Interrompido – Caminho sem volta (Episódio 10)

Interrompido – Caminho sem volta (Episódio 10)

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Maior gata dá mole pra Dani, mas ele fica nervoso e ela se aproxima, quando a coisa estava boa ele vê que ela é comprometida. Exagerar no entorpecente dá ruim pra Tiago e quando ele melhora o inesperado acontece cortando o barato da geral.

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Vendo Dani caído por cima de Mônica, Lucas e mais alguns garotos foram acudir, distraído, Tiago tentou ajudar e acabou ficando pra trás enquanto carregavam o garoto pra longe do barulho, próximo às lixeiras.

— Que tá pegando? – Nandinho apareceu, todo preocupado e encharcado de suor, esquecendo tudo o mais havia se jogando numa onda de incríveis sensações, enquanto o coração seguia acelerado. Ao olhar pra área VIP, viu os amigos e o primo, seguindo seu conselho, agarrado a Monica, sem querer soltar.

Sem conseguir manter a atenção mais que alguns instantes, ia mudar de direção quando Dani e Monica sumiram, as vistas borradas não deram pra ter certeza do acontecido, então deu um pulo e arrastou Cris pra ver o que acontecera de fato.

— Ele tá no buraco. – Henrique, um dos garotos que ajudou a socorrer Dani, esclareceu.

— Lucas, que cê fez? – Nandinho estava assustado.

— Ahh… o garoto tava precisando se divertir.

“De que adianta conquistas, se enquanto se ganha o mundo, perde-se pelo caminho.”

Pouco depois de Nandinho se afastar, Lucas apareceu, vendo Dani travado encostou e ofereceu uma garrafa com um pouco de água. Quando o novinho quis saber o que era, disse ser algo pra ajudá-lo a curtir, receoso o garoto hesitou, todo simpático ele insistiu pra beber; ao dar uma golada, insistiu pra ele tomar tudo [1 Coríntios 15.33]. Não demorou e o garoto ficou mais leve, eletrizado começou a dançar e a curtir de verdade.

— Quanto de Gi ele tomou?

— A mesma dose que faço pra mim…

— Duas tampas e meia? – Nandinho interrompeu. – Por que deixou ele tomar tudo? Até pro Tiago que já acostumou deu ruim, quanto mais o Dani que nunca usou nada! – Ele franziu a testa.

— Poxa! Dei pra ele se soltar e curtir. Dava pra ver que ele precisava, tava todo travado. – Lucas tentou justificar, a real é que com a percepção alterada ele não conseguiu ter noção alguma do impacto que suas ações podiam ter.

Assim que Tiago apareceu, Lucas segurava Dani pra mantê-lo sentado, enquanto Nandinho lhe abaixava a cabeça jogando água gelada, daí passou gelo na nuca do primo – ambos tragos por Monica – tentando fazê-lo acordar e nem isso, berros ou chacoalhões o despertaram do estado de inconsciência.

Sem obter resultado, pediram ajuda aos bombeiros que trouxeram uma maca. Apesar de não parecer, Dani pesava um bocado e enquanto era levado com custo, Monica foi ao lado levantando o braço dele que insistia em cair e arrastar no chão, até ser depositado na tenda médica. Um dos bombeiros quis saber o que realmente acontecera e geral desconversou.

— Seria bom se vocês contassem o que ele tomou, pra gente saber o procedimento a ser adotado.

“Pra que insistir numa vida cheia de glamour e curtidas que não traz descanso ou felicidade.”

Cheio de culpa, Nandinho disse que o primo tomou uma dose alta de Gi e mesmo tentando mantê-lo acordado e se movimentando, ele dormiu e não acordou mais.

— Ele chegou a tomar ou comer mais alguma coisa?

— Não! – Nandinho confirmou após olhar pra Monica que negou com a cabeça.

Como não tinha perigo de vomitar o deixaram deitado de barriga pra cima – no caso de quem havia comido, o protocolo era deixar o corpo de lado pra evitar engasgos com o próprio vômito.

Ao solicitar pra geral ir embora, Nandinho insistiu em ficar por ser seu primo, o bombeiro concordou, mas o resto devia se afastar liberando a passagem, assim, Tiago, Lucas, Cris, Monica, Ricardo e Henrique tiveram de sair. Nandinho pediu pra relaxarem, voltar pra pista pra e se divertirem que ficaria de olho em Dani.

