Ensolarado dia, desperta-me o sol a invadir pela janela
Um quinto, do quarto, começa a aquecer o meio da cama
Por causa do intenso brilho, os olhos me fazem arder
Dia de pitoresca e pulsante paisagem vem me chamar.
A vida é constante poesia, sob a qual minh’alma flui.
Poesia é dor, sofrimento, contentamento descontente
Que evoca a profundidade de elevados sentimento,
Oscilamento de escala 7.0, entre alegrias e tristezas.
Erguido sou pelo vento que soprou, trago por frio vento
Enquanto refresca, rememoria algo mortalmente gélido,
Ainda assim tão necessário ao meu decadente pesar.

Diante do espelho me coloco e vejo-me facear, assunto,
Mas assusta-me o desconhecido semblante ante a mim.
A face brilhante revela, no registro dos dias que se vão,
O quanto realmente sou desconhecido pra mim mesmo.
Se já pensei conhecer-me, hoje estou certo não o saber.
Não sei quem é o ser espelhado em enigma ante a mim.
Terá alguém me conhecido quando nem eu o posso fazer?
Pode ser a ideia que pensei ter de mim mesmo esteja longe.
Mão no peito, circula fenda aberta, sob os dedos ela dói.
Maior não foi o estrago, pois racional te é o coração.
A hollowficação é requisito necessário do caminhar?
Sinto escorrer o visco de algo que já significou vida.
Olhando ao redor, vejo pessoas, diversas, a me cercar,
Família, parentes, amigos, colegas, também conhecidos,
Ainda assim a solidão me vem falar mais alto na mente:
O mar que refresca, nos dias de calor, é o mesmo que ilha.
Mantenho a janela aberta tentando afastar lembranças
Que seguem e perseguem, repetindo o que nunca existiu.
A claridade da imensidão, onde me lanço, faz perde-me
Vou fundo em sua beleza, enquanto de mim se vão os dias,
Correndo, escapam pelos dedos, escorrendo-me das mãos.

No fim do dia, antes de dormir, me ponho o céu contemplar,
Vejo amante incerta, escura noite estelar, que me aguarda,
Única que me parece aceitar da forma que não sei como ser,
Afinal, qual é mesmo o jeito certa? Isso ainda não descobri.
Assopro forte o vapor da xícara de leite que tenho nas mãos
Instantaneamente a sombra a minha frente repete o gesto.
O arrepio que sinto, corre eriçando todos os pelos do corpo,
Não sei se de espanto ou se é o vento tentando calor furtar.
Entre dúvidas e incertezas decido pelas cortinas fechar,
Mas, insistente, ele segue dando ondulante vida ao tecido,
Vida que parcamente vai sendo escrita na fumaça soprada,
Desisto, sentindo que venceu ele as empurra com vitalidade.
Imponente, o vento tensiona as frágeis e vitais barreiras,
Sem a menor resistência elas se afastam cedendo passagem,
Enquanto o vento invade o quarto a imagem parece se mover
E eu me perco no esplendor celeste de brilhantes olhos azuis.
#papolivre
Nem sempre se precisa de muito pra refletir, às vezes uma simples olhada no espelho, pode trazer a tona percepções que a gente ainda não tinha tido, aí vemos o quanto as marcas ali, jóias, adereços, desenhos tatuados – ou a falta disso tudo – mostra o quanto a gente já mudou – se pra melhor ou pior isso já é uma questão de percepção.
Pode ser que o eu de agora não tenha a ver com nada que você esperou, mas mudanças têm sempre a capacidade de nos impulsionar pra frente, mesmo que hajam desvios de rota. Então o jeito é aproveitar onde estamos e, partir daí, traçar novos rumos e metas até alcançar o que desejamos.
Ósculos e amplexos,


Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.
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