#episodioanterior
A vontade de ser ver logo era tanta – também por parte de Derry – que ele propôs de encontrá-la antes mesmo do date oficial, mas Adie acabou dando bolo.
Quando a hora de sair chegou e ela estava toda encantada, algo a faz querer desistir de tudo, mesmo Derry a esperando na frente de casa. No fim, ela vai e volta tão encantada que não vê a hora de estar novamente com o crush.
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Tão logo Adie conseguiu escapar da mãe, correu pro quarto pra falar com Derry. Apesar de contente por poder compartilhar como tudo tinha sido incrível, ela só queria falar logo com ele, tocá-lo novamente, beijar e estar na companhia dele, nisso eles acabam varando a madrugada, o assunto parecia não ter fim e o papo ficou ainda mais gostoso, assim continuou durante a semana.
— Que cê vai fazer no feriadão?
— Aproveitar pra ficar de boas. E você, conseguiu folgar?
— Sim! – Derry mandou emojis comemorando. – Então, marca nada porque cê vai ser só minha.
— Tudo bem. – Foi tudo que Adie respondeu, mas sentiu até um pouco de falta de ar, enquanto as bochechas coraram, ainda bem que estavam conversando por áudio, daí não deu pra perceber nada disso, nem que ela quase engasgou com o suco de maçã que tomava na hora que ouviu a proposta. – E onde a gente vai? – Curiosa, ela quis saber no segundo áudio.
“Às vezes as pessoas podem ser bem contraditórias, isso geralmente acontece quando não percebem que, independente dos motivos, suas ações podem ser inconvenientes.”
— Ahh, isso vai ser segredo, mas a gente vai fazer bastante coisas.
— Eita, mais de uma?
— Su memo! Se for por causa de horário deixa que falo com o Deepak.
— Não… é que dependendo preciso me programar com a grana.
— Nem vem! Mina minha paga nada.
Adie logo percebeu que nesse ponto Derry fazia questão de não deixá-la arcar com custos nenhum e foi bom ouvir isso, ela nem ligava se alguns consideravam isso machismo, pra ela era o bom e velho cavalheirismo, como definida a mãe ao falar dos garotos do tempo dela – só disse aquilo mesmo pra deixar claro que não era interesseira.
— Com quem cê tá conversando? – Adie quis saber ao entrar na sala e ver o irmão de risadinha.
— Uma pessoinha aí. – Ryan piscou.
— E ela tem nome?
— Claro, bobona.
— E qual seria?
— Siri.
— Oxê! Que nome estranho é esse? Isso é apelido ou ela é um crustáceo?
— Nem isso, nem aquilo!
— Não vai dizer que tá gamado na assistente pessoal do iPhone?
— Também não!
— Então diz logo! – Adie mal conseguia esconder a curiosidade.
— Segredo. – Ryan disse, dando as costas e levantando do sofá.
— Peraí! Cê vai contar não?
— Siri quer dizer segredo em árabe! – Ele rachou. – Agora deixa de ser curiosa que cê ganha mais.
— Saco! Esse peste só usa a inteligência pra me zoar. Ele podia se dedicar assim nos estudos.
Adie não podia ver o irmão conversando com alguém que já ficava de marcação cerrada, querendo saber quem era, mais pelo fato de saber se ele tinha arrumado alguma garota decente do que por curiosidade. Ela estava muito a fim de, finalmente, ter uma cunhada, já estava cansada das minas que Ryan arrumava, cada semana eram duas diferentes – isso sem contar as que ele nem levava lá.
Embora ela quisesse saber das conversas do irmão, não gostava nem um pouco quando Ryan perguntasse quem falava – às vezes as pessoas podem ser bem contraditórias, isso geralmente acontece quando não percebem que, independente dos motivos, suas ações podem ser inconvenientes.
Quanto mais o feriado se aproximava, mais o tempo parecia destilar uma irresistível fragrância que despertava boas vibrações e a sensação de que algo bom demais estava pra acontecer.
O dia acordou sorrindo, com os pássaros inspirados, cantarolando canções, ao vê-lo entrar pela janela, Adie se ergueu de felicidade, quando estendeu a mão um filhote de pássaro pousou sobre ela, então, pulando da cama, ela começou a entoar uma música de amor, rodopiando pelo quarto, enquanto outros animais se aproximavam da janela, atraídos por tamanha felicidade… – espera, isso aqui não é um conto de fadas Disney, se bem que nem ela faz mais animação desse naipe.