— Melhor ficar esperto, Nandinho. – Chamando ele de canto Monica alertou. – Esses estagiários nem sabem o que tão fazendo, um deles perguntou se eu tinha cobertor pro Dani.

— Como assim? – Nandinho ficou indignado.

— Olha só como ele tá! – Ela apontou o descaso. – Eles trouxeram o Dani de qualquer jeito, se eu não tivesse acompanhado teriam machucado toda a mão dele.

— ‘Xá comigo, vô dar jeito nisso aqui! Agora vai curtir.

Depois disso ninguém aproveitou direito e vez ou outra iam saber como Dani estava, a resposta continuava negativa. Se ele custava a despertar, Monica reparou que o cobriram – algo que só aconteceu após Nandinho alertar que o primo estava gelado e precisava ser aquecido, ele pediu que o colocassem na ambulância, como ela devia ficar livre pra emergências arrumaram um cobertor pra ele se calar e não foi nem um cobertor térmico como ele pediu

“Insaciável, a morte chega sem ser esperada furtando, às vezes, vidas de forma prematura.”

Indignado com o descaso, Nandinho viu que não dava pra contar com o auxílio público pra prestar os primeiros socorros, ele não imaginava como a galera que precisava de socorro era mal tratada, e decidiu que o melhor era contratar uma equipe emergencista.

— Bora voltar? – Monica deu um selinho em Nandinho e convidou ao ver que Dani parecia melhor. – Agora é só esperar ele acordar.

Preocupado disso não acontecer, Nandinho se mostrou resistente, mas a galera insistiu que ficar de tocaia não ia despertaria o garoto, então ele cedeu e, se aproximando de Cris que estava de lado, meio perdida com a situação, voltou com a galera.

Dançar foi fácil, mas por melhor que estivesse o clima e Cris desse maior tesão, Nandinho não conseguia deixar de pensar no primo esticado na maca, após achar que ficara tempo de mais ali, foi verificar o estado do primo sendo seguido pela galera que chegaram a tempo de ver o Dani acordar. Emocionado, Nandinho puxou o primo pro abraço.

— Cê tá bem, Dani? – Nandinho mal cabia em si de felicidade e alívio.

— Tô sim! – Ele não entendeu o motivo de comoção. – Lembro de nada, só apaguei, mas agora tô de boas e… mals aí zoar o rolê, galera! – Ele se desculpou.

— Relaxa, garoto! – Lucas colocou a mão no ombro de Dani e eles foram andando. – Quem nunca deu PT?

“Tem quem prefere fingir cegueira e se sobrecarregar de tarefas ou entorpecer os sentindo; é mais fácil fechar os olhos que enfrentar a dor de sua real condição.”

— Ahh…, mas logo na primeira? – Ele estava envergonhado.

— Verdade! Isso deve ser coisa de família. – Lucas ponderou, rindo.

— Como assim!? – Dani ficou confuso.

Lucas contou que pouco depois que dos três se conhecerem, saíram pra beber, achando que era o bom dos drinks, Nandinho exagerou na tequila e acabou em coma alcoólico.

— Ainda acho que o Nandinho fez isso só pra ser carregado pelo bombeiro, maior gatão o cara. – Lucas conficionou, falando alto suficiente pro amigo o ouvir.

— Real isso aí, concordo total! – Tiago apoiou, se rachando de rir.

— Cala boca, seus peste! Cês só fala besteira! – Nandinho deu um pedala nos dois. Enquanto brincavam de lutinha Dani se acabava de rir. Agarrando Lucas por trás e o segurando pelo pescoço Nandinho fez cócegas até o amigo pedir pra sair, só aí o soltou e percebeu o primo contente, e isso o fez se sentir melhor.

Retornando pra pista, a galera se jogou na dança. Luzes multicores, pulsavam serpenteando no embalo da música, aumentando a sensação de sinestesia, transcendência e dissociação ao tornar movimentos mais lentos e robotizados, enquanto roupas brancas brilhavam. A fumaça dava corpo aos lasers e imensas telas exibiam imagens psicodélicas que ora mesclavam, noutras se abriam, entrando umas nas outras. Nesse ambiente, geral esqueceu o acontecido e curtia maior vibe boa, ainda mais sob o efeito de entorpecentes.

