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Quando o pesar me cai sobre os olhos
Apesar da ciência ainda não explicar o sono, ele é essencial pra nossa mente continuar funcionando direito
Por Mishael Mendes access_time 4 min. de leitura

Ao fechar os olhos meus
Todo resto vai, partindo-se,
Esvaindo medos e temores
Todos os sentidos se perdem.

Já mais não há existência,
Menos ainda lembrança,
Mergulho na dormência
Onde tudo é vazio, apagão.

Aos fechar os olhos meus
Somem dores e tristezas,
Pesos e momentos ruins,
Tudo passa a não existir.

Libertando-me a alma
Livre sigo a vaguear,
Toda forma se deforma
Virando sopro, desfaz.

Ao fechar os olhos meus
Condenação vira vapor,
Cobranças liquidificam,
Medos a nada definham.

O pesar inicia partida,
Flutuando entre nuvens,
Cada jugo se faz suave
Tempestades têm fim.

Ao fechar os olhos meus
Joanna Nix-Walkup/ Unsplash

Ao fechar os olhos meus
Cada palavra vira frescor
De um novo dia a raiar,
Onde vem a chuva regar.

Mergulho, profundo coma,
Carregado pelas nuvens,
Embalado sou pelo vento,
Da chuvarada há melodias.

Ao fechar os olhos meus
Trevas já não assustam,
Mas envolvem, confortam,
Diferença não existe mais.

Desfazendo-se em luz
Tudo começa a brilhar,
Pra depois submergir
No silêncio do sossego.

Ao fechar os olhos meus
Sinto aquilo que esqueci.
Sensações, tranquilidade,
Convidam a ali permanecer.

De mansidão o corpo inunda,
Hormônios, soltos, relaxam,
Causando boas impressões,
Das sinapses a serenidade.

Ao fechar os olhos meus
Todo sofrimento se olvida,
Minhas forças se renovam,
Em volta do sol vou a girar.

Todas as coisas se ignora
Adolfo Félix/ Unsplash

Todas as coisas se ignora,
Restando o que pode ser.
Talvez perdido nas brumas
Me refaça com o imaterial.

Ao fechar os olhos meus
Entre vigília e dormência,
Sou levado com suavidade,
Arrastado entre as ondas,

Convidado a não sentir
As dores e deficiências
Tragas pela substância
Já gasta, em decadência.

Ao fechar os olhos meus
Toda confusão e as dúvidas
Acalmam em meio a intensas
Doses de harmonizante paz.

O mal, enfim, deixa de estar,
Precipita no esquecimento,
Perde o poder, o lugar cede,
Ao bem que se deve achar.

Ao fechar os olhos meus
Experiencio sensações,
Um profundo e peculiar
Descanso toma as portas,

Alivia dores e sintomas,
Refúgio oculto, alto retiro,
Sob asas se encontra abrigo,
Espalhando no ar mansidão.

Salto na não existência
Blake Cheek/ Unsplash

Ao fechar os olhos meus
Um salto na não existência.
Calma que realidade não traz,
Cessa o que a mente encheu.

Necessidades desaparecem,
O sentido se acha perdido,
Desejo de ali permanecer
Até tudo ser restaurado.

Não é vontade de sumir,
Só desejo de sentir a paz,
Ser inundado de bonança
Sem importar preocupações.

Levado sou fora da realidade,
Com sensações não pervertidas,
Só restando paz que fortalece.
O frescor dissolve pelo corpo.

Ali me lanço não por medo,
Muito menos tentando fugir,
Mas quando lá me encontro
Não é preciso pesar decisões,

Avaliar planos e pensamentos,
Verificando todas as intenções,
Procurando entender o que
Uma explicação não pode ter.

Enquanto mergulho não busco
Só proteção, descanso e alento,
Mas completude que já perdi,
Encontro o que nem procurei.

Torpor e alívio entrelaçam
Criando complexo sensorial.
Ali me encontro com quem
Ainda não pude me tornar.


#papolivre

Sono é descanso pros sentidos, enquanto a mente realoca pensamentos e se organiza pra continuar funcionando com desempenho total, enquanto isso brinca de produzir sonhos, fazendo a criatividade correr solta.

Apesar de dormir pouco, alguns anos atrás descobri o quanto o sono pode ser reparador. Sempre que ficava mal ou com alguma dor, principalmente psicossomática, a mente disparava sem poder ser controlada ou ainda quando sentia a imensidão da tristeza, bastava dormir; mesmo um cochilo era reparador, renovando e dando disposição.

Os antigos acreditavam que toda vez que o sol cedia lugar a lua é porque ele era devorado ou estava morrendo, até nascer na manhã seguinte. Dormir é morrer diariamente, mas cada vez que os olhos se abrem renascemos mais fortes e restaurados, prontos pra brilhar e rumo a algo melhor do que fomos dias atrás.

Ósculos e amplexos,

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