Bom, o que aconteceu, de fato, é que ela acordou mais disposta, sentindo energia e disposição pra sair pelo mundo pegando os pokémon mais raros, embora já tivesse capturado o que desejava.
O despertar pode não ter sido tão encantado quanto dois parágrafos acima, mas Adie acordou sorrindo pra vida, porém ao ver que já estava quase na hora do encantado chegar, deu um pulo da cama, afinal, ainda tinha que se arrumar.
— Isso que dá conversar até tarde! – Ela voou pro banheiro e escovou os dentes enquanto se banhava.
Como era feriado, Derry e Adie aproveitaram pra ficar se falando até tarde, mas ela acabou esquecendo de que seu corpo exigia várias horas de sono pra se reestabelecer, ainda mais porque o trabalho tinha sido bem cansativo, assim acabou passando da hora que precisava acordar.
Felizmente o cabelo já estava pronto, no dia anterior, logo que saiu do trampo foi ao cabeleireiro dar um tapa no visual – só pra ficar ainda mais linda.
Só deu ruim na hora de escolher a roupa, enquanto se banhava pensou várias combinações, até achar a ideal, mas quando provou nada parecia especial, todos eram casuais demais, mas também não podiam ser especiais a ponto de deixar evidente o tanto de importância que ela estava dando pra ocasião – até porque ela nem fazia ideia pra onde iam, então precisava de um look curinga.
“Ter irmão é carregar um eterno fardo do qual você não sabe viver sem.”
Quando conseguiu decidir a roupa ideal, começou o processo de maquiagem, só quando colocou a sapatilha floral foi que seu deu conta de olhar no relógio.
— Já passou duas horas do combinado! Como assim!? – A voz até saiu estranha, tamanho o espanto.
Foi só o tempo de do pé tocar o chão da sala que Derry buzinou, então Adie saiu mandando beijos pra família e correu apressada pra fora.
— Desculpe fazer uma princesa dessas esperar! – Ele se desculpou, entre sorrisos, ao vê-la no portão.
— Tudo bem, cabei dormindo demais e perdi a hora. – Adie sorriu, sem graça.
— Comigo, aconteceu o mesmo. – Ele riu, com vontade. – Espera! Fica aí mesmo! – Derry falou de repente, saltando do carro.
— Que foi, tem bicho ne mim? – Ela se assustou.
— Não! Cê tá tão gatinha que queria te gravar na mente, pra nunca esquecer o quanto cê consegue ser ainda mais linda do que já é.
Enquanto ele se aproximava as bochechas de Adie aumentavam a gradação de vermelho, então Derry segurou seu rosto e a beijou suavemente, depois a puxou pela mão, abriu a porta pra ela, daí partiram.
Nem adiantou Adie ficar pentelhando, porque Derry não revelou pra onde iam, ele estava todo mistério, só disse que ela ia curtir bastante.
Adie não era boa com essas paradas de surpresa, era bem curiosa mesmo, mas Derry soube como levar, quando ela disparou a falar – devido à ansiedade – ele lhe deu um beijo que arrancou as dúvidas, fazendo-a lembrar o motivo de irem pra onde ela nem sabia – passar mais tempo com o encantado.
Depois dessa, os dois seguiram de mãos dadas, ele não precisou soltar nem pra engatar a marcha – até porque o carro tinha câmbio automático.
Adie aproveitou pra encostar no peito macio de Derry, então ele largou o volante e a abraçou, dando um beijo de esquimó, depois inclinou a cabeça pra esquerda, enquanto ela fez o mesmo na direção contrária e ambos fecharam os olhos.
Ele passou de leve os lábios pelos dela e, enquanto trocavam de lado, os lábios iam se encontrando em pequenos selinhos, deslizando um no outro, até acontecer o beijo francês.
Adie sentiu a língua de Derry explorar sua boca e fez o mesmo, enquanto as duas se encontravam numa empolgante dança, ela sentiu leves toques do encantado acariciando-lhe o corpo.
— Derry, olha a pista! – Ela gritou, de repente, se tocando do que ele tinha feito. O desespero foi tanto que acabou batendo a cabeça na testa dele.
— Calma, bebê, tá no piloto automático. – Ele massageou a testa. – Cê tem uma cabeça dura. – Ele riu.
