Paralisado pelo medo
Maxwell Nelson/ Unsplash

O medo que me paralisa

Me pego perdido mais vezes que devia
Cercado de medo que aflige e angustia
Como se o tempo regularmente fugisse
Assim não consigo fazer o que gostaria

O simples imaginar de alguma suspeita
É o bastante pra causar desorientação
Dessa forma vai-se o tempo e nada fiz,
O que era importante não concretizou

Tempo gasto remendando a perfeição
Que constantemente cobra e apavora
Suga-me, buscando inexistente padrão
É cansativo demais tentar o ascender

Só de pensar em todas as implicações
A mente se estressa e o corpo paralisa
Parece-me sempre estar consertando
Uma minúscula parte restante da vida

Dando um jeitinho pra ficar menos torto
Todo esforço desempenhado parece vão
E realmente, ao se colocar expectativa
Naquilo que apenas é incerto e mutável

É preciso lançar de mim toda ansiedade,
Mas isso tem de ocorrer na direção certa,
Caso contrário ela poderá retornar pra cá
Devo a enviar pra quem de mim, cuida

O mesmo que vela pelas aves e vegetais,
Enviando sol e chuva sem alguma exceção.
Nada é aleatório e tudo possui um porquê.
Perdendo tempo por andar na contramão

Caminhos errados
Tim Trad/ Unsplash

Errando os passos, fui trocando a direção
Como bêbado segui a andar cambaleante
Em pensamentos, sentimentos, intuições,
Mesmo acordando cedo não resta tempo

Paralisante peso me toma os movimentos
Ao buscar alívio no que me prende mais.
Conforme cresce em mim pensamentos
A habilidade de locomoção me arrasta

Num frenético momento que nada espera
Será que continuar caminhando importa?
Se o que realmente se precisa é de pausa,
Serenidade pra respirar e aquietar a mente

Apenas o cérebro oxigenar, aspirar fundo
De assaz gratidão preencher os pulmões.
Tu és porto onde em segurança repouso
De águas que saciam, ondas de bonança,

Me conduzes aonde floresce a liberdade
Onde do verdor o medo não rouba o tom,
Encontro abrigo durante meus temporais,
Lugar onde germina esperança e proteção.


#papolivre

Medo é uma reação biológica advinda da liberação dos hormônios, como adrenalina e cortisol, que nos bota em estado de fuga ou enfrentamento pra escapar de algum dano, ou nos forçar a um melhor preparo pra determinada condição.

Sendo instigado pela forma que interpretamos o ambiente e situações, se dá por aversão, insegurança, perigo, receio ou pelo desconhecido – segundo H.P. Lovecraft, o mestre do horror cósmico, “a emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os temores é o medo do desconhecido”. No artigo “Basta de ser controlado pelo medo“, explico um pouco mais sobre essa reação em cadeia.

Quando antecipado – pela ansiedade – nos deixa em alerta, como consequência a boca seca, a pele perde cor, a frequência cardíaca e respiratória aumenta, além de surgirem tremedeiras. Então, uma medida natural de proteção do organismo, se torna paralisante e não conseguimos raciocinar – dando branco, que prejudica as conexões neurais e impede o cérebro de acessar informações armazenadas na memória.

Em momentos assim, o que pode ajudar a combater o pavor é a sensação de confiança, então quando ele se manifestar o melhor a fazer é correr pra um lugar seguro, onde se possa encontrar a firmeza pra vencer independentemente das adversidades a enfrentar [Salmos 91], pra ele se tornar motivo de ousadia – como abordei em “Cada luta é um novo poema“.

Ósculos e amplexos,

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