— Mano, bora! – Sem ser esperado, Nandinho disse ao pé do ouvido de Lucas, que apenas assentiu. Enquanto o amigo foi buscar Tiago, ele chamou Dani, mas quem disse que o garoto queria soltar Monica? Estava tão bom ficar grudadinho que ele queria permanecer assim por um bom tempo.

— Depois te passo o número dela! Cês ainda vai ser ver bastante.

— Mas… – Ele tentou revidar.

— Vai lá! – Vendo que Nandinho estava começando a ficar impaciente, Monica silenciou o novinho com um beijo de arrancar o fôlego. – Melhor cê ir agora.

— Tá bem! – Ele concordou, mesmo sem entender a pressa. Nandinho saiu na frente, sem o esperar, então Lucas e Tiago apareceram. Eles seguiam pra direita da área VIP, mais ao fundo, onde o BMW os aguardava estacionado.

— Tiago, por que já tâmo indo? – Dani aproveitou que Lucas acompanhou o primo, pra descolar alguma informação.

— Coisa do Nandinho! – Ele deu de ombros. – Às vezes ele fica assim, a gente não faz ideia do que seja, mas quando ele decide algo melhor é não contrariar.

— Tendeu… – Sem compreender nada ficou lacônico, até porque o primo sempre foi compreensivo. Aquela era uma faceta que ele desconhecia total.

— Cê tá melhor mesmo? – Tiago ficou sem jeito.

— Tô sim! – Dani sorriu.

— E cê sentiu algum bang?

— Nada! Só lembro que tava dançando, daí acordei na tenda.

— Que bom! – Tiago deu um meio sorriso. Mesmo não aparentando, a resposta o deixou mais aliviado. É que, enquanto a geral correria com Dani pros fundos, ele não ajudou o suficiente, chegando quando já o tentavam acordar.

Não que ele não se importasse, é viu maior casal lindo, foi difícil até saber qual dos dois era mais gatíneo – a garota ou o garoto – e tão encantado Tiago ficou, que não conseguiu desgrudar os olhos deles, foi quando percebeu Dani no chão, ao ajudar viu o garoto lhe encarar, assim, enquanto os amigos se afastavam, decidiu aproveitar a oportunidade, depois ia saber o que acontecera na real.

Dançando, foi na direção do garoto e o beijou, então trocaram nomes e elogios, daí virou pra garota e a beijou também – rolou até beijo triplo. Por mais que estivesse bom e que Tiago quisesse curtir mais, precisava correr antes dos amigos desapareceram de onde os viu seguir, então se despediu e se mandou.

Assim que os garotos entraram no carro, Nandinho pisou fundo e pegou a estrada, animados e cheios de energia, foram conversando durante o trajeto.

— Pessoal tem preconceito com droga, mas quem usa fica mais de boas, tanto que em rave geral é amigo, já quem bebe, quer brigar e ainda fica de ressaca no outro dia, coisa que balinha ou doce não dá. – Empolgado, Lucas discorreu cheio de propriedade [Salmos 1.1-2].

Ainda sob efeito dos entorpecentes, os garotos concordaram – tem quem prefere fingir cegueira e se sobrecarregar de tarefas ou entorpecer os sentindo; é mais fácil fechar os olhos que enfrentar a dor de sua real condição. Então, Lucas começou a falar do after que ia rolar pra compensar por saírem tão cedo.

— Vai ser logo pool party pra descontar! – Botando a cabeça pra trás, Lucas viu Dani e Tiago, rindo com vontade [Provérbios 14.13], enquanto ele viajava na maionese.

“De que adiantam conquistas, se enquanto se ganha o mundo, perde-se pelo caminho?”

Independente do horário, era comum rolar after quando depois da rave, eles apenas tiravam um cochilo. Depois que passaram a produzir balada, deixaram as resenhas de lado, daí resolveram voltar com o agito apenas por diversão.

Apesar de rir e fazer graça, a real é que Lucas estava preocupado, se não arrumasse outro fornecedor, ia acabar ficando sem lança, já que a polícia apreendeu toda carga do seu fornecedor, no interior de São Paulo. Somando-se isso a crise de consciência, ele começou a chorar, dizendo que estragou o rolê e que a culpa do que aconteceu com Dani era sua porque não se atentou como a dose podia ser perigosa, daí quase mata o novinho.