— Isso a mãe sempre diz. – Ela riu também. – Mas sei como curar isso.
— Ah, é!? Como?
Adie subiu a mão pelo peito dele, com um sorriso que se estendia pelos olhos, quando tocou o rosto de Derry, ficou massageando a maçã dele com o polegar e depois o desceu pros lábios, desenhando-os, lentamente, quando ele lhe mordeu o dedo, ela levou a mão pra nuca, puxando-lhe o cabelo, fazendo a cabeça inclinar levemente pra trás.
“O que torna o momento especial não é o lugar, mas a companhia de quem se está.”
Sem desgrudar os olhos, foi se aproximando, até as respirações se confundir, então ela mordeu-lhe o lábio, suavemente e os dois se incendiaram em beijos e carícias – o clima esquentou de uma forma que nem bombeiro podia apagar ou mesmo separar.
— Bebê? Acorda, a gente chegou. – Derry chamou, baixinho.
Quando ela abriu os olhos, viu o sorriso mais lindo do mundo todinho só pra si, mas não conseguiu deixar de sentir uma pontada de tristeza ao se dar conta de que tudo não passou de sonho.
— Cê tá mesmo cansadinha, né?
— Que nada! Tô pronta pra qualquer desafio. – Ela se aprumou no banco.
— Sei! – Ele riu. – Acho melhor a gente voltar.
— Nada disso!
— Certeza mesmo? – O sorriso dele mostrava que era só provocação.
— Claro! Só tava tirando um cochilo, mas a culpa foi sua.
— Verdade! A gente não devia ter ficado acordado até tarde.
— Nem é isso!
— Que é, então?
— É que cê é confortável. – Adie soltou sem conseguir encarar Derry, enquanto as bochechas ardiam.
— Você é mesmo uma graça! – Ele a beijou, sorrindo. – Bora lá?
— Sim! – O beijo foi suficiente pra recarregá-la e fazer Adie se sentir bem disposta.
Mas quando ela desceu do carro, ficou meio desapontada ao se ver no estacionamento de um shopping, apesar do local ser bonito e elegante, a ideia que teve de passar o dia todo com o encantado tinha sido bem diferente disso, ainda mais sendo ele quem era, mas ela respirou fundo e só foi.
— Cê vai adorar! – Derry a puxou pela mão, todo empolgado, como se tivesse lido os pensamentos dela.
Eles foram direto pra loja de games, Adie olhou em volta, tudo parecia bem moderno e tecnológico, mas nem um pouco romântico ou interessante. Ela percebeu que pra usar aquele monte de geringonça high-tech era necessário comprar horas, aí dava pra jogar qualquer título de realidade virtual disponível.
Quase que ela avisa Derry que seis horas era exagero – ainda mais por aquele preço – mas quando tocou a mão dele, viu tanta felicidade naquele olhar que deixou quieto.
— Que foi, bebê? – Ele conseguiu sorrir ainda mais.
— Nada… só tô feliz de tá aqui com você. – Ela desviou o olhar, porque a luz emanada dos olhos dele estavam começando a queimar.
— Você é mesmo fofa demais. – Ela acariciou-lhe o rosto. – A gente vai começar por esse.
Derry se afastou, pro alívio de Adie, o rosto ardeu só pelo toque dele, imagina se a tivesse beijado na frente daquelas pessoas, embora a maioria estivesse com óculos de realidade virtual – o diferencial dali é que todos os jogos e simuladores envolviam esse tipo de experiência.
Eles começaram pelo simulador de corrida, o Project Cars 2, assim que Adie colocou os óculos, ela acabou deixando escapar um gritinho de surpresa e contentamento, os gráficos eram mesmo de impressionar, nos primeiros minutos ela mal sabia controlar o carro e só batia, Derry ia dizendo o que ela tinha que fazer, mas bastou ela pegar o jeito da coisa pra ele mal ter chance de ganhar.
— Nossa! Não sabia que cê era tão bom nisso e nem tão competitiva. – Ele riu.
— Sou uma caixinha de surpresas. – Ela riu, se gabando.
— A caixinha mais linda de todas. – Derry sorriu, a arrastando pra próxima atração, sem que as bochechas dela tivessem tempo de corar novamente.
— Derry, acho que não quero esse, não gosto de zumbi. – Ela apontou pro Arizona Sunshine.
