Interrompido – Amarga surpresa (Episódio 11)

Interrompido – Amarga surpresa (Episódio 11)

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Dani desmaia sem querer acordar deixando a galera desesperada e seu primo apela pro serviço de urgência. Após isso a noite fica puxada, sem condições de continuar Nandinho se manda com os amigos, mas talvez tivesse sido melhor esperar o fim da rave.

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Sem poder prosseguir com a entrevista, Amanda se vê obrigada a encerrar a exclusiva – pena que não deu pra segurar Lourdes por mais tempo. O relato dela levou a comoção geral, fazendo a audiência a atingir um dos picos de audiência mais altos; algo que nem o jornal do horário nobre alcançava a tempos, graças a ela. Quem diria que uma repórter regional conseguiria tamanha façanha?

Enquanto a produção – composta por Ricardo Akyotsu, repórter cinematográfico, e Gilberto Aranha, responsável pela ilha de edição – desmontava os equipamentos, a repórter se preparava pra colher os elogios por seu feito. Talvez agora rolasse o merecido convite pra trabalhar na sede de jornalismo da emissora.

Terminado de recolher tudo, eles se retiraram, a frente da casa estava abarrotada de gente, como os muros eram baixos facilitava bisbilhotar, apesar da curiosidade, os vizinhos receosos só começaram a se achegar quando Amanda e a equipe saíram pelo portão.

“As pessoas podem ser menos tolerantes quando se é insensível à dor alheia.”

“Bando de caipiras!” – A repórter prensou, revirando os olhos por lhe atrapalharem a passagem. – “Felizmente, logo não estarei mais aqui!” – E com esse pensamento acalmou. Pra ela, as espécimes ali só serviam de material jornalístico, a não ser que a dor alheia gerasse conteúdo pra lhe promover ela não dava a mínima pra dor alheia [Provérbios 14.21].

O que facilitava é bastava aparecer com uma câmera que as pessoas se mostravam dispostos a aparecer. Como, no dia anterior, como o casal não retornara, ao invés de vigiar na frente da casa deles, igual os outros repórteres, ela foi atrás dos mexeriqueiros conseguindo bastante material. Chegou até a gravar entrevistas pra dar um tom mais apelativo a história, além de aguçar a audiência – algo que deu tão certo que proporcionou um link ao vivo no principal jornal da emissora.

— Amanda! Ei, Amanda! – No meio da multidão, uma garota acenava freneticamente.

Reconhecendo a voz, a repórter, que saía de nariz em pé, após cumprir sua tarefa, olhou pra muvuca, deu um tchauzinho e um sorriso de meia boca, só porque havia sido a garota quem a avisou da chegada de Lourdes – vai que precisasse dela de novo, o mínimo era fingir se importar. Foi aí que o celular tocou.

“Já era hora! Finalmente vou ser reconhecida!” – Ela se alegrou, ao ver ser o chefão ligando. Só que o que ouviu não lhe agradou muito, o diretor-geral de jornalismo quis saber o que Amanda fizera, ao que ela lhe respondeu que apenas realizou seu trabalho.

— Pois você não foi feliz! – Ele sentenciou.

— Como assim!? – O comentário chega causou tontura, ela tinha certeza de que arrasara.

— Olha só o Twitter. – A voz do diretor era seca.

Antes ela não tivesse feito isso, Amanda estava nos trending topics, mas não da forma que esperava e isso a fez suar frio. Geral a detonava por ela ser insensível, com perguntas invasivas e inconvenientes que serviram apenas pra deixar Lourdes pior; como um ela a atacou num momento de fragilidade, pra obter audiência.

— Amanda, tenho uma notícia pra lhe dar. – Como o volume estava alto deu pra ouvir mesmo com o celular na mão e isso a deixou receosa de encostá-lo no ouvido. Assim, ao invés da tão esperada promoção, o que conseguiu foi ser demitida pouco após a reportagem.

A ligação da alta cúpula fora muito aguardada, ela só não imaginou que seria pra isso, e tamanho foi o incômodo causado que o próprio diretor-geral entrou em contato ao invés de deixar sua diretora fazer isso. E olha que ele era conhecido por usar artimanhas pra demitir repórteres ao invés de sujar as próprias mãos, como na vez que soltou um vídeo antigo dos bastidores fazendo a população se voltar contra o melhor jornalista da rede, assim conseguiu afastar aquele que ameaçava seu cargo tão valioso.