Calmo, Nandinho disse que não foi nada disso e já estava tudo bem – mais porque não estava a fim de drama, resultado dos entorpecentes, que pra consolar o amigo.

— Foi culpa sua não, eu que quis tomar. – Mais paciente, Dani esticou pra frente e todo fofo secou as lágrimas do companheiro. – Tô de boas já. – Ele sorriu.

Isso fez Lucas acalmar, então, os garotos seguiram na maior zoeira, planejando os detalhes da pool party, apenas Nandinho permaneceu quieto – desde que entrara no carro ficou na dele, sem se envolver. Ligados como estavam, ainda seguiram alguns quilômetros fazendo barulho, até o cansaço se abater sobre eles e o silêncio se instalar.

 — Hey, garoto! Que isso aí!? – Nandinho, ralhou ao olhar o retrovisor. No mesmo instante, Tiago e Dani que se beijavam, se afastaram, rindo. – Tiago tá pensando que meu primo é bagunça? Cê pega geral, depois quer tirar uma casquinha do Dani?

— Relaxa primo, a gente tá só curtindo! – Dani riu despreocupado.

— Não sabia que cê também era bi.

— Ah! Sei lá! – Ele deu de ombros. – Só deu vontade. – E recostou no peito de Tiago, puxando o braço dele pra si. Todo contente, o garoto ficou acariciando-lhe o cabelo.

Quando foram buscar Dani, logo que chegaram ao aeroporto, Tiago bateu o olho e viu, perdido na multidão, um gatíneo que prendeu toda atenção – ainda mais porque trocou olhares consigo, fazendo-o torcer pra que o primo de Nandinho fosse aquele garoto.

Ele ia na direção dele, quando Lucas o puxou dizendo pra se apressar, daí ele perdeu o crush de vista; enquanto andava, foi olhando pra trás procurando vê-lo novamente. Distraído, não notou quando o amigo parou e acabou esbarrando nele, que lhe disse pra ter mais cuidado e prestar atenção.

— Culpa sua! – Ele fez careta. – Fica parando de repente, té parece que não me conhece.

— Parei porque já achei quem a gente veio buscar! – Lucas revirou os olhos. – Dani, esse é o Tiago, mas não repara que ele é maior distraído.

Na hora que Lucas deixou o garoto visível, o coração de Tiago acelerou, quando Dani sorriu e lhe estendendo a mão, ele ficou um colorau e o cumprimentou mal acreditando estar diante do gatíneo que tanto procurou. Mesmo estando maior a fim dele, principalmente após ver quão cremolícia ele era, ao conhecê-lo percebeu que ele era o padrãozinho hétero top – ele não tinha chances, apenas interpretara errado os sinais.

Se não ia rolar nada, pelo menos valia a pena tê-lo como amigo, além de gato, Dani era fofo, simpático e com grande poder de atração – igualzinho o primo. Tiago havia desistido de qualquer coisa além de amizade, quando o sono começou a bater e ele viu aqueles olhos azuis-claros lhe encarar da mesma forma que da primeira vez, profundo a ponto de fazê-lo tremer até a alma. Acostumado a flertar, ele estranhou se sentir embaraçado e, sem jeito, sorriu do melhor jeito que deu, quando Dani fez o mesmo, ele não resistiu e se aproximou, então o beijo rolou. O novinho acabou dormindo com os afagos.

Acabou dormindo

Ainda sem acreditar na sorte que tinha, Tiago sorria, enquanto continuava a acariciar os fios castanho-claro dele, aí deu um beijo em sua cabeça macia e com o cansaço pesando, fechou os olhos e mergulhou no sono também.

Ao olhar em volta, Nandinho viu ser o único desperto, foi aí que a solidão lhe apertou o peito. Ele pensou que se saísse rápido da rave, conseguiria escapar, deixando a sensação ruim pra trás. Pouco depois do primo acordar, quando ele começava a curtir, a impressão que nada daquilo era verdade o fez se sentir estranho e graças ao excesso de serotonina, ficou sem saber se a sensação era real ou não.

