Ao beijar, não só os músculos da boca trabalham, nosso organismo explode em reações, enquanto os sentidos criam um emaranhado de sensações que se entrelaçam, tornando o contato e a troca de saliva em algo profundamente erótico.
O paladar permite apreciar a pessoa, saborear a maciez de uma língua em busca da nossa, enquanto o olfato captura uma fragrância que envolve em sedução, nos tomando os sentidos, ao misturar o perfume dela ao cheiro exalado por sua pele. Já a audição, que capta o carinho sussurrado ao pé do ouvido, registra o compasso ritmado do peito junto ao respirar ofegante, revelando o nível de prazer manifestado pelo corpo.
A visão leva a observar além do contorno dos lábios, da vivacidade a brincar nos olhos, e da beleza contornando seu rosto, nos fazendo admirar curvas que se desvendam a cada carícia do tato – que desperta novas sensações. A violência dessa mistura se potencializa quando a memória relaciona aquele instante com sensações de outras experiências, levando ao ápice, onde tudo o que podemos fazer é nos render.
Como se não bastasse o prazer proporcionado pelo beijo, sua ação ainda traz como benefício: menor chance de adoecimento, o que leva a menos falta no trabalho e reduz o risco de acidentes no ambiente corporativo, além de disposição suficiente que proporciona ganho salarial entre 20 e 30% a mais de quem não costuma beijar.
Se você deseja viver mais que a média, esqueça receitas e fórmulas da juventude, nem mesmo cremes anti-sinais ou remédios e suplementos. Beijar é o suficiente pra viver cinco anos a mais – se eu fosse você aproveitava essa pra começar os dias tascando logo beijo no mozão pra conseguir todos esses benefícios, e liberar energia positiva pro resto do dia.
A receita pra dias mais felizes, saudáveis, ser bem-sucedido e viver mais, implica em tornar o beijo parte da rotina, porque ele estimula a produção de ocitocina, o hormônio responsável pela sensação de bem-estar e relaxamento. Mas a prática pode ser viciante – como abordei nesse artigo – ainda mais quando combinada as substâncias produzidas no interior da boca e nas bordas dos lábios. Por isso não dá vontade de parar depois que a gente começa – sei bem como é essa sensação, deixa a gente até sem ar. 🤭
Nosso corpo é preparado pra beijar e pra isso não precisa nem enxergar direito. Um estudo, de 1997, realizado pela Universidade de Princeton, concluiu que nossos cérebros estão equipados com neurônios que nos ajudam a encontrar os lábios da cremolícia mesmo no escuro – isso explica porque uma galera curte escurinho, no cinema então dá pra ficar mais perto de um final feliz, já cantava Rita Lee. 😏
Se hoje o ato é visto como símbolo de amor profundo, carinho ou respeito, independentemente da religião, em tempos antigos foi usado com outros significados. Na Idade Média, por exemplo, o fato de um homem encostar os lábios na boca do outro representava uma espécie de contrato – pique, “dou minha palavra“. Apenas no século XVII os homens acabaram com o hábito de beijar outro cara na boca – pelo menos como fechamento de contrato. 🤣
Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.