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Depois que a chuva se foi
Há anos uma seca é prenunciada pela ficção, levando industrias de bebidas a adquirir fontes naturais de água
Por Mishael Mendes access_time 3 min. de leitura

Quando a chuva deixou de cair
Secas despencaram as folhas,
Sopradas, sem destino algum;
Os rios sumiram, esvaindo,

A terra em aridez ficou ferida,
Secou o verdejar da gramínea;
O vento deixou de soprar e,
Sem nuvens, o sol esturrica.

Quando a chuva deixou de cair
Todo alimento escasseou,
Deixou o amor de ser colhido,
Em pó se desfizeram palavras;

O conhecimento murchou,
A beleza secou pela raiz;
O jardim tornou-se miragem
E os sonhos viraram vapor.

Quando a chuva deixou de cair
Da terra restou apenas o pó;
Em protuberâncias ossos secos
Em tua pele se desenhou;

A necessidade do alimento
Clama pela terra agora estéril,
Leite e mel não abundam mais,
Até o espinheiro enfraqueceu.

Quando a chuva deixou de cair
Insuportáveis ficaram os dias,
Se arrastam numa velocidade
Em que o caramujo se move;

Lá fora a chuva cai
Geetanjal Khanna/ Unsplash

Promessas perderam o sentido,
A esperança acabou por se adiar,
Fazendo adoecer o coração
E restar apenas muita saudade.

Quando a chuva deixou de cair
Se tornou a morte algo presente,
Mas ela não tem tocado ninguém
Apenas ri do sofrimento alheio;

Os desertos se multiplicaram
Tomando os montes e vales,
Descendo pelos despenhadeiros,
A encontrar gemidos brotando.

Mas ao bramir dos trovões,
Uma pequena nuvem toma o céu,
O cheiro das águas faz a secura
Da raiz brotar em novos ramos.

Então um peso cai sobre o deserto
Fazendo as águas cobrirem o mar
E segue invadindo praias e vales,
Até poder alcançar à terra sedenta.


#papolivre

O corpo humano é composto por uma média de 70% de água, representando cerca de 50 a 60% do nosso peso corporal. Sendo o principal elemento das células, o líquido está envolvido em todas as reações químicas internas, sendo ainda essencial no transporte de alimentos, oxigênio e sais minerais pelo organismo. Tão necessária ela é, que podemos ficar mais de 50 dias sem alimento, mas passar de 5 dias sem ingeri-la pode ser fatal.

Ainda que pareça contraditório, já que o pulmão vive cheio de ar, ele é um dos órgãos com maior quantidade de água, representando 86% de sua massa – já o sangue, mesmo sendo um líquido, possui 81% dela. Na natureza a matéria com maior quantidade de água em sua composição é a alface, constituída por 95% dela.

Outro dado interessante é que a mesma quantidade do líquido encontrado no corpo humano, é a que cobre nosso planeta, porém pouco mais de 2% é de água doce e menos de 1% pode ser consumida. Mas será que além de organismos e matéria, o impalpável e abstrato também não precisa ser regado com o refrescar da chuva?

Ósculos e amplexos,

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