Tentando se acalmar, Nandinho utilizou uma técnica de relaxamento, que consistia em respirar devagar, assim começou a inspirar, segurar, expirar e soltar, contando até o mesmo número, e foi repetindo até a mente silenciar, esvaziando de tudo que o fazia perder o autocontrole. Com o cérebro melhor oxigenado, as conexões através das sinapses se intensificaram, deixando os pensamentos mais claros, e ele se pôs a questionar se realmente valia a pena tudo que conquistou.

O xará dele, o Pessoas, disse que tudo é válido, desde que a alma seja grande, mas compensava aproveitar tanto só porque nada lhe era proibido [1 Coríntios 6.12]? De que adiantam conquistas, se enquanto se ganha o mundo, perde-se pelo caminho [Marcos 8.36-37]? Pra que continuar se apegando a um fio de felicidade que logo se rompia, fazendo-o cair nas profundezas de um abismo de trevas e pavor? Por que insistir numa vida cheia de glamour e curtidas que não traz descanso ou felicidade [Marcos 8.35]?

Ele já se pegara ponderando sobre isso diversas vezes, mas por mais que refletisse, não encontrava uma solução, tudo o que conseguiu foi perceber o abismo entre o que sabia e as respostas que necessitava.

— “Não sei quantas almas tenho, cada momento mudei. Continuamente me estranho, nunca me vi nem achei. De tanto ser, só tenho alma, quem tem alma não tem calma.” – Ele se pegou repetindo o poema de Fernando Pessoa. Fazia tempo que o vira, mas aquelas palavras definiram tão bem o que sentia que ficarem gravadas nele, trazendo os versos de um dos poemas mais enigmáticos, que refletiam toda a dor vivida pelo próprio poeta.

Fazia tempo

Em meio aos questionamentos, a responsabilidade pelo que houve com Dani voltou a pesar – a culpa era dele! O primo não usava nada e se manteve firme na decisão, mesmo ele e os amigos fazendo uso indiscriminado de Key e outros psicoativos; como o garoto se inspirava nele, achando incrível tudo o que ele fazia, acabou cedendo.

“E se ele tivesse morrido? Como eu ia explicar pra tia que trouxe o Dani pra São Paulo só pra matar ele?” – O que seria uma encrenca sem tamanho. Ele sabia bem que as chances de morte súbita por Gi eram imensas.

Os pensamentos se tornaram mórbidos e ele imaginou o primo, dormindo no banco de trás, gelado, de olhos arregalados e sem brilho, sem vida total. A ideia o assustou tanto que o coração voltou a acelerar, a mente foi dominada por diversas cenas de morte, das piores formas possíveis, sanguinolentas com o líquido espirrando pra tudo que é lado.

O que se apossou dele, foi tão pavoroso que é impossível descrever com exatidão. Como se todo registro de destruição da vida já criados fossem reunidas e descarregadas de uma única vez em sua mente, diferentes cenas de homicídio e suicídio, de filmes e desenhos os quais se quer imaginou existir, continuavam a repetir.

Enquanto os garotos dormiram tranquilos, Nandinho travava uma luta insana consigo mesmo, banhado de suor. Com o coração acelerado, a ponto explodir, o peito começou a doer, fazendo-o perder o controle da direção, quando deu por si o carro ia pra cima de um garoto. A expressão de puro terror vista por Nandinho, o perturbado ainda mais, mas não deu tempo de fazer nada, apenas de ouvir o baque.

A feição do garoto ficaria gravada pra sempre em sua mente, não fosse pelo carro ter ido em direção ao poste, causando um barulho ainda mais violente que mergulhou tudo no silêncio. Dessa forma se calou pensamentos e acusações, Nandinho pode descansar, sem ciência da tragédia cometida [Eclesiastes 9.5] – insaciável, a morte chega sem ser esperada furtando, às vezes, vidas de forma prematura.


#proximoepisodio

Amanda encerra a entrevista, mas antes do casal ter sossego, os vizinhos começaram a chegar. Quando as luzes se apagaram, dentro de Lourdes uma inquietação lhe rouba o sono e ela acaba por desaparecer, deixando Marcos desesperado.

Conheça a história com acontecimentos inéditos e um episódio extra!

Ósculos e amplexos,

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