Mergulhei nas trevas buscando luz.
Quanto tempo cultivei a escuridão,
Procurando o brilho no abismo até
Compreender que a profundidade
Há muito, oculta, esteve em mim.
Atrás de claridade há tempos saí
Sabendo que o preço seria a dor,
Encarei o desafio com a bravura
De quem carrega sobre as costas
O peso do mundo, por castigo.
Mergulhei cada vez mais fundo,
Sem perceber que a escuridão
Era mais densa que o imaginado.
Trevas não coexistem com a luz,
Ou se tem luz, ou só escuridão.
Não há como habitar a plenitude
Da luz, cultivando sombras em si.
As marcas que das trevas trazia,
Visíveis se fizeram por toda pele,
Acentuadas, enraizadas na derme,
Tatuagens que em versos audíveis
Proseiam de momentos tão vívidos.
O que aparentou, brilhando, ser luz,
Foi aquilo que acabou por me cegar.
O que proporcionava prazer, alento,
Era o que me infundia mais dor,
O ardor visceral me envolvendo,
Não passava de morte a consumir,
Ao passo em que me ia desfazendo,
A cada palavra nos lábios proferida.
Cercado pelas brumas da escuridão
A dor se aprofundou até a alma,
Os ossos secaram, enfraquecendo,
Até a profundeza do abismo galgar.
Foi por pouco que ali não precipitei,
Pois há tempos o medo já se tinha ido,
Deixando restar apenas divagações.
Não havia percebido que a força a
Inspirar, drenava ao invés de encher,
Tornando vazio todos os passos meus,
Sem éter seguiram; nem marca restou,
No deserto aonde o vento areia sopra.
Minhas projeções não passavam de dor,
Sofrimento que resulta de sufocamento;
Ar denso, carregado de odor repulsivo,
Impedia conseguia enxergar além da dor,
Causa, motivo e circunstância de me por
Com profundidade de sentimentos, falar,
De forma lírica descrevendo momentos,
Daquilo que tão de perto vi, provei, vivi.
#papolivre
Rodeados por tantas informações e estímulos é natural surgirem diferentes questionamentos, alguns dos quais não temos as respostas. Porém, independentemente disso, essa busca por entendimento e explicações inicia ao tomarmos consciência de quem somos e qual nosso lugar no mundo – tem bicho mais curioso que criança?
Embora existam diversas formas de se chegar a Roma, o mesmo não acontece quando se busca a verdade [João 14.6]. Dependendo de como é feita essa investida, a iluminação pode cegar ao ponto de levar a uma queda livre nas trevas – que diferentemente do que mostra “Alice no País das Maravilhas”, não é nem um pouco divertida ou leva a reflexão, mas obscurece por total os sentidos.
Ainda que ninguém queira ir em direção à escuridão, esse desvio pode acabar surgindo, não como resultado dos questionamentos ou curiosidade, mas pela dúvida que embaça os pensamentos e faz perder o parâmetro, levando a rota errada [Provérbios 14.12]. Apesar do caminho certo não ser fácil encontrar [Mateus 7.13-14], é importante continuar a busca, porque só a verdade é que tem o poder de libertar [João 8.32].
Ósculos em amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.