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Minissérie Encantado – Se der match, chama aí (Episódio 01) - .inversivel
Encantado – Se der match, chama aí (Episódio 01)
Mishael Mendes/ Inversível

Encantado – Se der match, chama aí (Episódio 01)

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Formalmente o Tinder pode ser definido como um aplicativo de encontros, já a galera o conhece como um app de pegação – aquele lugar pra descolar um contatinho pra algo além de simples conversa jogada fora, pique balada, alguns já chegam mesmo mordendo, ainda que virtualmente.

Apesar da maioria, de fato, ter apenas de terceiras intenções pra cima – ou pra baixo, a classificação de bom ou ruim vai depender apenas do seu ponto de vista – tudo é uma questão de deixar claro o que se quer – mesmo que a pessoa já chame no probleminha – ainda assim tem várias pessoas legais por lá e os motivos são os mais diversos possíveis.

No caso de Adrija Palmer – Adie, pros mais próximos – não é diferente, como ela não era de frequentar lugares diferentes, nem tanto pela falta de tempo, mais pela pouca disposição de sair devido à timidez, que a fazia se sentir pouco a vontade em ambientes novos – e quanto mais pessoas, aumentava o mal-estar só de se imaginar numa situação dessas – por isso mesmo tendo maior desejo de conhecer baladinha nunca teve coragem pra ir numa, pelo menos não além da imaginação – já que ali era bem mais divertido, além de seguro.

Consciente de que dessa forma ficava bem difícil de conhecer alguém legal – mudanças só ocorrem quando você segue numa direção diferente, não adianta dar os mesmos passos e esperar que o novo te surpreenda na mesmice – ela sabia que precisava fazer algo, daí, como tinha uma prima que acabou conhecendo o namorado por lá, resolveu arriscar e criou um perfil nesse tal de Tinder.

Limitando a busca por idade e distância, entre like, dislike e super like, surgiu uma foto interessante, mas como Adie estava no modo automático, acabou descurtindo sem perceber, na mesma hora ela bateu na testa, só que não adiantava mais, a oportunidade já tinha sido descartada.

— Não acredito como sou distraída! – Ela lamentou.

Depois disso, a brincadeira de deslizar as fotos que surgiam foi perdendo a graça, ela só arrastou mais algumas pra esquerda, poucas pra direita – apesar de curtir poucos perfis, todos davam match, ao olhar a lista de combinações, a notou relativamente grande, mas nenhum dos garotos tinha conseguido chamar sua atenção, as conversas eram pouco interessantes ou apressadas demais – fazendo-a perceber o quanto não estava a fim de nada daquilo.

“Mudanças só ocorrem quando você segue numa direção diferente, não adianta dar os mesmos passos e esperar que o novo te surpreenda na mesmice.”

Vendo a lista de pretendentes Adie percebeu o quanto era mais interessante do que imaginava, mas resolveu fechar o aplicativo, já estava dando a hora de ir trampar.

De tarde o sol estava esmaecido, de um amarelo desmaiado, pelo menos foi o que deu pra perceber, ao encostar na janela do coletivo. Exausta como estava, não conseguiu fazer qualquer coisa que exigisse utilizar o cérebro, então abriu o app e foi deslizando as fotos que surgiam, enquanto o ônibus fazia o caminho de volta pra casa.

Foi quando surgiu, novamente, a foto do gatinho, Adie ficou tão eufórica que bateu a cabeça no vidro.

— Ai-ai! – Ela gemeu baixinho, enquanto massageava o local. – Não acredito! Só pode ser destino.

Dessa vez ela foi mais atenciosa e apertou cuidadosamente em cima pro perfil não sumir antes de poder apreciá-lo bem, daí deu pra ver outras fotos – mesmo que não fosse possível ele pareceu ainda mais lindo a cada foto deslizada. Branquinho, ele tinha cabelos escuros, com um topete, olhos castanhos, barbudo, além de ser alto e bem estiloso.

Adie viu detalhadamente o perfil de Derek Bex, cujo apelido era Derry, eles tinham os gostos parecidos, inclusive musical – até amigos em comum tinham no Face – na pequena bio ainda deu pra ler que ele estava a fim de conhecer pessoas legais pra amizades, sair e, talvez, algo a mais.

Lá também estava escrito “se der match, chama aí, quem sabe não rola algo legal?”.

— Acho difícil! – Ela disse pra si mesma, tentando conter o nível de empolgação, ele era cremolícia demais, mas assim que deslizou pra direita, o match foi instantâneo e eles começaram a conversar.

Olhando pela janela

Ao olhar pela janela, Adie até se assustou, o entardecer estava de um amarelo alaranjado, enquanto o sol brilhava numa cor viva. Ela não fazia a menor ideia de como podia ser possível o céu ter mudado tão rapidamente, passando a ficar com cores mais intensas.

