Naquele quarto vazio onde a vida e a existência se desfaziam, tudo o que ela conseguia fazer era encarar as paredes cobertas de solidão e uma frieza que aos poucos lhe devorava as memórias, até ela desobedecer à ordem de restrição.
Um dia produtivo traz mais que realizações, também deixa o corpo moído, necessitando de cama com urgência. Mas o conforto que entorpece os sentidos, além de agradável pode ser mortal.
A escuridão não sabe jogar. Tudo o que ela faz é profundo, caótico e mais sério do que nossa frágil consciência consegue absorver antes de colapsar, mediante os horrores que podem se revelar ao cair das sombras mais escuras.
Um mal-estar já é desagradável, mas se isso acontece em meio a escuridão pode significar algo ainda pior que a zonzeira e a ânsia de vômito. O melhor é manter os olhos bem fechados e ignorar tudo o que você sentir ou ver.
Era só mais uma madrugada mal dormida que ele gastava no celular. Ele só não prestou atenção na data e o mal que poderia trazer pra si, ficar acordado ao invés de manter os olhos bem fechados, e afundar na escuridão.
Um chamado da escuridão o fez despertar pra socorrer o filho, mas ele vai descobrir que o medo do pequeno não é apenas imaginação. Existe algo de muito ruim naquele quarto e trazendo a morte sob as asas está prestes a atacar.
Ele não sabia se ainda habitava um corpo ou havia se transformado numa consciência vagante indo em direção a escuridão. Tudo estava impregnado de trevas. O pior: ele não sabia quem era ou há quanto tempo estava nas entranhas da obscuridade.
Ela conta sobre a existência de um lugar maldito, evitado por todos em sã consciência, até mesmo o mais cabra-macho. Porque além de ser habitado pelo total esquecimento, a noite o lugar era tomado por uma escuridão aterradora.