Poesificando: A chuva lá fora veio cair
Osman Rana/ Unsplash

A chuva lá fora veio cair

Água, substância do alto,
Vida a descer em partes.
Agitação aquática, expansão
Que formou nuvens nos céus.

Água a cair nos passos meus,
Goteja, vivificando em mim.
Sensação que de repente
Me envolve por completo.

Força escorre no corpo,
Com dinâmica me vai
Seguindo os passos,
Regando-me flor.

Chuva lava a mim,
Limpa dentro também.
Alma mais leve, respira
O frescor do mundo.

Os passos se vão elevando
Sigo cada vez mais longe,
Nas cores do horizonte,
Vento afaga o rosto meu.

Já não sou quem fui,
Sou chuva em queda.
Chuva lançada do céu,
Com inocência despenca.

Sou feito d'água
Matheo JBT/ Unsplash

Chuva que limpa,
Que também purifica,
Traz vida e verdade.
Sou chuva a cair na vida.

Chovo por inteiro;
Chove dor e alegria,
Chove desprezo e amor,
Tudo começa a chover.

De água me fiz matéria
Que precisa transbordar.
Me boto então a chover,
O sólido a se liquefazer.

Me desfaço em gotas mil;
Se desmancha os medos
Só deixando restar paz,
Calmaria de águas a fluir.

Levado pela correnteza,
Num fluxo que alivia
O calor insuportável
Do fardo que é viver.

Levado pelas águas
David Romualdo/ Unsplash

Sou chuva a descer
Caminhando adentro,
Sigo gota após gota,
Me desfaço por inteiro;

Chovo até não poder mais.
Levado pelas águas da vida,
Regando vou cada parte
Até onde o céu alcançar.

Sigo caindo pelo caminho
Dos passantes dispersos,
Tomando cada estrada,
Criando sulcos e valas,

Abrindo passagem vou,
Guiando a novo caminho.
Sigo entre curvas, ligeiro,
Rumo a caminho do mar.


#papolivre

Nossos antepassados já reconheciam a importância da chuva. Isso, aliado com seu poder demostrado ao tomar o céu, a fez ser vista com um ar sobrenatural e a conectou a diferentes mitos. Ainda hoje ela causa temor, seja com seus efeitos especiais – que ensinou aos produtores audiovisuais como um som pode ser aterrador – ou mesmo efeitos práticos, capazes de provocar cheias e inundações; ainda mais quando não há planejamento urbano.

A chuva é um dos estados da água mais impactantes e com uma força incontrolável. Assim, nada melhor que ela pra falar de mudanças. Desde que a memória me permite recordar, sou apaixonado pela chuva, antes mesmo de entender conceitos mais profundos. Uma música que marcou minha infância, que eu amava cantar quando chovia, era “Chuvas de graça” – pra mim, naquele tempo, a queda se tratava de água em abundância, não da graça de D-s.

O fato é que me encantava ouvir a chuva tocando os telhados, árvores e o chão. Se deixasse, eu saía correndo pra me lançar naquele chuveiro ao ar-livre – algo que dificilmente minha mãe deixava, mesmo após muita insistência – pra curtir a água que refresca e dá vida [Jó 14.7-9].

E em você, que ações a chuva provoca? O de correr pra baixo de suas águas que caem de graça do céu, com um sorriso no rosto; de relaxamento com o seu som; ou o de desligar tudo e se proteger de seus raios? Constituídos por mais de 70% de água, o sentimento não deve ser de medo ou temor, mas o de conexão.

Pra mim, até hoje a melodia da chuva é uma de minhas canções favoritas. Com sua chegada, tudo que consigo sentir é tranquilidade, uma paz inexplicável [Filipenses 4.7] que relaxa, conforta e conecta, levando a um estado de prazer – melhor ainda se puder dormir de janela aberta. Mesmo quando soam os trovões, e os raios rasgam o céu, iluminando as nuvens carregadas, o que me toma é segurança ao invés de medo, por saber que essas demostrações são o resultado de passos em meio a tempestade [Naum 1.3].

Ósculos e amplexos,

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