Batia defasado meu coração,
Não mais te esperando rever,
De outras tantas incertezas,
Afoita, mente minha encheu.
Não mais podiam meus olhos
Contemplar o brilho dos teus.
Até Halley, se mostra no céu,
Mas cadê você, desapareceu?
Terá a fragilidade condensada
Te impedido de voltar a luzir?
Como onda, marola verde,
Que vai, mas também vem,
Voltastes, então pude te ver.
Mas você não veio pra mim.
Em brisa a leveza soprou,
Esse vento que me envolveu
Furtou o verdor de teu olhar,
Dissipando o calor em mim,
Que insistia em me torturar.
Estava desapercebido da vida
Até o calor em raios aquecer;
Quando me deparo, vejo olhos,
Os mesmos encontrados antes,
Seu verdor provocou sensações.
Qual foi seu intento em voltar?
Retornar pro seguro porto meu?
Por certo não foi esse o motivo.
Te foste tão rápida mais uma vez,
Foi culpa fingir te desconhecer,
Devido a minha insegurança?
Só sei, encontrar-me agora sem ti.
Oh, vésper, a brilhar você voltou,
Ainda antes da escuridão chegar.
Acaso te apresentastes pra mim,
Com brilho de ardência maior?
Se não o foi, por que estás a luzir,
Desfazendo trevas dos dias meus,
Que impediam a tua luz invocar?
Se o regresso teu não foi pra mim,
Melhor seria continuar em trevas
Que ver-te sabendo minha não ser.
Vá daqui, volta ligeira pra teu céu,
Errante estrela, a vaguear pelo ar,
Pois a este lugar não pertences.
A escuridão não é tua habitação,
Quando chegas as trevas dissipam.
Me deixa aqui nas profundezas, não
Amoles com a riqueza de teu brilho.
Antes cego pela escuridão ao redor,
Que pela saudade em teu reluzir.
Apenas sente prazer na distância
A pessoa que nunca se apaixonou.
Se não posso aqui comigo te ter
Melhor é jamais voltar a ver-te.
Dor maior que não mais lhe rever
É saber, que minha efemeridade
Será o resultado de viver sem ti,
Verde chama, ainda sendo fraca,
Me fizestes suspirar intensidade,
Queimando coisas boas em mim.
#papolivre
Alguns encontros marcam nossa memória com uma chama que incendeia cada vez que dele recordamos – o que é o primeiro indício da paixão, como mostra o artigo “Não faça como Romeu e Julieta“. Apesar do desejo da casualidade se tornar um instante presente, quando ela se faz reencontro, a timidez pode dificultar lidar com a situação, então o momento se torna saudade, com a gente conseguindo apenas enviar olhares disfarçados, sem se quer trocar palavras desajeitadas – com uma desculpa qualquer, como falar do tempo, pra ganhar um pouco de atenção da crush.
Porém, se mesmo dando pala, o encontro se fizer desencontro, tornando a realidade desejada num futuro impossível, o jeito é permitir o tempo diluir a intensidade dos olhos que fascinam das lembranças, deixando o calor despertado esfriar. Por mais difícil que seja fazer isso, quando se está a fim da crush, o melhor é a esquecer de vez; ficar se atormentando só fará mal, além de manter a mente e o coração ocupados. Embora curar os sentimentos não seja fácil, esse é o caminho pra encontrar um novo amor – conforme revela o artigo “Vivendo sentimentos reciclados“.
Esse poema é o segundo da série “Poesias Flamejantes” e fala sobre o que ocorreu após o primeiro avistamento.
Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.