#episodioanterior
Depois de perceber que tava xônado total por Kylie, mas sem saber como chegar nela, Jean abre o jogo com Earvin que descobre o que ele tava fazendo de errado e lhe dá algumas dicas de como conseguir chamar atenção dela.
Tão emocionado ele ficou que nem esperou chegar em casa pra falar com a crush e mandou logo um direct e a mágica aconteceu, ele conseguiu um date com ela, só que as coisas saíram nada a ver com o que ele tinha planejado – mas talvez uma segunda chance podia ser a oportunidade perfeita pra ser tudo diferente ou não?
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Atraídos um pro outro, os lábios tavam tão próximos que Jean já podia sentir a textura da boca macia de Kylie, foi então que um clarão os cegou. O tempo necessário pra pupila se adaptar, foi suficiente pra ela levantar apressada, restando pra Jean apenas a opção de segui-la, rumo a saída.
“Quase!” – Ele ficou bolado e foi chutando as pedrinhas pelo caminho, enquanto iam pro ponto.
O céu cinzento ajudou a melhor em nada o estado de humor dele, Jean respirou fundo, soltando o ar sonoramente, indignado que o filme acabou no momento bem impróprio.
“Justo quando tava praticamente beijando ela!” – Era mesmo injustiça demais aquilo.
— Vem louquinho, é meu coletivo!
Ele se sentiu puxado pra realidade e se percebeu correndo pra dentro do busão com Kylie segurando-lhe a mão – ao notar isso as bochechas coraram.
— Maior sorte isso! – Ela sorriu, enquanto a porta era aberta.
Realmente, eles tinham acabado de sair, quando Kylie viu um ônibus e deu sinal, distraído como tava, Jean percebeu foi nada, ainda bem que ela tava prestando atenção.
— Boa noite, miga!
— Boa noite, migo!
— E aí? Só passeando?
“Poucas sensações se comparam ao prazer proporcionado pelo beijo, ele é capaz de fazer almas se encontrar, onde uma toca a outra no momento em que ambos expelem o ar quente do êxtase e as línguas provam o sabor um do outro.”
— Tava no cine.
— Que bom! E quem é esse aí?
— Meu migo da facu.
— Beleza, rapaz?
— Beleza! – Jean cumprimentou o motorista, meio sem graça.
— Ainda bem que era cê, Clóvis, não tava a fim de ir até o ponto.
— Acha que mesmo que outro motorista não ia parar pra você Kylie? – Ele sorriu, galante.
— Ah! Não é pra tanto. – Ela soltou sua sonora risada.
Eles passaram a catraca, mas Jean ficou de olho em Clóvis, ele não curtiu nem um pouco tanta simpatia pro lado de Kylie – ainda mais porque o cara era mó bonitão, moreno, olhos verdes.
“Saco! Agora tão contratando modelo pra ser motorista?” – Ele fungou.
É, parcinha, parece que cê não tá com sorte mesmo, hein!?
Então o ciúme fez o encanto, de ter Kylie pegando em sua mão, passar e ele se tocou que aquele não era seu trajeto.
— Vixe! Tenho que descer no próximo ponto. – Jean ficou de pé repentinamente.
— Ué! Por quê? – Kylie levantou a sobrancelha.
— Minha casa é no sentido contrário.
— Tendeu! Mas cê não vai descer.
— Ah, é!? – Ele deu um sorriso de sabichão. – Por que não?
— Cê vai me levar té em casa! É o mínimo que pode fazer depois de me fazer assistir aquele filme.
— Ué! Pensei que cê gostasse de terror. – Ele sentou novamente, surpreso de ouvir isso.
— Tenho mó medo! Ainda mais daquelas musiquinhas assustadoras que sempre tem.
— Sério!? – Ele mal acreditou, mas Kylie confirmou com a cabeça. – Não foi o que pareceu quando cê viu que filme era.
“Não existe certo ou errado no beijo, apenas maior ou menor intensidade na entrega.”
— É que sei disfarçar bem! – Ela piscou.
— Poxa! Maior atriz você! Só acho que cê tá no curso errado.
— Por quê?
— Cê devia é tá fazendo dramaturgia, isso sim. – A resposta dela foi um sorriso tímido. – Por que cê não disse que tinha medo? A gente via outro filme.
— É que cê tava tão empolgado… não quis ser a chata do baile. – Ela baixou os olhos, envergonhada.
— Isso nunca! Té porque é sua companhia que importa. – Jean levantou o queixo dela, até os olhos se encontrar.
Nada mais precisou ser dito, eles apenas se aproximaram, os olhos fecharam, enquanto os lábios se tocaram e…
— Chegamos, miga! – O motorista berrou, abrindo a porta de trás.
— Ah… valeu, Clóvis! Boa noite! – Ela acenou, toda animada.
