O mito da normalidade é perigoso porque tenta reajustar a existência num caminho sem diversidade, eliminando a variação, pra todos seguirem um padrão, mas humanos, assim como os demais animais, são mutáveis.
Como nosso cérebro é quem decide se o corpo dá ou não atenção a dor, ele pode enviar uma mensagem de volta aos nervos pra silenciá-los se achar a situação segura ou que essa ação seja necessária.
Por mais que a cultura exalte a independência e o desapego do hedonismo que não possui nenhuma responsabilidade emocional com o outro, o "eu" é um fenômeno muito mais social que sua aparência interior faz parecer.
O problema em aderir à cultura do desapego que faz parecer legal não se abrir com ninguém – enquanto a gente passa o rodo – é que a praticidade e a duração dos instantes de prazer não são suficientes pra convencer a gente de querer ficar.
A preexistência da essência que soprou a vida em nós também pode ser encontrada na matéria a qual somos formados. Não apenas somos um universo particular em nossas complexidades: temos o universo dentro em nós.
Da mesma forma o viés que "tudo o que é bonito é bom" torna a aparência atrativa, somos levados pelo inconsciente a valorizar a estética, feito mariposas em busca de luz. Algo que pode ser perigoso, levando a nos envolver com pessoas vazias.
Tudo começa com amor, ele é a base de profundas entregas e buscas que ultrapassam limitações; levando a conquistas improváveis. Ainda que custe a vida o fato de nos render é o que ressignifica e dá sentido a todas as coisas.
Maturidade é mais um conceito aplicado a diversas características que melhoram nossa postura e convivência que um upgrade único, assim é necessário continuarmos em evolução pra lidarmos com diferentes tipos de desafios.
Muito do que comentamos do outro, diz mais sobre quem somos que a gente gostaria de admitir, mas quando falamos de nós mesmos isso pode não traduzir a realidade. A ótica que utiliza intenções descritivas pra desenhar quem somos pode não ser exata.
Quando a mente chega a percepção que tudo já foi experimentado e as motivações se desfazem em neblina, buscar outra rota pode apenas nos levar na direção da bad, que tentará possuir nosso corpo; transformando esse momento em dor.
Pra trás ficou qualquer controle. Seguindo em desdobramentos incontáveis o deslocamento prosseguiu sem atentar pra tempo ou barreiras – físicas e subjetivas. Nada podia deter a pretensão de seguir em direção a um destino desconhecido.
A obscuridade que ronda, levando a tristeza e a solidão – até fazendo desejar a morte – pode ser o desejo de ir além da aparência, quebrar padrões e formas, e conhecer a profundidade que dá sentido a vida.