— Relaxa, bebê! Um pouco de ação faz bom e a gente vai tá lá juntos. – Ele piscou, enquanto afastava a mecha que cobria os olhos dela.
— Tudo bem. – Ela sorriu, já ficando sem jeito.
Dessa vez ela já estava mais ambientada, só não curtiu muito essa coisa de usar arma.
— Não quero usar isso!
— É só de brincadeira.
— Mesmo assim, não gosto da ideia de matar algo, mesmo que virtual.
— Ora, Adie, deixa de ser medrosa! – Derry provocou.
— Não sou medrosa… só não gosto dessas coisas…
— Ahaaam… – Ele continuou. – Espera, Adie, que cê vai fazer? Vira isso pra lá e…
— Kapow! – O tiro ecoou, acertando o peito dele.
— Por que cê atirou em mim? – Derry quis saber ao reiniciar o jogo.
— Nunca duvide de uma garota com arma na mão, bebê!
— Háaa… então é assim?! – Ele ergueu a sobrancelha.
— Sim!
— Kapow! – O tiro ecoou novamente.
— Ué!? Por que atirou de novo?
— É que gostei da sensação.
— Sério mesmo? – Ele sorriu maliciosamente.
— Sim!
— Kapow! – Mais uma vez o efeito sonoro se fez presente.
— Derry! Como se fez isso comigo?
— Porque é divertido! – Ele mostrou a língua.
Daí eles ficaram nessa, um atirando no outro, até Derry resolver fazer uma disputa, pique velho oeste, mas quando ele virou pra atirar viu um zumbi vindo pra cima de Adie e mandou chumbo nele, o ato inesperado a assustou e ela acabou atirando no encantado.
— Coisa feia, féla! – Adie reclamou ao reiniciar o jogo. – Tô pronta pra exterminar esses coisa-ruim.
Então eles saíram atirando em tudo que é zumbi que surgia pela frente, não sem Adie tomar vários sustos, os bichos surgiam de tudo que é lado, os dois precisavam ficar atentos.
Pra se precaver, Adie saia atirando pra todo lugar, até porque fazer isso era divertido.
Ao chegar numa mina de óleo abandonada, ela viu que era só atirar na direção dos carros abandonados, ou zumbis, pras coisas explodir, ao ver um tambor de óleo seguiu na direção dele e apontou.
— Adie, não! – Mas só deu tempo de dizer isso e…
— Ka-boom!
— Bebê, para de graça! Agora a gente pegou o jeito.
— Tá bom! – Ela riu.
Os dois continuaram exterminando os zumbis que se multiplicavam mais que coelho.
— Adie, cuidado com aquele vindo ali! – Derry gritou de repente. – Deve ser o chefão.
— Na onde? – Ela procurou pra tudo que é lado, mas não viu nada. – Derry, cadê você? – Adie começou a ficar com medo, o silêncio parecia ainda mais assustador, mas resolveu seguir em frente, até que algo agarrou sua perna. – Aaaaaahh! – Ela deu maior berro. O susto foi tanto que acabou atirando em si mesma, tentado matar o coisa-ruim que a tocou.
“Quanto tempo é necessário pra desfrutar da presença de alguém especial? Talvez nem a eternidade fosse suficiente, ainda mais quando o tempo passa num átimo.”
A simulação foi encerrada e quando ela tirou os óculos, viu Derry abaixado ao seu lado, rachando de rir.
— Peste, quase morri do coração!
— Relaxa, bebê! – Ele deu um pulo e saiu correndo, mas Adie ficou de braços cruzados. – Vem, Adie!
— Não! – Ela fez a difícil.
— Tudo bem! Sei de um jeito de resolver isso rapidinho. – Ele sorriu, como se todo tempo só estivesse esperando a deixa pro Don Juan entrar em cena.
— Tá bem! – Rapidinho ela esqueceu a marra e se aproximou, já sentindo o calor nas bochechas.
Derry riu com vontade, ele já tinha sacado como incentivá-la a fazer as coisas de forma rápida.
Como Arizona Sunshine era bastante tenso, então pra desestressar ele a levou pra jogar Beat Saber, cujo objetivo era cortar cubos utilizando sabres de luz, dentro do compasso da música tocada.
— Certeza que cê vai começar com essa? – Derry quis saber assim que Adie escolheu a música.
— Sim! – Ela sorriu.
— É que essa do Imagine Dragons é bem difícil.
