Não adianta ter nome, aspecto,
Nem mesmo trajes ou trejeitos
Se na essência é coisa alguma
Daquilo que pode se perceber.
Se em cada reflexão há morte,
Crueldade, engano, destruição
A lhe habitar por toda a mente
O que se vê é apenas ilusório.
Mesmo transvestido em fulgor,
Em si, o mal só contém trevas,
Quanto maior é a obscuridade
Se a maldade brilha nos olhos.
Em ovelha a aparência remete
Mas sob a pele há lobo tirano
Ainda que as ações ludibriem
Os frutos revelam a perversão.
Falta ao espinheiro a vocação
Em produzir o autêntico azeite
Torpor e feridas é tudo que faz
Enquanto vai sorvendo a alma
Em cada gota se esvaem forças
Aparência dissimula e encanta,
Mas o som não tem o que dizer
É oco, destituído de significado.
Não é roupa ou comportamento,
Jargões, entonação ou recursos,
Se as intenções não são verdade
Não há liberdade, só escravidão.
O que altera a essência e matéria
É percebido apenas pelo coração
Que jorra, lavando tudo lá dentro.
É inexplicável paz que só se vive,
Perda de tempo é tentar explicar
O amor que transborda em ações
Chamando atenção de multidões
Cobrindo a imensidão dos erros.
Lançados foram todos os desvios
De caráter, ações, conduta, passo
No esquecimento que se encontra
Nas entranhas do extenso oceano
O coração é quem vai sentenciar
Se leve, as alturas ele vai arvorar,
Se pesado, ao abismo vai decair.
Do que adianta arrotar santidade
Se o odor não exala a fragrância,
Escolhas se pautam em rebeldia,
Em falácias de altiva demagogia,
Bem longe da loucura libertadora.
Não é a quantidade de afirmações
Ou ainda a certeza de convicções
O que transforma, altera, frutifica
Não está na assepsia de palavras.
#papolivre
A gente não pode julgar o comportamento de alguém, pois quem realmente conhece cada um em seu íntimo é D-s [1 Samuel 16.7], além disso, pode ser que o erro – que acusamos o outro – seja o mesmo do qual somos culpados [1 Coríntios 10.12].
O melhor é não acusar ninguém, assim evitamos incorrer em hipocrisia [Mateus 7.1-5]. Por outro lado, é possível denunciar práticas que não convém, enquanto analisamos se cometemos ou não os mesmos erros; podemos até apontar comportamentos, jamais o dedo pra condenar alguém.
Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.