— Boa noite! – Ele retribuiu o sorriso.
— Bora, doidinho! – Kylie descia as escadas, quando viu que Jean continuava sentado, daí voltou e o puxou.
“De novo? Mas será possível!? – Ele pensou com si mesmo.
Enquanto descia as escadas, olhou pra frente e o motorista lhe fez um cumprimento de cabeça, ao qual ele respondeu, meramente por reflexo.
— Gostei desse cara não! – Jean confessou assim que o busão partiu.
— Quem? O Clóvis? – Nova levantada de sobrancelha.
— Se memo!
— Ué! Por quê?
— Ele tava cheio de gracinha pro seu lado.
— Para de ser bobo, Jean! Ele é sou meu migo de coletivo.
— Hum…
— Bom, minha casa é aqui! – Ela apontou.
— Olha só! O ponto é na frente da sua casa. – Jean se surpreendeu.
— Maior bom, né!? – Ela sorriu.
“Saco!” – Lá se ia por água a baixo a chance de rolar qualquer coisa enquanto acompanhava Kylie até em casa.
— Vô nessa, então! Boa noite! – Jean lhe deu um beijo no rosto e virou pra ir embora.
É, filhão, esse negócio de ser educado demais dá certo não! Tu é mole demais. A mina deu maior moral e cê ainda bobeou, vacilão mesmo, hein!?
Aprende! Quando a mina pede pra ser levada em casa é porque, no mínimo ela quer um beijo! Agora perdeu, playboy!
Jean se afastou com raiva de si mesmo.
— Espera! – Kylie lhe segurou o braço, fazendo-o ficar imóvel.
Ou será que nem tudo tá perdido?
— Quero te dar algo…
Algo? – Não sei você, mas maior empolgação ouvir isso.
— Sim! – O sorriso dela pareceu ter algo a mais que só simpatia.
Háaa, moleque! Parece que alguém vai se dar bem ainda hoje! É como dizem, a noite é uma criança e talvez ela possa ser levada suficiente pra te deixar contente.
Jean ficou logo feliz ao se dar conta de que ainda tinha, sim, maior chance.
— Um presente por cê ter sido fofo.
Fofo? Ihhh… essa nunca significa algo bom, a não ser que te vê como um dos miguxos especiais dela!
— Ah… – Acho que nem é preciso dizer o quanto a gente ficou decepcionado. – Precisa não, Kylie… – Ela o silenciou pondo o dedo em seus lábios.
— Mas quero! Não seja mal-agradecido!
— Tá, né!?
— Abre a mão e feche os olhos.
Jean obedeceu – se não tinha conseguido ficar com Kylie, pelo menos ia ter alguma recordação e ela o tinha achado fofo, fosse lá o que isso queria dizer.
Se já tava meio escuro, ao fechar os olhos, o negrume aumentou até os contornos em volta de sumir, perdendo as formas. Ao mesmo tempo que era coberto pela escuridão, os sentidos ficaram mais apurados.
Foi aí que um perfume meio adocicado e inebriante, bem marcante, o envolveu, só que aquele não era o cheiro de Kylie – que ele conhecia bem. Jean puxou pela memória, pois ficou com impressão de já ter sentido aquela fragrância antes, mas não conseguiu recordar, foi quando um calor começou ao sentir Kylie puxar-lhe a mão, colocando-a em volta da cintura, então seus lábios se encontraram.
A boca de Kylie abriu, permitindo a entrada da língua sedenta e macia dele, os corpos colados deu pra Jean sentir que ela estava quente e junto ao seu, conforme eles se moviam, a temperatura ferveu.
Um tremor o tomou, fazendo o coração disparar, o aumento da pressão sanguínea enrubesceu a pele, a respiração acelerou e o nariz esquentou, enquanto um imenso bem-estar causado espalhava por causa da dopamina e da serotonina. O beijo que no começo era doce foi ficando ácido devido à adrenalina que disparou.
Poucas sensações se comparam ao prazer proporcionado pelo beijo, ele é capaz de fazer almas se encontrar, onde uma toca a outra no momento em que ambos expelem o ar quente do êxtase e as línguas provam o sabor um do outro.
Misturando velhas impressões a novas sensações, aquilo resultou em descobertas prazerosas, Jean sentiu que o beijo o fez desaparecer numa nuvem e saiu flutuando, enquanto sentia arrepios.
Jean viu que nem precisava tanta preocupação, vendo tuto de como beijar, na prática, a coisa era menos complicada e mais prazerosa – afinal, não existe certo ou errado no beijo, apenas maior ou menor intensidade na entrega.
Naquele instante o tempo se tornou desnecessário, té porque não dava pra medir a duração de um beijo tão profundo. Ele sentiu ter deixado o eixo de rotação da Terra, passando a orbitar ao redor de Kylie.