Acabou que o papo rendeu bastante assunto, ambos estavam na mesma vibe, até ele pedir o número dela, dizendo que falar por ali era ruim, pelo whats era melhor, concordando ela passou.

— Que cê tá fazendo agora? – Adie quis saber.

— Preparando a janta.

— Nossa, que legal, cê também cozinha?

— Modéstia à parte, muito bem.

— Nossa, que garoto prendado.

— Valeu! Acho o mínimo, cozinhar também é coisa de homem, não só obrigação de mulher.

— Isso aí, disse tudo! – Ela mandou emojis parabenizando.

“Cozinhar também é coisa de homem, não só obrigação de mulher.”

A vontade foi dizer o quanto ele era incrível, com um homão desses, que até cozinhava, ela podia falar que tinha encontrado um encantado moderno – um Rodrigo Hilbert pra chamar de seu.

— E qual o menu de hoje?

— Temos frango assado, uma salada de macarrão com iogurte natural e suco de goiaba.

— Nossa, parece gostoso! – Adie chega lambeu os lábios, só aí lembrou que estava com uma baita fome e, sem o menor pudor, o estômago deu maior ronco.

Disfarçadamente, ela olhou ao redor, sentindo as bochechas arder, mas àquela hora o coletivo estava cheio demais e bem barulhento pra alguém perceber o berro que dela saiu, de rabo de olho deu pra perceber que a pessoa ao seu lado tinha os ouvidos tapados pelo fone.

— Manda localização aí que já tô chegando. – Ela mandou depois de conseguir respirar, um pouco aliviada por causa do constrangimento que o esfomeado estômago a fez passar.

Apesar de dizer na brincadeira, assim que Derry visualizou a mensagem enviou a localização, deixando-a meio sem graça, pra disfarçar, ela riu e falou sobre outra coisa qualquer.

Quando ele confessou os motivos que o levaram ao Tinder, Adie viu que eram os mesmos dela e riu ao lhe falar da coincidência – só podia ser destino mesmo – até porque ele tinha feito o perfil apenas a dois dias, daí a conversa foi se estendendo e eles foram falando sobre qualquer coisa, tudo virava assunto – ou desculpa – pro papo não terminar. Mas, acabar logo pra que mesmo?

Era tão bom conversar com quem a fazia rir a cada frase – ela seguia fazendo o mesmo. Adie percebeu nitidamente que beleza não é visual, mas a sensação de bem-estar proporcionada pelo aconchego de palavras bem ditas e Derry conseguia fazer isso tão bem que ela ficou entorpecida de serotonina.

Animada como estava, até esqueceu o cansaço, ela se sentia elétrica, e nessa já ia passando do ponto, quando se deu conta a porta fechou e o coletivo começou a andar, então berrou dizendo pra parar, apesar do motorista não curtir muito acabou sendo obrigado a fazer o que ela pedia, alguns caras ajudaram no apelo, lembrando que mulheres desacompanhadas podiam descer onde achassem melhor – tudo bem que isso só valia depois das dez da noite.

Ao descer ouviu o motorista reclamar, mas nem ligou pro que ele disse e seguiu pra casa, saltitante.

Família

— Boaaaa noite, família!

— Que felicidade toda é essa, Adie? – Deepak Palmer, seu pai, quis saber.

— É que o dia hoje tá lindo demais, paizão! Olha esse pôr-do-sol. – Ela apontou pra janela.

— Verdade! A gente acaba perdendo muita coisa bonita na frente da TV.

— Né, não?! – Ela concordou toda empolgada.

— Agora você pode dar licença, pro papai assistir o jornal, Adie?

— Pai? Pensei que cê fosse deixar isso de lado.

— Assim que o jornal terminar. – Ele piscou.

— Cê tem jeito mesmo não! – Adie riu. – Cadê a mamãe e o Ryan?

— Sua mãe está na cozinha, preparando a janta, já o Ryan foi jogar com os amigos.

— ‘Se moleque só sabe ficar de boas.

— É, ele não tem jeito!

— Ele é quem sabe aproveitar a vida. – Ela respirou fundo.

“Beleza não é visual, mas a sensação de bem-estar proporcionada pelo aconchego de palavras bem ditas.”

Distraído, Deepak só foi entender o absurdo do que ouviu quando entrou o comercial, logo Adie que pegava no pé do irmão pra ele ser um pouco mais responsável, agora estava apreciando as escolhas dele? Mas antes de conseguir dizer algo, ela já tinha ido pra cozinha.

Apesar de ser mais velho, Ryan, formalmente registrado como Adrian Palmer, era moleque de tudo, não levava nada a sério, não tinha emprego fixo, só arrumava algo quando queria grana e tinha abandonado a terceira facu – ele era a prova de que garotos têm dificuldade de crescer – mesmo assim fazia maior sucesso com as novinhas.

