Ao som da chuva tudo silencia
Sua imponência rouba toda atenção,
Ao som da chuva a calma se refaz
Se reestabelece a tranquilidade.
Ao som da chuva me envolve a paz
Conforto e abraço que tranquiliza,
Ao som da chuva se vão os medos
Restando uma noite de sonho feliz.
A chuva lava, carrega, desfaz
Tudo aquilo que eram cargas
Todas as minhas tempestades
E o que era temor é arrastado
Pra distância do esquecimento.
O que era erro acaba afogado,
Sensação de vazio é inundado,
Questionamentos são desfeitos
Enquanto lá fora a chuva cai.
O som que me invade o ouvido
Traz uma melodia irresistível
De segurança e tranquilidade
Vibrando toda água em mim
Vem lembrar onde eu descanso.
Também sou água e vou chover
Até alcançar as águas tranquilas
Onde o movimento de vida
Agita e desloca a face das águas
Já chovi tanto pra mim mesmo
Embora nem sempre seja a causa
Mas enquanto a chuva canta
Me embalando com o sono
Convida a chover com ela
Correr livre pelo céu e árvores,
Precipitando de galhos e folhas
Indomável pelas ruas e avenidas
Sem que ninguém possa deter
Assim enche os açudes, alaga rios
Trazendo energia, afoga a sede
Mais uma vez chama pra chover
Fluir a liberdade que só ela tem
Pra correr campos e a imensidão.
#papolivre
Quando a chuva chega, a gente costuma procurar abrigo e manter distância de metais pra escapar dos raios, sem atentar pra sua importância. Mas a água que cai durante a tempestade, enche os lagos e rios, recarrega aquíferos subterrâneos e fornece bebidas pra plantas e animais, permitindo o ciclo da vida continuar.
Existe algo de maravilhoso na chuva que de graça cai, em sua força que balança as árvores e enxarca à terra. Sua agitação é provocada pelos passos daquele que anda no temporal, cujas nuvens são o pó de seus pés [Naum 1.3]. O trovão anuncia sua chegada e as nuvens escuras lhe servem de estrada [Salmos 18.9].
A canção da chuva é proximidade que envolve, a carregar o Senhor do tempo que desliza sobre as asas do vento [Salmos 18.10] – aquele que possui o controle tanto sobre a unidade que mede o deslocamento da vida quanto das condições climáticas [Salmos 148.8]. Por isso a calmaria habita as tempestades e a segurança se mostra nos raios.
Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.