Enquanto cronos se desfazia, feito areia soprada ao vento, kairós se estabelecia, o tempo que durou o beijo não foi medido por batidas do relógio, mas pelo palpitar dos corações que ritmavam em sintonia e, sem, se quer, precisar parar pra respirar, os dois continuaram. Sentindo que estava se empolgando demais, Jean afastou um pouco o corpo, foi aí que maior temporal caiu sobre eles, os separando, só depois de estar encharcados é que o trovão soou.
Ofegantes, os dois correram pra varanda da casa de Kylie, apesar do susto, acharam tudo muito engraçado. Ao olhar pro ponto, Jean notou que havia uma árvore cheia de florzinhas brancas, então entendeu o perfume era da dama-da-noite, por isso o cheiro chegava até eles mesmo com todo aquele aguaceiro.
Mesmo despenteada e ensopada, Kylie continuava linda, Jean tirou o cabelo que lhe cobria os olhos só pra os ver brilhar através da escura noite e ela sorriu tão intensamente, de um jeito que ele tinha visto antes.
Jean desceu a mão pelo rosto dela, passando os dedos delicadamente pelo contorno daqueles macios lábios e, parando o polegar sob o lábio inferior, admirou de ter conseguido provar aquela boca tão desejada.
— Que foi, Jean? – Kylie sorrindo achando graça na atitude dele.
— Nada! Tô só contemplando essa obra de arte natural, queria tocar pra ver se isso não é apenas sonho.
— Bobo! – Ela riu e empurrou o peito dele. – Cê é mesmo louquinho! – Então se aproximou até seus corpos, encharcados, colar. – Cê conseguiu me conquistar. – E colocando nos ouvidos dele. – Agora sou toda sua.
Talvez fosse o temporal ou a adrenalina correndo solta nas veias, mas aquele beijo foi ainda mais intenso, foi aí que um trovão ressoou ainda mais forte e mesmo que Kylie não quisesse parar, Jean acabou se afastando.
— Não queria te largar, mas tenho que ir, Kylie!
— Precisa mesmo? – Seus olhos pidões fizeram o coração dele derreter feito neve no verão, chovendo dentro de Jen.
— Sim! Meus pais tão de viagem e a Yakut tá só, esses trovão deixa ela estressada.
— Gosto das Yakut ela é uma graça!
— É um abuso, isso sim! – Jean riu.
— Mas fica, vai ter bolo!
— Dependendo do bolo, posso té ficar! – Ele sorriu com segundas intenções.
— Bobo! – Ela não resistiu a graça. – Mas tem bolo mesmo.
— E de que é?
— Prestígio!
— Nossa! Meu preferido! – Jean chega lambeu os beiços.
— CA-BRUUUUMMMM! – O trovão ficou ainda mais assustador.
— Melhor cê ir mesmo! Se fosse eu sozinha em casa já tava infartando com tanto trovão, quanto mais a Yakut, a bichinha deve tá doida já.
Ele agarrou a cintura dela pra dar um último beijo, mas tava tão bom que quase não consegue mais largá-la.
— Jean, cê precisa ir! – Ela sorriu pela avidez dele.
— Por que mesmo? – Aproveitando que Kylie tinha virado de lado pra falar, ele começou a beijar o pescoço dela.
— A Yakut precisa de você! Já esqueceu, louquinho!?
— Verdade! – Ele sorriu, cheio de manha. – É que não dá vontade de te largar.
— Também não queria te deixar ir, mas a Yakut deve tá no maior desespero.
— Tá bem! – Se dando por vencido, Jean a soltou.
Então deu só mais um selinho, se despediu e correu, chuva adentro. Ao olhar pra atrás, Kylie tava encostada na pilastra frente a porta da entrada, então ela lhe soprou um beijo.
#proximoepisodio
A partir da próxima semana inicia uma nova fase da minissérie, um pouco mais obscura, mais tensa e de arrepiar os cabelos – é bom cê tá preparado porque serão três episódios de thriller pra ficar sem fôlego!
Se Jean tava molhado, chegou em casa pigando mais que a chuva lá fora e ele quase enfarta ao abrir a porta, mas aquele ia ser um dos menos sustos naquela noite escura, que não parava de chover. Alguns telefones estranhos só tornaram o clima ainda mais macabro, ainda mais porque parecia vir do orelhão da esquina da casa dele.
E quem era aquele cara estranho usando o telefone no meio do maior temporal? Em qualquer outro dia isso já era estranho, mas naquele clima aquilo só ficou mais assustador.
Ósculos e amplexos,
Autor de Interrompido – A curva no vale da sombra da morte, é um cara apaixonado total por música, se deixar não faz nada sem uma boa trilha sonora. Bota em suas histórias um pouco de seus amores e do que sua visão inversível o permite enxergar da vida.