Até quando vou continuar falando
Sem ter quem se digne a me ouvir
A destilar versos pra imensidão?
Até quando tentarei calar em mim,
Abismais gritos aterradores que
Tão de perto me vem perturbar?
Até quando vou perder o sono meu
Com a mente inquieta, vagueante,
Sem permitir obter sossego algum?
Até quando vou continuar errando
Passo após passo, vez após vez,
Como se aprender fosse impróprio?
Até quando vou ignorar os fatos
Que em detalhes me vêm mostrar
Ser a tristeza efeito do que plantei?
Até quando vou acreditar que valor,
Numa escala que chega até o céu,
É algo distante daquilo que possuo?
Até quando aceitarei o que sugerem,
Sem respeito algum, em imposição,
Deixando-me mutilar a identidade?
Até quanto vou tentar me deformar
Pra caber num formato ou padrão
Que não encaixo de jeito algum?
Até quando vou permanecer paralisado,
Vendo vida e oportunidades passando,
Quando tudo que preciso fazer é agir?
Até quando vou seguir me perdendo,
Por nefastos e mortíferos caminhos,
Sabendo a direção que devo seguir?
Até quando vou correr pelas trevas
Tropeçando e caindo vez após outra
Tendo como me alumiar os passos?
Até quando farei questionamentos,
Duvidando do que são afirmações,
Que só matam qualquer realização?
Até quando o incrível se mostrará
Como algo distante, inalcançável,
Sonho que desfaz pelo amanhecer?
Até quando o medo do desconhecido
Vai me paralisar, impedindo alcançar
Aquilo que com ardor tanto desejei?
Até quando vou brincar com fogo
Quando as chamas podem saltar
Queimando roupa e pele também?
Até quando irei fechar meus olhos
Quando os devia abrir, vendo o que
Não devo e sem ver o que preciso?
Até quando vou ficar me anulando
Desfazendo projetos e realizações
Achando merecer o esquecimento?
Até quando irei me encher de vazio
Com o que só dura alguns instantes
Com a eternidade habitando em mim?
Até quando vou procurar aprovação,
Tentando encontrar o valor que tenho
Em olhos e lábios que podem mentir?
#papolivre
A gente se permite experimentar tanta coisa e viver outras, o que não significa que essas experiências valham a pena, pois, não é porque podemos fazer de tudo que isso irá fazer bem [1 Coríntios 6.12]. O fato de adotar determinados comportamentos e seguir tendências pra sermos aceitos pode acabar mutilando nossa individualidade e nos fazer perder o que torna a gente único, enquanto torcemos e distorcemos nossa essência pra caber num formato inferior ao que somos.
Compensa seguir o fluxo, quando se percebeu que ele segue na contramão de nossos valores, rumo ao despenhadeiro [Provérbios 14.12]? Ainda que isso aconteça, pra resolver basta mudar atitudes, assim podemos causar mudança ao invés nos desfazer [Romanos 12.2], enquanto nos perdemos em nós.
Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.