Poesificando: Flamejante verdor – Seus olhos em minha mente
Victor Freitas/ Unsplash

Flamejante Verdor – Seus olhos em minha mente

Te fostes com rapidez, ligeira,
Acaso levastes mesmo a sério
O que proferiu os lábios meus?
Tola estrela de verdejante brilho,
Não sabes que às vezes a boca
Contraria o que toma o coração?

Os amantes podem ser incertos,
Desprezando o que tem, desejam
Não perder o que a distância ficou.
Insensata língua que incendiou
O campo meu, seco, agora está,
Apenas tua boca o pode regar.

Como beija-flor, você flutuou,
Veio sem desembaraço pra mim,
Mas o néctar meu não provou
Deve ser por isso que te fostes.
O verdor sobre mim disparado,
Sem piedade, teve duração que

Nem sei medida alguma precisar,
Passou o tempo sem ser contado.
Rápido, tão curto correu, ainda
Assim, suficiente pra tornar-me
Teu na eternidade do instante.
O ardor me volta a querer tomar.

Olhos imaturos
Anthony Tran/ Unsplash

Onde estás imaturo vento
Pra me vires refrescar?
Tua ausência seria causa
Do verdor que dominou as
Vestes minhas, antes claras,
Agora nódoas de esmeralda.

Lancinante luz verde transpassa,
É você, errante, estrela minha?
Apesar da formosura que cega,
Ela difere do pulso de teu brilhar,
Sendo astro frio e mais distante,
Se foi ainda mais rápido que tu.

Rasante cometa que no contemplar
Dilacerou de vez o coração meu.
Terá sido tu, ó, estrela minha,
Adejando com asas de outro anjo,
A zombar a paixão que me tomou?
Mas o frio advindo dela envolveu,

Peridoto, gelou até a alma alcançar,
Pela distância em que se encontra
Maior é a dor, a envolver os sentidos.
Mas masoquista, posso prazer gozar
Na brevidade que esse cometa reluz,
Onde o que faz é trazer-me sofrer.

Por que te duplicas ante meus olhos
Causando vertigem, fazendo delirar?
Assim aumentas o pesar com vigor.
Oh! Estrela que acreditei ser minha.
Quando quiseres, podes me vir fazer
Sofrer de teus amores e teus anseios;

Amar e sofrer
Drew Dizzy Graham/ Unsplash

Já que amar é sofrer em outro grau,
É ser consumido por fogo que não
Se apaga mesmo jogando água fria.
Olhai a beleza da rosa que iluminas,
A mesma a exalar extasiante aroma,
Irá ferir se insistires em arrancá-la.

Amar é absurda sentença de salvação,
É euforia que o trivial não contenta,
Arde mesmo sem poder ser vista,
Devorando pensar e sentimentos
Até espalhar por tudo em nós, mas
Enquanto sofro, felicidade esboço.


Terceira parte da série “Poesias Flamejantes“, esse poema é um mergulho no querer incontido que não se concretizou – no qual a tecnologia pode até facilitar a busca, como mostra a minissérie Fragrante; desde que a gente saiba o mínimo, se não fica complicado.

Algumas pessoas grudam na mente, ainda que a gente seja exposto a elas por pouco tempo, então o desejo de tê-las pode levar os olhos a ficarem confusos. Foi o que aconteceu comigo naquela tarde. Mais uma vez o brilho de verdes olhos, reluziu, revirando sentimentos, causando sensações e despertando desejos. Só que sua aproximação mostrou não serem os mesmos de antes, a luz desse olhar se revelou fria, servindo apenas pra trazer confusão e aumentar a vontade daqueles olhos.

Quando queremos muito alguém, essas confusões costumam acontecer, porque a mente passa a fundir pensamentos e sonhos com a realidade, tornando o que é sopro em algo que os olhos passam a enxergar como real – miragens de uma mente carregada de paixão, como abordado no artigo “Não faça como Romeu e Julieta“. Isso pode ser tanto algo bom, onde a pessoa parece mais perto de nós; como ruim, já que o ser amado não está ali de verdade.

Ósculos e amplexos,

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