Poesificando: Na sedução das trevas o escuro brilhou
Matt Sirr/ Unsplash

Na sedução das trevas o escuro brilhou

Você diz que as trevas não brilham,
Como ingenuamente enganado em seu querer estás!
Suas suposições refletem apenas aquilo que esperas,
Mas não há verdade alguma em teu desejar.
Mentiras desfeitas como negras nuvens
Naquele dia que a chuva afastou pra longe de ti.

Quem concedeu-lhe sabedoria pra tal sentença proferir?
Na soberba de teu coração é que ousantes dizer,
Há sim, verdade que te falta buscar.
Supões apenas aquilo que lhe incutido foi,
Meias verdades redigidas em tipografias floreadas,
Servindo de sepultura pra sua interpretação,
Teorias que não contém rastro algum de vida.

Lamaçal das trevas
Krystian Piątek/ Unsplash

Queria não me ter lançado no lamaçal,
Nadado tão fundo, direção ao redemoinho.
Às vezes me pego a pensar, e como faço isso,
Não mais volta haver.

Tento olhar pro alto,
Através de densas trevas, já não vejo a Luz,
Apenas o turvo brilhar da escuridão,
Sombreado com contornos de dor,
Essa opaca luz impede ver o Sol brilhar.
Sentido há de aqui permanecer?

Dor maior que o peito possa aguentar,
Escapa, transparente, olhos afora, cortante, lancinante,
Espada de dois gumes dilacerando a alma,
Escorre entre os dedos transformando-se em palavras.

Forçando os olhos, posso enxergar
Ainda ali, não tão distante,
Cova, gravada com nome e sobrenome,
Feita pelas mesmas mãos que tais palavras dilui
Ela se mostra tão confortavelmente convidativa.

Na sedução voraz
Jaroslav Devia/ Unsplash

A sedução das trevas é voraz,
Ofuscante beleza, das profundezas o cegar.
Quem a viu tomado foi,
O terceiro grau queimastes sob incendiária luz.

Não foi por querer que aqui cheguei,
Mas trago por escolhas mal feitas.
Vida procrastinada, imenso rascunho
Que se revela sem direito a final feliz.

Feliz de que final? De que final és feliz?
Vida de rabiscados dias corridos,
Esquecendo que o espetáculo se desvela ao amanhecer.
Oportunidade não há em reescrever
Ou se vive, ou há tempos se esteve morto.


#papolivre

Sabe aqueles dias em que você se encontra na bad e se dá conta de que a vida está uma grande droga? Foi num momento desses que esse poema me escapou.

Após filosofar bastante com um amigo no MSN Messenger – pra você ver que isso faz uns bons anos já – entre conversas costuradas com doses de pessimismo – de minha parte – e uns bons conselhos – da parte dele – comecei as escrever um pouco de tudo que estava sentindo naquele momento e isso me ajudou a enxergar tudo com uma clareza maior.

Ósculos e amplexos,

Mishael Mendes Assinatura
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