— Oi, mãe, linda!

— Oi, filha, como foi seu dia? – Sonie Kotler Palmer sorriu ao ver Adie.

— Bem e ainda melhor agora! – Ela deu um sorriso imenso. – Não acredito que cê fez panqueca!

— Ah, resolvi. – Sonie respondeu modestamente.

— Cê sabe que amo suas panquecas! Como cê adivinhou que eu tava a fim?

— A gente que tem filhos, a gente sente, não é, amor?

— Hum… hum! – Deepak concordou sem desgrudar os olhos da tela.

— E que felicidade toda é essa aí, filha? – A mãe sorriu, empolgada.

— Também com um tempo desses, quem não fica? Né não, pai?

— Ah! Sim… – Deepak respondeu após uma pausa e perceber que a filha falava com ele, mas sem entender um grama do que foi dito, toda atenção estava no jornal que não parava de noticiar sobre as queimadas criminosas na Amazônia – o resto do mundo estava chocado com a proporção disso.

— Ai, mãe! Isso é jeito de receber sua filhinha tão querida que acabou de chegar cansada do serviço. – Adie reclamou ao levar um tapa na mão.

— Primeiro vá lavar a mão! Cansaço não é desculpa pra ser porquinha e você parece é bem-disposta demais. Certeza que é só o tempo?

— Claro que não!

— Sa-bi-a! Tinha que ter algo a mais nessa felicidade. – A mãe piscou.

— São essas panquecas maravilhosas que cê fez, sua linda! – Adie abraçou o pescoço da mãe e lhe deu um beijo no rosto. – Vô tomar banho e já desço pra comer.

Quando foi se servir, os pais já tinham jantado, então ela pegou um prato e colocou duas panquecas recheadas de carne, mussarela e azeitona, por cima regou com mais um pouco de molho, polvilhando com queijo ralado e botou ketchup e orégano.

— Mãe, sua linda, cê fez até suco de laranja pra mim?

— Minha Adie merece!

— ‘Brigada, mãe! – Ela beijou novamente Sonie. – Isso tá com uma cara deliciosa.

— Hoje comi uma panqueca muito gostosa. – A mãe comentou.

— Há… duvido que seja tão gostosa que nem a sua! – Adie desdenhou.

— Mas foi a minha, mesmo.

— Ahhh! Então concordo! – Ela riu.

— Já vai subir, filha?

— Sim, vô comer no meu quarto, já que cês não me esperou.

— Também, você demora tanto.

Chegando lá, ela ligou a TV e deu play no anime Ano Hana, pelo aplicativo do Netflix.

Assim que terminou o episódio, Adie levou as coisas pra cozinha, voltou a conversar com Derry e eles foram se falando até o sono começar a pesar, ainda assim só pararam com muito custo, nenhum dos dois estava a fim de terminar um papo gostoso daqueles.

No decorrer dos dias, eles continuaram se falando, pra saber como o outro estava, compartilhar músicas, descobrir novas séries pra maratonar ou mesmo conversar sobre nada. Pra Adie, o mais importante era saber que em algum lugar – não muito distante dali – havia alguém pra trocar ideia e que se mostrava tão interessado quanto ela – embora se esforçasse pra não dar pala do quanto estava emocionada.

Pouco mais de uma semana, até assistiam série simultaneamente, a escolhida foi The Society, daí fizeram FaceTime pra discutir o que podia estar acontecendo, comentando dos personagens e qual teoria fazia mais sentido pra explicar onde toda galera foi parar sem adulto pra botar ordem na bagunça.

Assim tiveram um programa pra fazer juntos por algumas noites – como não podiam ficar acordados até tarde, tiveram que parcelar a maratona.

Conforme os dias passavam, mais aumentava a intimidade e um se tornava mais presente no dia a dia do outro, até Derry chamar no probleminha.

— Hum… uma proposta? – Ela disse séria, já sentindo a mão gelar.

— Su memo!

— E o que seria? – Adie até sentiu a saliva descer com certa dificuldade, enquanto o coração acelerou.


#proximoepisodio

Aproveitando a intimidade que já rolava entre eles, Derry faz um pedido ousado e isso acaba deixando Adie sem jeito, embora ela já esperasse isso acontecer, mas ele até que demorou – mais um pouco e ela mesma teria tomado a iniciativa, mas não queria parecer fácil.

Ela resolve contar pra família sobre o crush, mas no meio da conversa a mãe pergunta sobre nudes trocadas – isso acaba causando certo desconforto, além de bastante vergonha. No fim, as revelações acabam tomando um rumo inesperado.

Ósculos e amplexos,

Mishael Mendes Assinatura
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