Água, vital, do alto vem,
Vida de três pequenas partes.
Causa do movimento d’águas,
Expansão formada nos céus.
Água que cai nos passos meus,
Toma-me, vivificando em mim.
Sensação repentina
Sou tomado por ela.
Sinto a suavidade
De sua dinâmica,
Seguindo os passos meus,
Regando-me flor.
Chuva lava a mim,
Limpa dentro também.
Alma mais leve,
Respira o mundo.
Os passos vão enlevando
Sinto-me cada vez mais longe,
Nas nuvens do alto céu,
Vento afaga o rosto meu.
Já não sou quem fui,
Sou chuva que cai.
Chuva vinda do céu,
Caindo inocentemente.

Chuva que limpa,
Chuva que purifica,
Traz vida e verdade.
Sou chuva a cair na vida.
Chovo por inteiro,
Chove dor e alegria,
Chove desprezo e amor,
Tudo começa a chover.
De água feito sou,
Que tem de transbordar.
Desmorono então a chover,
O sólido se liquefaz.
Desfaço-me em gotas mil,
Se me desfazem os medos
Resta apenas a paz,
Calmaria de águas tranquilas.
Levado pela correnteza,
Frias gotas que aliviam
O calor insuportável
Do fardo do viver.

Sou chuva a descer
Caminho adentro,
Gota após gota,
Me desfaço por inteiro
Chovo até não poder mais.
Levado pelas águas da vida
Regando cada parte
Até onde o céu possa alcançar.
Vou caindo pelo caminho
Dos passantes dispersos,
Tomando a estrada,
Criando valas,
Abrindo passagem,
Guiando a novo caminho.
Afluo languidamente, ligeiro
Rumo a caminho do mar.
#papolivre
Desde que a memória me permite recordar sou apaixonado pela chuva, antes mesmo de poder entender conceitos mais profundos já sabia que nela existia algo de especial. Uma música que marcou esses momentos e que amava cantar quando chovia, foi “Chuvas de graça” – tudo bem que naquele tempo achava que chuva de graça queria dizer água em abundância, não da graça de D-s.
O fato é que me encantava ouvir a chuva cair, se me deixasse, então, saía correndo pra me lançar naquele imenso chuveiro gelado ao ar-livre – algo que dificilmente minha mãe deixava e isso depois de muita insistência – pra curtir a água que refresca e dá vida [Jó 14.7-9].
Até hoje o som melodioso é uma de minhas canções favoritas e, enquanto algumas pessoas se assustam devido ao que pode acontecer – isso sem falar em inundações, causadas por péssimos planejamentos urbanos, mas devido aos raios – tudo que consigo sentir é tranquilidade, uma paz inexplicável [Filipenses 4.7] que relaxa, conforta e conecta, levando a um estado de enlevo – melhor ainda se puder dormir de janela aberta.
Ósculos e amplexos,


Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.
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