“Talvez o desespero seja, dos estados, o pior. Além de impedir com que se enxergue com clareza, confunde a mente, reduz a percepção e superdimensiona o pavor.”

Buscando revitalizar sua imagem e credibilidade, frente a uma parcela crescente de pessoas a repudiar seu poder de influência, a emissora adotara uma política de tolerância zero a repórteres com conduta dúbia ou causassem desconforto. Pelo menos foi o que ficou sabendo quando seu amigo, âncora do jornal vespertino de uma afiliada, ser demitido após receber nude ao vivo, enquanto interagia via WhatsApp, por “não agiu com naturalidade”.

“Como se desse pra fazer isso diante de algo tão inesperado.” – Ela estalou a língua ao lembrar.

— Tudo bem, Amanda? – Ricardo, que sempre lhe acompanhava nas reportagens, quis saber ao percebê-la tensa.

— Nada não, vamos! – Ela bateu a porta do furgão, eles só esperaram Gilberto entrar atrás, na ilha de edição, de onde ocorria a transmissão pra emissora, e partiram. Acostumada ao sucesso local, com entrevistas polêmicas e carregadas de emoção, Amanda prendia a atenção, gerando números positivos de audiência. O que a fez acreditar que teria a mesma recepção ao nível nacional e descobriu que as pessoas podem ser menos tolerantes quando se é insensível à dor alheia.

Marcos levou um tempo pra conseguir dar atenção a tanta gente até Fábio e Bia apareceram pra ajudar a dispersar o pessoal, após descansar no quarto e se acalmar, Lourdes se juntou a eles e o grupo conversou até a noção das horas se perder.

Tamanha escuridão fez a lua adormecida emitir uma luz incapaz de romper o breu. Vazando pela brecha deixada pra arejar o ambiente, um vento congelante tornava o cobertor ineficiente pra aquecer a madrugada. Marcos virou pro lado de Lourdes pra pedir que ela fechasse a janela e seu braço caiu pesado.

Ao tatear a cama e não encontrar a esposa, o sangue gelou, erguendo o tronco com tudo, jogou longe o cobertor e o espanto aumentou. Mesmo devassando a casa, encontrou pista alguma do sumiço de Lourdes, na garagem tudo estava como antes, ela parecia lhe ter sido tomada sem ele se dar conta de nada [1 Coríntios 15.51-52].

Foi arrebatada
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“Será que ela foi arrebatada!?” – A conclusão o fez suar frio de novo, a respiração pesou e o coração fez disparar. Na hora, ele correu pra TV e botou no noticiário; tudo o que se falava era sobre amenidades e assuntos aleatórios, nada a ver com desaparecimento em massa ao nível mundial e de forma inesperada [Mateus 24.30-31].

Sem a menor noção do que acontecera, também sem poder ser comunicar com a esposa, ela havia deixado pra trás celular e documentos, botou um roupão, entrou no carro e saiu dirigindo tentando encontrar rastro da esposa pelas ruas vazias.

Olhou com atenção cada beco, esquina, parada de ônibus e seguiu perscrutando sem nada encontrar, a esposa havia evaporado no tempo. Conforme prosseguia sem resultados, um rastro que parecia ter se desfeito poucos segundos atrás, continuou guiado pela intuição, até ao chegar ao hospital, onde Cadu permanecia na unidade de terapia intensiva. Mal se aproximou da recepção, deu bom dia e foi perguntando se haviam visto sua esposa.

— Bom dia, senhor! – Alice foi afável. – Qual o nome dela, por favor? – Vendo o latente estado de preocupação do homem a sua frente, que podia ser seu pai, ela se compadeceu e fez o pedido pra checar o registro de visitas.

— Marcos!? – Lourdes surgiu, se aproximando da catraca que impedia o acesso não autorizado. Quando a voz da amada lhe tocou os tímpanos, ele foi inundado de paz e calmaria, parando o que fazia correu na direção dela, lhe abraçando sobre a catraca; ele teria continuado a mantê-la próxima de si pra ela não escapar caso a soltasse.

— Senhor, pode passar, liberei o acesso! – Comovida, Alice se viu obrigada a interromper o momento pros dois poderem ter mais liberdade de conversar.

— Amor, como você some assim!? – Emocionado por a encontrar, a voz até falhou.

— Perdão, neguinho! É que seu sono estava tão gostoso que não quis te acordar, mas eu ia ligar antes de você ir pro serviço.

— E como você sai sem celular e documento? – Marcos estava preocupado.

