Da altura do penhasco que em mim surgiu,
Perdido em meio a vastidão do oceano
Celeste, a neblina cercou e as nuvens,
Resfriando me encharcaram os pés.
Na distância abaixo só restava solidão,
Ao levantar os olhos, acima da névoa,
Dúvida e confusão, o Sol sorriu intensidade;
Deixando a luz inacessível, ele forma tomou.
Se apresentou com beleza, que palavras não
Conseguem lhe conter tamanho esplendor,
Mas que adentraram a retina transbordando
Minha mente e inundando o entendimento.
A preexistência lhe platina as madeixas,
Onde a sabedoria se trança entre os fios.
Em seus olhos arde a intensidade do fogo,
Que atravessa e transforma a matéria.
O brilho em seus pés acende fornalhas,
Safiras a refletir o céu amanhecido.
Sua voz ecoa a intensidade das águas,
Que desconhece limites, e carrega vida,
Também energia por onde o rio passar;
Ao soar cria mundos, universos, dimensões,
Acalma a tempestade e rasga os mares.
Seu rosto é Sol que espanta a escuridão,
Desfazendo trevas, traz cura sob as asas
E abraça com o conforto em seus raios.
Vestido de luz, seu traje reflete a pureza,
Com pontas que se estendem sobre os
Montes em nevoeiros a unir terra e céu.
A luz a emanar dele é arco-íris num dia de
Chuva intensa, fechando ciclos e aliança.
Sentando num trono de fogo, dali escorre
Vida, saúde e alegria em correntes d’águas.
Sua bondade é abundância derramada
Em fidelidade por gerações inteiras,
Sem se cansar, nem desistir, prossegue.
Início da eternidade, beleza além do tempo
A passagem de seus dias não se conta,
Aquele que era, e é, na dimensão temporal,
O mesmo, é sempre presente na eternidade;
Em si não há sombra alguma de variação.
Sendo apenas essência, sua luz continua
A emanar energia que permite a existência.
Mistura do universo com os grãos de areia,
Oceano em ondas a se fundir numa gota,
Peso que transborda águas e inunda a terra,
Acende o pico das colinas, brilha nas trevas;
O pó de seus passos é que forma as nuvens,
E passeia na tempestade do mar ou nos ares.
Sua luz, corta o firmamento de lado a lado,
Desmanchando céus em linhas de luz e num
Turbilhão de sons que estremece montanhas.
Do oriente caminha até resplandecer a terra,
Aplacando o calor do dia, acende a escuridão.
Sem ter como conter a beleza além do tempo,
Sua essência e poder se espelhou na sombra;
O infinito escolheu habitar em vasos de barro.
#papolivre
Apesar de D-s não possuir matéria [1 João 1.5] – que é sombra das coisas eternas [Hebreus 8.5] – através da poesia é possível lhe dar características físicas que revelam mais de sua essência. Mas, ainda que nossas palavras tragam a profundidade do mar, podem apenas arranhar o brilho daquele que é pura essência. Nele está a beleza além do tempo, onde não existe sombra de variação [Tiago 1.17]. Tamanha é a bondade em si que ela se derrama através das dimensões, se espalhando pelo universo.
Esse poema surgiu enquanto eu ouvia a ministração de Yeshua, na versão da banda AMÉM – incluída na trilha sonora. Durante minha evolução na escrita, adquiri o hábito de reescrever frases que ouço ou vejo, buscando lhes dar mais poesia, seguindo algumas regras, só aí me dei conta quão simbólica é a descrição de D-s, na pessoa de Jesus, em Apocalipse 1.12-17 e que essa forma de reinterpretar suas características daria um poema, no mesmo estilo de “A supremacia do amor [1 Coríntios 13]“.
Isso resultou na descrição inversível daquele que subverteu crenças ao ensinar amar o inimigo [Mateus 5.43-44], aceitar a ofensa ao invés de revidar [Lucas 6.29], que raça e gênero não importam [Gálatas 3.28], que perder é ganhar [Mateus 16.25]. Maturidade é ser como criança, que é preciso renascer pra viver [João 3.3], fraqueza é força [2 Coríntios 12.10], que a salvação está na loucura [1 Coríntios 1.27-29], não saber o destino é a melhor rota [João 3.8]. Aquele que vive a leveza dos pássaros não tem falta [Mateus 6.26-30], que doar é o melhor investimento [Eclesiastes 11.1] – como mostra o artigo “Forças disfarçadas de tragédias” – pobreza é riqueza [Mateus 5.3]. Entre tantos exemplos que demostram que o governo celeste é inversível.
Mesmo após o insight que resultou na parte descritiva, fiquei com a sensação de faltar uma intro, então pedi ajuda ao Espírito Santo que me inspirou com a imagem que abre o poema. Conforme a escrevia, percebi ser a mesma impressão de João, além de Isaías e Ezequiel – aos quais recorri pra dar corpo ao poema. Um transbordar de essência se revelando ante os olhos, sem que a mente pudesse compreender tudo que se apresentava, e a necessidade de traduzir aquilo em algo compreensível por meio de uma linguagem limitada e sombreada como a humana; resultando numa descrição simbólica, onde elementos da natureza servem de base pra ampliar o entendimento do que nem existe no mundo material.
Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.