— Tudo bem!
— Então, tá!
Quando o jogo começou, Derry mal conseguiu fechar a boca, vendo Adie cortar os cubos numa sincronia perfeita, encaixando os cortes no melhor momento, criando harmonia com “Believer”.
— Não valeu, cê já tinha jogado isso antes! – Derry sorriu, provocando, quando Adie terminou com pontuação máxima.
— Nem sabia que ele existia até hoje.
— E como cê foi tão bem? – Ele estava incrédulo.
— Fácil! É só seguir o ritmo das batidas. É como se fosse um quebra-cabeças gigante, só quem bem mais dinâmico. Ufa! – Ela secou a testa.
— Quem diria que uma garota tão quietinha tinha tanto ritmo?
— Ah… a gente estuda de tudo um pouco…
— Mas não é só isso, cê também tem suingue. – Derry mostrou um Storie que fez dela, enquanto jogava, toda soltinha, dançando.
— Derry, pelamordi, apaga isso!
— Já ouvi falar de princesa se transformando em gata-borralheira, mas em pimentão é a primeira que fico sabendo que pode acontecer. – Ele riu.
— Derry, faz isso comigo, não!
— Ah! Nem vem! – Ele levantou o celular, baixinha como era Adie não conseguiu alcançar.
— Na boa, apaga o vídeo! – Ela suplicou com os olhos pidões.
— Por quê!? Cê mandou mó bem!
— Mó vergonha, ainda mais que cê tem um monte de seguidor!
— Já tem uns 2k que visualizaram. Seu número de seguidores vai aumentar rapidão.
— Ah! Apaga isso, por favor! – Ela juntou as mãos, implorando, toda envergonhada.
— Tá bem! – Ao ouvir isso, Adie respirou aliviada. – Mas só se você me derrotar no Beat Saber.
— Fechou!
— Que vença o melhor! – Derry colocou os óculos e escolheu logo Centuries, do Fall Out Boy.
A disputa foi acirradíssima, ambos eram competitivos, mas depois de muito suor, acabaram vencidos pelo cansaço e deu empate. Derry riu ao olhar Adie suada e ofegante, ela era mesmo uma ótima opoente, tão focada em vencer, que até esqueceu o motivo da disputa, então ele ficou quietinho.
Sentindo o paladar seco, a convidou pra ir no “Suco Bagaço” tomar uma bebida natural, pra matar a sede, além de hidratar o corpo, Adie concordou na mesma hora, isso era tudo que precisavam depois de queimar tantas calorias.
Derry pediu um Anticelulite, que tinha abacaxi com couve, hortelã, salsa e água de coco, ao ver hortelã e água de coco, Adie se animou e pediu o mesmo – essas eram as duas coisas que mais amava e misturadas só podiam ficar ótimas. Ela só pediu pra retirar a salsa, porque detestava, a atendente insistiu que nem dava pra perceber o gosto, ainda assim Adie preferiu sem.
Enquanto voltavam pra loja de games, ela pediu pra provar o suco de Derry e constatou que nem dava pra sentir o gosto, mas só o fato de saber que tinha aquilo já a desagradava.
Ao entrar, Derry lhe apresentou o Creed Rise to Glory, onde dava pra assumir o papel de Adonis Creed e lutar contra as maiores lendas do boxe mundial.
O olho de Derry chega brilhou de excitação, mas na vez de Adie, ela disse que ia pular.
— Cê deve tá cansada, né, quer ir embora?
— Só se for pra seu flat!
— Oi?
Adie viu Derry lhe olhando, com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso de quem não estava entendendo, daí que ficou vermelha.
— Tô falando com você, bebê. Cê ouviu o que te disse?
Ao ouvir isso, ela respirou aliviada, percebendo que a resposta havia sido apenas pensada, ela não chegou a pronunciar.
— Não é isso! É que não curto essas coisas de luta, acho meio sem sentido ficar batendo nos outros.
— Experimenta, cê vai gostar. – Ele sorriu lhe entregando os óculos.
— Tá bom! Só tenho que bater!?
— E apanhar menos! Pra ficar melhor, imagina que você tá lutando contra alguém de verdade.
Quem disse que depois ela queria parar de jogar?
Adie se empolgou tanto que queria bater em todo mundo, quase que Derry leva um de esquerda.
— Calmaí, bebê! – Ele se afastou bem a tempo.