— Você sabe que não gosto de andar com nada, ainda mais uma hora dessas.

— Mas precisa, amor, ainda mais RG, pode ir nem na esquina sem. – Ele ralhou, com brandura. – Se eu tivesse acordado um pouco antes não ia te deixar sair assim.

— Acho difícil, querido, porque saí de casa já tem algumas horas.

— Como assim!? – Marcos se espantou, sua impressão era que ela acabara de levantar.

Sem conseguir dormir numa cama confortável, com colchão de molas, enquanto Cadu estava nada bem e inconsciente no hospital, pouco depois do marido fechar os olhos, Lourdes botou um agasalho, saiu com cuidado pra não acordá-lo e foi pro ponto de ônibus do outro lado da rua.

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— Por que não pegou o carro, amor? – Marcos ficou mais sobressaltado ao ouvir o relato.

— Porque você ia usar pra ir pro serviço.

— Eu dava um jeito! Mais importante pra mim, é sua segurança. E se tivesse acontecido algo contigo?

— Ia não, D-s me guarda! – Ela lembrou que sua proteção não dependia de fatores humanos [Salmos 34.7].

— Ainda assim é bom vigiar! – Ele frisou o alerta do Mestre [Mateus 26.41]. 

— Tudo bem, querido! – Ela abaixou os olhos, sem poder encará-lo e Marcos a abraçou.

— Por D-s, não faz mais isso, querida! Quase entrei em choque quando acordei e você sumira! Entendo que não é fácil deixar nosso Cadu, enquanto a gente descasca, mas precisamos estar bem por ele.

— Você tá certo, neguinho! – Sem esperar, ela lhe silenciou as preocupações com um beijo. Sem jeito, Marcos perguntou como Cadu estava pra disfarçar o embaraço e Lourdes disse que ainda não conseguira vê-lo porque precisava esperar a chegada do médico.

Ficar esperando

Como não havia jeito, os dois aguardaram, por mais confortável que fosse o assento, Lourdes não conseguia ficar parada. Ao perguntar se estava tudo bem, Marcos recebeu como resposta que ela não aguentava mais esperar. Incomodado, com a agonia da esposa, ele foi falar com a recepcionista pra saber quando o médico ia chegar.

— Senhor Marcos, peço que aguarde mais um pouco, o doutor Pedro Gonzaga já está chegando.

— Obrigado, Alice! – A resposta o deixou aliviado. – Ouviu isso, amor? O médico já tá… – Marcos se interrompeu, ao ver que a esposa havia sumido novamente.

Alguns metros dali, apesar dos passos apressados, Lourdes tentava não chamar atenção.

— Preciso ver meu Cadu! – A justificativa pra ter largado pra trás o marido e sair apressadamente, sem dar explicação alguma, saiu baixo o suficiente pra ela mesma ouvir.

Aproveitando o momento de distração do marido e da recepcionista, Lourdes saíra de fininho. A atitude não era o ideal, mas caso dissesse algo pra Marcos ele a tentaria demover do intento, fazendo demorar pra ver Cadu. Com os passos apressados, ela olhou pra trás, sem ninguém nas proximidades correu antes que dessem por sua falta e a impedissem de fazer chegar ao andar do filho.

— Quarto 705… quarto 705… – Lourdes seguiu repetindo, enquanto o elevador subia, pra ter certeza que não ia esquecer o número em meio ao nervosismo.

“A Alice disse pra esperar, que a gente precisava conversar antes com o doutor, mas já falamos demais com ele!” – Ela pensou ao virar uma curva, foi quando avistou o número 705 afixado numa porta.

Sem cerimônia foi entrando, ascendeu a luz e fechou a porta. Ao se aproximar do leito, descobriu o filho e a visão lhe revelou uma amarga surpresa que encheu o ar de um odor desagradável. Assim que o tocou, Lourdes ficou sem reação, os braços caíram sobre o corpo inerte e ainda quente do filho, então ela se afastou desatinando a chorar; talvez o desespero seja, dos estados, o pior, além de impedir com que se enxergue com clareza, confunde a mente, reduz a percepção e superdimensiona o pavor.


#proximoepisodio

O estado de Cadu causa profunda tristeza profunda em Lourdes; o que podia ser castigo pelo erro cometido ao qual escondeu do marido, mas em meio aos dias difíceis a felicidade surge com um sorrindo no olhar.

Conheça a história com acontecimentos inéditos e um episódio extra!

Ósculos e amplexos,

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