessoas difíceis.
Permanecer nesse estado nos faz acessar uma versão bugada da vida que carrega desafios maiores e mais complexos a cada fase, por não conseguirmos nos adaptar. Até porque a gente não consegue ver as coisas como são, mas por um filtro que identifica possibilidades de problemas e direciona nossa ação pra torná-los verdade.
A falta de maturidade nos leva a tomar decisões precipitadas que se baseiam apenas nas emoções e impulsos. Por isso, é preciso fazer, como disse Joshua L. Liebman: “adiar prazeres imediatos por valores de longo prazo”, desistir de algo mesmo que nos custe, negar nossa vontade [Lucas 9.23] e agir de forma positiva pra crescermos a cada incidente.
Adulto na sala
Maturidade é mais um conceito aplicado a diversas características que melhoram nossa postura e convivência que um upgrade único, assim é necessário continuarmos em evolução pra lidarmos com diferentes tipos de desafios – que nunca sabemos qual irá surgir. O problema é que nem sempre temos todas as qualidades necessárias ou não as desenvolvemos por completo, sendo importante ter bons conselhos [Provérbios 19.20] pra nos direcionar e ajudar nas tomadas de decisões. As interações sociais acabam sendo importantes nisso, já que a maturidade se desenvolve conforme nos relacionamos – razão pela qual é importante não se juntar com os zoeiros [Salmos 1.1] e manter distância das más companhias [1 Coríntios 15.33].
Pode ser ainda que nosso mundo esteja a maior desordem, por consequência da opressão e violência do ambiente ou pelo caos causado pela pandemia que deixou as pessoas em fragilidade emocional. O fato é que nossas limitações podem nos levar a experimentar a falta de alguém poderoso em quem podemos confiar, que nos pegue pela mão e diga pra não ter medo, porque veio ajudar [Isaías 41.10,13]. Reconhecer nossa fragilidade também é importante, afinal, “errar é humano; tropeçar é lugar-comum; conseguir rir de si é maturidade”, registrou William Arthur Ward.
Com destino ao aprendizado
Quando garoto eu imaginava ser possível alcançar um conhecimento absurdo. A partir disso conduzi minha vida em direção a esse objetivo, até a maturidade me fazer abandonar essa ideia infantil [1 Coríntios 13.11]. Isso porque o que absorvemos nunca será suficiente pra tudo o que é necessário saber, até lá, a vida segue numa busca constante que um momento vai findar, mas não por alcançarmos o pleno conhecimento.
Diferentemente do que costumam citar, Sócrates não falou “só sei que nada sei”, o que ele disse na real foi estar ciente da própria ignorância ao reconhecer não entender sobre todas as coisas, ou seja, admitiu o limite de seu conhecimento ao invés de desprezá-lo. Da mesma forma, não devemos rejeitar o que sabemos, porque não é possível desconhecer o que já conhecemos e por mais limitado que seja, serviu de adubo [Filipenses 3.8] pra nos levar ao patamar da compreensão – como a certeza de nossas limitações, da qual é possível alcançar a prudência [Salmos 119.66] resultando em tolerância.
Conhecimento é poder pra reconhecer a própria ignorância, afinal, certeza é algo que não podemos possuir; o que vemos é imperfeito, parte de algo maior [1 Coríntios 13.12], assim só é possível expressar nossa perspectiva. Apenas reconhecendo isso será possível alcançar uma maturidade e sabedoria que não caem no esquecimento [1 Coríntios 2.6].
Artigo publicado originalmente no LinkedIn, também está disponível no Medium.
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Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.