— Desculpa! – Adie disse ao vê-lo inclinado.
— Nossa, pra quem não curtia cê não tava nem querendo mais sair.
— Pior que é legal! – Ela sorriu.
— Falei! Cola com o pai que cê passa de ano. – Os dois riram. – Por acaso você não tava me imaginando ali, né? – Ele piscou. – Ou tava? – Derry ficou preocupado.
— Não! Era outra pessoa aí.
— Seu ex?
— Não! – Ela riu com vontade. – O peste do meu irmão mesmo.
— Ah! Sim! Às vezes irmãos irritam bastante.
— Por falar nisso, cê tem irmãos?
— Não! Mas meus primos são como se fossem e a gente vivia um perturbando o outro.
— Ter irmão é carregar um eterno fardo que cê não sabe viver sem. – Ela respirou fundo, ao lembrar o quanto um era importante pro outro, apesar de todas implicâncias entre ela e Ryan.
Quando Adie colocou os óculos pra jogar Pixel Ripped 1989, encarnou Nicola, uma estudante do segundo ano do fundamental, viciada em games, que precisava ajudar Dot a recuperar a Pixel Stone, pedra que contém a alma do mundo 2D todo em 8 bits da heroína.
Roubada pelo Cyblin Lord, o vilão a estava usando pra abrir portais entre o mundo real e jogos de diferentes gerações, rompendo a barreira do videogame, trazendo vilões de diferentes mundos pra invadir o mundo 3D de Nicola.
Assim Adie precisou salvar ambas realidades, enquanto distraía a estressada professora, movimentando o corpo pra atirar bolinhas na lousa e ganhar tempo pra continuar seguindo com o jogo, sem chamar atenção dos colegas e menos ainda do temido diretor do colégio.
— Que cê achou? – Derry sorriu, pela expressão de Adie dava pra saber o quanto ela tinha gostado.
— Nossa, adorei! Tá até meio difícil de voltar pra realidade, queria mesmo é continuar por lá. É bem divertido, a parte mais difícil é prestar atenção no jogo sem esquecer da professora pra não dar ruim.
Por último, pra relaxar um pouco, foram de Tilt Brush, no começo deu um medinho, porque existia apenas escuridão, mas daí utilizando tinta colorida brilhante deu pra liberar a criatividade através de pinceladas tridimensionais que possibilitou criar cenários incríveis com estrelas, luzes e fogos que ganharam vida de uma forma incrivelmente surreal.
Pra Adie aquilo tinha sido o ápice e ela já estava bem contente, Derry havia conseguido acumular vários likes, mas daí ele disse que tinha guardado o melhor pro final.
— Agora a gente vai pro scape room. Cê já participou?
— Não, mas tava querendo.
— Pois vim pra realizar seu desejo, princesa. – Ele piscou, estendendo a mão, todo galante.
Só que quando chegaram lá, já tinha um casal esperando pra ir no Escape the Lost Pyramid e o Beyond Medusa’s Gate estava ocupado.
— Poxa, não vai dar tempo da gente ir. Queria tanto que você conhecesse. – Derry lamentou.
— Cês quer ir com a gente? – O rapaz perguntou.
— Sério? – Adie não conseguiu esconder o quando ficou feliz de ouvir aquilo.
— Sim. – A moça sorriu.
— Seria ótimo! – Derry confirmou. – Prazer, sou o Derek, mas pode me chamar de Derry e essa é a Adrija ou Adie mesmo.
— O prazer é todo meu! – Ele cumprimentou os dois. – Sou o Ander e essa é minha namorada Elysée.
Ela também cumprimentou os dois, então os quatro entraram na sala do Escape the Lost Pyramid.
Assim que entraram, foram imersos no universo de Assassin’s Creed Origins, através de mochilas com sensores de detecção que renderizaram seus corpos pra dentro do jogo, assim conforme percorriam o ambiente físico, foram explorando o espaço virtual com gráficos bem realistas.
O tempo de resposta proporcionado conseguia reproduzir fielmente os movimentos, apresentando apenas alguns engasgos ao correr ou em movimentos bruscos.
Outro ponto positivo é que os cenários possuíam demarcação pra impedir esbarrar nos limites físicos, ainda assim proporcionando bastante espaço pra caminhar.
Apesar dos óculos causar certo isolamento, eles puderam conversar via headset, enquanto interagiam com os objetos virtuais através de controles.
