A liberdade encontrei preso a ti
Do que adianta poder ser livre
Se isso me carrega pra longe?
Prefiro estar aqui, aprisionado,
Do que a plena liberdade gozar,
Na distância só existe a solidão.
Cativo a ti, encontrei sentido,
O viver passou a ter propósito.
Escolho dores e as tribulações,
Advindas através da fidelidade,
Melhor é sofrer junto do que só.
Dor é uma variável inconstante,
Que a sua vinda arranque de mim
Versos, poesias, canções e melodias,
Expurgando profundos sentimentos.
Que de felicidade escorram lagrimas
Enquanto o peito dispara, ardendo,
Sem poder conter a grandeza em si.
Que o livre-arbítrio me possa fazer
Continuar escolhendo preso estar
Sendo isso testificado pelas orelhas.
Obediência, essa é a melhor ciência
Fazendo qualquer esforço e sacrifício
Inúteis e desnecessários se tornar.
De tudo que possuo, nada é meu,
Não existe o que me pertença
Conquistado apenas pelo esforço
Tudo é resultado de teu favor.
Que a vida pulsando em mim,
Seja uma canção entoada a ti,
Acordes dedilhando harmonia
Compondo sinfonias de louvor
Pra cantar e ressoar teu amor!
A liberdade de estar aprisionado
Me faz reconhecer que até mesmo
O desejo de buscar-te cada vez mais
Foi por ti, incutido dentro de mim,
Abismo de imensas proporções.
Raiz que se aprofunda e dá firmeza,
Contemplação da largura, altura,
Comprimento e profundidade do amor,
Em dimensões que o tempo completa.
Sentimento maior que a compreensão
É o que pode levar a plenitude alcançar
Concretizando mais do que se pode falar.
Me desfaço inteiro da vontade própria,
Suplicando que a venhas tomar de mim,
Possa ser eu cheio do que é teu querer.
Que as palavras me sejam todas vazias
De egoísmo, vaidade e desejos maus
E cheias de verdade, retidão e pureza.
Que possa eu ter mais do que frases
Expelidas pela língua e o coração,
Ofertando ações de vida em rendição.
A ti, apresento, das canções a beleza,
Da poesia a doçura, a sensibilidade
Retida nas artes e a pureza do retiro.
Belos versos, como sino apenas retinem
Fazendo barulho, sem nada em si, conter,
Se não há a entrega, plantada em mim.
#papolivre
Às vezes temos arquétipos, conceitos e preconceitos do que é ser verdadeiramente livre, como se a liberdade resultasse apenas em fazer o que a gente quer ou o que nos dá prazer – isso tem outro nome e se chama egoísmo!
A liberdade real, diferente de tudo que se prega, sendo mais profunda e até mesmo contraditória [1 Coríntios 7.22], ela implica em negação e morte [Mateus 16.24, Gálatas 2.20, Colossenses 3.3]. Apenas quando conhecemos esse amor [João 3.16] é que o que antes era loucura [1 Coríntios 1.18] passa a fazer sentido e tudo que a gente deseja é permanecer preso [Salmos 40.6, Êxodo 21.5-6], pois o peso existente nessa servidão é leve e suave [Mateus 11.30].
Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.