Então, utilizaram a Animus, uma máquina que permitia reconstruir memórias a partir do DNA, pra acessar as lembranças da equipe de exploradores, liderada por Sir Beldon Frye, que desapareceu, em 1928, na Península do Sinai enquanto procurava pela Pirâmide Perdida de Nebka.
A partir daí, se viram presos na pirâmide, revivendo o papel dos exploradores e precisaram achar uma forma de escapar dali, enquanto tentavam descobrir o que houve com a equipe desaparecida, além de localizar o que procuravam, resolvendo vários desafios e puzzles que permitia entender os mistérios e avançar pra próxima sala.
Quando conseguiram encontrar o tesouro escondido, faltava apenas dois minutos pra completar o tempo máximo de uma hora, o que só foi possível porque passaram o tempo todo se comunicando e trabalhando em equipe, compartilhando as habilidades de resolução de problemas e raciocínio rápido – o que tornou mais divertido solucionar os enigmas.
Assim que saíram, o “Beyond Medusa’s Gate” estava disponível, então, como os quatro haviam formado uma ótima equipe, partiram pro universo de Assassin’s Creed Odyssey, ambientado na Grécia antiga, onde precisaram encontrar a saída de uma vasta caverna, situada à beira do mar Egeu, onde está ancorado o lendário navio dos Argonautas, enquanto viviam uma aventura impactante que seria impossível reproduzir na vida real.
Mesmo não conhecendo a franquia Assassin’s Creed, as garotas se divertiram bastante, já os garotos, viciados em games, não paravam de apontar as referências.
Além de ambas experiências proporcionar níveis incríveis de imersão, pois uma vez dentro do jogo, eles se sentiram parte da história, se aventurando por outra dimensão.
Eles conseguiram resolver tudo faltando cinco minutos pra completar o tempo máximo permitido, Derry e Ander estavam tão felizes que se abraçaram e ficaram rodando, enquanto as meninas apenas riram, então Derry correu pro lado de Adie, a suspendeu pelas pernas e a beijou, ele estava tão empolgado que só se deu conta da gafe quando o beijo terminou, então a colocou no chão, meio sem jeito.
Ao fazer isso, pra sua surpresa, Adie o puxou pelo colarinho e lhe deu maior beijaço, fazendo a galera que estava na loja delirar – ela esqueceu completamente da timidez e o culpado por isso era Derry.
Dali, foram pra praça de alimentação, acompanhados de Ander e Elysée que, coincidentemente, também amavam comida japonesa. O casal era muito divertido, além de simpáticos e ter uma ótima química entre si, no final, os quatro trocaram números e cada um foi pro seu lado.
Apenas quando saíram do shopping e deu pra ver o céu escuro, Adie percebeu que o dia se ido e já era tarde, ela sentiu nitidamente a relatividade do tempo, como Einstein teorizou. Em outros dias, o mesmo montante de horas costumavam ter uma duração maior enquanto trabalhava, mas ao lado do encantado elas passaram num flash, deixando apenas boas lembranças.
Ela tinha tida mesmo uma experiência memorável, ainda mais num parque de diversões virtual, algo que nunca imaginou, mas ao lado de Derry isso se fez possível e ela entendeu que o que torna o momento especial não é o lugar, mas a companhia de quem se está.
Algo que ela nem lembrou e só agora se deu conta foi do mal-estar que tinha ouvido que o uso de óculos de realidade virtual causava, mas isso não aconteceu mesmo os usando praticamente o dia todo.
Dali os dois seguiram pra sua casa, Adie foi todo caminho agarradinha ao braço de Derry, aproveitando pra dar uns beijos a cada semáforo, pausando a conversa. Apesar da tarde incrível que passaram juntos, muito coisa ainda estava pra acontecer antes que o dia pudesse terminar.
#proximoepisodio
Quanto tempo é necessário pra desfrutar da presença de alguém especial?
Talvez nem a eternidade fosse suficiente, ainda mais quando o tempo passa num átimo. Ainda assim, Adie e Derry conseguiram curtir bastante a sós, pra isso evitaram entrar na casa dela.
Até que, em meio a ardentes beijos, dá ruim e a polícia aparece querendo revistá-los. No final a coisa até se acerta, mas quando ambos se recuperam do susto, o pior acontece e aquela noite acaba se tornando a pior de todas pra Adie.
Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.